Ibovespa sobe 0,60%, aos 98,6 mil pontos, e perde 1,15% na semana; Via (VIIA3) cai 4% no dia
O Ibovespa hoje fechou a sexta-feira (24) em alta de 0,60%, aos 98.672,26 pontos, após oscilar entre 98.031,10 e 99.312,74 pontos. Na semana, índice cai 1,15%. O volume financeiro foi de R$ 22,1 bilhões, abaixo da média.
A timidez do Ibovespa ao final de uma semana na qual não conseguiu retomar, em fechamento, a linha dos 100 mil pontos, cedida na sexta-feira anterior, mostra que a aversão ao risco fiscal doméstico tem descolado a B3 mesmo em dias, como hoje, de respiro para os mercados no exterior.
Em junho, a retração do índice chega a 11,39%, colocando as perdas do ano a 5,87%. O mês tem se mostrado ainda mais cruel para o índice Bovespa do que para as referências de Estados Unidos, Europa e Ásia.
Hoje, o desempenho dos ativos domésticos mais uma vez destoou da relativa recuperação de apetite por risco no exterior. Apesar de a desaceleração econômica e mesmo o risco de recessão nos Estados Unidos continuarem a ser ponderados pelos investidores, prevaleceu na semana a busca por descontos.
Aqui, por outro lado, o risco fiscal é reforçado pela expectativa de aumento do Auxílio Brasil, de concessão de voucher aos caminhoneiros e de reforço do Vale Gás, ante a resiliência da inflação e a necessidade de o governo dobrar a aposta para chegar competitivo às urnas em outubro.
“Fiscal é o bandido da história, e é um problema nosso. O barulho acaba indo para o preço dos ativos, com o governo empurrando o teto sempre mais para cima, e sem que a inflação dê respiro. Estão colocando gasolina no fogo. O resultado são mais juros e Bolsa pra baixo, com câmbio acima de R$ 5,20 (agora a R$ 5,25, no fechamento de hoje)”, diz César Mikail, gestor de renda variável da Western Asset, observando que a perspectiva para o fiscal se torna complicada na medida em que o fogo emana tanto do governo como da oposição, na disputa eleitoral que se avizinha.
Mikail destaca que mesmo o acúmulo de descontos na Bolsa – com P/E a 8,5 vezes, em níveis de 2008, 2009 – não tem sido o suficiente para despertar o apetite por compras, com fluxo reduzido e cautela na exposição a risco também lá fora, em meio ao processo de elevação dos custos de crédito nas maiores economias. O início em breve da temporada de férias no hemisfério norte tende a piorar a situação, favorecendo a volatilidade e a concentração, aqui, nas questões domésticas, com o relativo esvaziamento da agenda externa.
No exterior, a dúvida continua a ser se haverá apenas desaceleração econômica em meio à elevação de juros ou se o grau de ajuste necessário ao controle da inflação não permitirá que o Federal Reserve maneje a desejada aterrissagem suave, impedindo a recessão. “Como disse o (economista americano) Lawrence Summers, elevar juros com inflação já muito alta é como mexer no chuveiro: fica mais difícil evitar os extremos, de queimar ou gelar as costas”, diz o gestor da Western Asset.
Na agenda doméstica, o senador Fernando Bezerra (MDB-PE) anunciou hoje que o impacto fiscal total da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Combustíveis deve atingir R$ 34,8 bilhões de crédito extraordinário, fora do teto de gastos, e não os R$ 29,6 bilhões previstos anteriormente. Relator da proposta, Bezerra pretende apresentar o texto na próxima segunda-feira, 27.
Divulgado nesta manhã, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) de junho mostrou composição negativa, com inflação acima do esperado nos serviços e na média dos núcleos, avalia o Goldman Sachs. Após desacelerar de 12,20% nos 12 meses até maio para 12,04% agora, a inflação deve permanecer acima de 10% nesta base até outubro e superar o nível de 8% até março de 2023, avalia o banco, em relatório.
“O IPCA-15 de junho ficou em 0,69%, ante expectativa do mercado de 0,65%, com desaceleração em transportes menor do que se esperava. Quando se vê a abertura, o núcleo ainda está em patamar elevado, a 0,89% na média dos núcleos, e o índice de difusão em 68,9%. Houve desaceleração nesses indicadores ante últimas leituras, mas mostram composição da inflação bastante desfavorável”, diz Eduarda Korzenowski, economista da Somma Investimentos.
