Ibovespa despenca 2,90% e perde os 100 mil pontos; Petrobras (PETR4) cai 6%

Ibovespa hoje encerrou o pregão desta sexta-feira (17) em forte queda de 2,90%, abaixo dos 100 mil pontos (99.824,94), nível não visto desde o começo de novembro de 2020, o primeiro ano da pandemia.

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Na mínima intradia, aos 98.401.73 pontos, desceu ao mais baixo patamar desde 5 de novembro do mesmo ano, então aos 97.872,27. A de hoje foi a maior queda em porcentual desde 26