Ela antecipa “impactos limitados” nas iniciativas sobre combustíveis, considerando os reajustes já concedidos nos preços da gasolina e do diesel, e considera que, no quadro mais amplo, o balanço assimétrico de riscos está inclinado para cima: algum efeito favorável sobre a inflação no curto prazo, mas que “isso se transfira em inflação mais alta para o próximo ano”.
Bolsas de Nova York
O mercado acionário de Nova York registrou ganhos fortes, nesta sexta. Indicadores modestos mostram quadro de perda de fôlego na economia dos Estados Unidos, mas investidores também ponderam que isso poderá fazer o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) reduzir o ritmo do aperto monetário adiante.
- Dow Jones teve alta de 2,69%, em 31.503,71 pontos;
- S&P 500 avançou 3,07%, a 3.912,15 pontos;
- Nasdaq subiu 3,34%, a 11.607,62 pontos.
Na comparação semanal, o índice Dow Jones registrou alta de 5,39%, o S&P 500 subiu 6,45% e o Nasdaq, 7,49%.
O dólar à vista fecha em alta de 0,44%, a R$ 5,2527, depois de oscilar entre R$ 5,2055 e R$ 5,2760. Na semana, moeda sobe 2,11%
O petróleo Brent para setembro subiu 2,48%, a US$ 109,10 por barril, na ICE. Na semana, cai 1,2%. Já o barril de petróleo WTI para agosto sobe 3,21%, a US$ 107,62 o barril, na Nymex. Na semana, recua 0,34%.
O ouro fechou próximo à estabilidade nesta sexta-feira, com leve ganho que fez a commodity retornar ao patamar de US$ 1,83 no mercado futuro. À medida que bancos centrais, especialmente o Federal Reserve (Fed), consolidam os próximos passos do aperto monetário, investidores aguardam por novas leituras de inflação que podem alterar a rota das entidades.
Na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), o ouro com entrega prevista para agosto avançou 0,03%, a US$ 1.830,30 por onça-troy. Na semana, o metal acumulou baixa de 0,56%.
No Ibovespa hoje, os papéis das companhias aéreas, petrolíferas e siderúrgicas foram alguns dos segmentos que se destacaram ente as maiores altas no pregão.
Gol (GOLL4) liderou o ranking, com +6,71% e Azul (AZUL4) subiu 4,69%. PetroRio (PRIO3) ganhou 5,18% e 3R Petroleum (RRRP3) valorizou 4,24%. CSN (CSNA3) teve alta de 5,18%, Gerdau (GGBR4) registrou +3,95% e Gerdau Metalúrgica (GOAU4), +3,62%.
Vale (VALE3) subiu 2,78% e Petrobras (PETR3, PETR4), na contramão dos pares, caiu 0,65% e 0,76%, devido a análise da indicação do novo presidente da estatal.
Grandes bancos cederam em bloco: Itaú (ITUB4) perdeu 0,17%, Santander (SANB11), -0,31%, Bradesco (BBDC3, BBDC4) caiu 0,13% e 0,83%, respectivamente, e Banco do Brasil (BBAS3) teve queda de 0,58%.
Petz (PETZ3) registrou a maior desvalorização da sessão, com -5,54%, seguida por Grupo Soma (SOMA3), que desvalorizou 4,87% e Via (VIIA3), que perdeu 4,22%. Outros destaques na lista negativa foram Magazine Luiza (MGLU3), que caiu 3,14% e Lojas Renner (LREN3), que baixou 2,94%.
Maiores altas do Ibovespa:
- Gol (GOLL4): +6,71% // R$ 10,50
- PetroRio (PRIO3): +5,18% // R$ 21,53
- CSN (CSNA3): +5,18% // R$ 16,46
- Suzano (SUZB3): +4,87% // R$ 47,85
- Azul (AZUL4): +4,69% // R$ 14,06
Maiores baixas do Ibovespa:
- Petz (PETZ3): -5,54% // R$ 10,75
- Grupo Soma (SOMA3): -4,87% // R$ 9,77
- Via (VIIA3): -4,22% // R$ 2,27
- CVC (CVCB3): -4,17% // R$ 8,51
- Qualicorp (QUAL3): -3,40% // R$ 13,05
Outras notícias que movimentaram o Ibovespa
- CVC (CVCB3) fixa ação em R$ 7,70 e oferta de ações movimenta R$ 402,8 milhões
- PEC dos Combustíveis: impacto fiscal da proposta deve chegar a R$ 34,8 bi, diz senador
CVC (CVCB3) fixa ação em R$ 7,70 e oferta de ações movimenta R$ 402,8 milhões
A CVC (CVCB3) fixou em R$ 7,70 o preço da ação no âmbito da oferta pública restrita de distribuição primária. A operação movimentou R$ 402,806 milhões.
Segundo informações da ata do conselho de administração da CVC, do total movimentado, R$ 42.294.656,25 serão destinados ao capital social e R$ 360.511.593,75 destinados à reserva de capital.
O Preço por Ação da CVC foi fixado após a conclusão do procedimento de coleta de intenções de investimento pelos coordenadores da Oferta junto a investidores institucionais.
O colegiado também aprovou o aumento do capital social da companhia, dentro do limite do seu capital autorizado, no montante de R$ 42.294.656,25, o qual passará de R$ 1.371.723.418,25 para R$ 1.414.018.074,50, mediante a emissão de 52.312.500 de novas ações, que serão objeto da Oferta, passando o capital social da companhia de 224.934.809 ações para 277.247.309 ações.
A CVC pretende utilizar os R$ 402,806 milhões levantados com a oferta de ações restrita como reforço do capital de giro para desenvolvimento de sua estratégia de crescimento; e pagamento de parte do saldo devedor em aberto de debêntures de emissão da companhia.
Em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a empresa destaca que a destinação dos recursos da Oferta Restrita será influenciada pelas condições futuras dos mercados em que a Companhia atua, bem como pelas oportunidades de investimento identificadas, além de outros fatores que não se pode identificar neste momento.
Os coordenadores da oferta foram Citigroup Global e o Bank of America Merrill Lynch.
Em março deste ano, o CEO da CVC, Leonel Andrade, afirmou que a empresa estava em seu melhor momento desde o início da pandemia, em março de 2020. O executivo destacou que todos os setores da empresa apresentam melhorias: governança, controle dos negócios, gestão de pessoas, relação com investidores e acionistas.
PEC dos Combustíveis: impacto fiscal da proposta deve chegar a R$ 34,8 bi, diz senador
O senador Fernando Bezerra (MDB-PE) anunciou nesta sexta-feira, 24, que o impacto fiscal total da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Combustíveis deve atingir R$ 34,8 bilhões de crédito extraordinário, fora do teto de gastos, e não os R$ 29,6 bilhões previstos anteriormente. Relator da proposta, Bezerra pretende apresentar o texto na próxima segunda-feira, 27.
A PEC, apresentada pelo governo para compensar a perda de arrecadação dos Estados que zerassem o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre o diesel e o gás de cozinha até dezembro deste ano, vai agora destinar os recursos para turbinar benefícios sociais em ano eleitoral.
Bezerra confirmou que o pacote vai incluir uma bolsa-caminhoneiro, de R$ 1 mil mensais, e aumento no vale-gás a famílias de baixa renda – hoje, de R$ 53 a cada dois meses. Os benefícios só valem, se aprovados, até o fim deste ano. Para isso, “deve ficar de fora a compensação do ICMS sobre diesel e não deve ser zerado ICMS sobre gás de cozinha”, confirmou o relator.
A expectativa, segundo Bezerra, é de que a ampliação do auxílio-gás gire em torno de R$ 1,5 bilhão. A intenção é garantir um botijão a cada dois meses para as famílias beneficiadas.
A concessão do bolsa-caminheiro deve custar R$ 5,4 bilhões e atender, aproximadamente, 900 mil beneficiários. Taxistas e motoristas de aplicativos, de acordo com o relator, não devem ser incluídos na proposta.
“Auxílio ao transporte de carga é prioridade”, reforçou Bezerra. Os caminhoneiros vinham ameaçando a realização de greve diante dos seguidos reajustes nos preços do diesel. A sinalização à categoria é vista como fundamental para o projeto de reeleição do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL).
Desempenho dos principais índices
Além do Ibovespa, confira o fechamento dos principais índices da bolsa hoje:
- Ibovespa hoje: +0,60%
- IFIX hoje: -0,01%
- IBRX hoje: +0,64%
- SMLL hoje: -0,06%
- IDIV hoje: +0,28%
Cotação do Ibovespa nesta quinta (23)
O Ibovespa fechou o pregão da última quinta-feira (23) em queda de 1,45% aos 98.080,34 pontos.
(Com informações do Estadão Conteúdo)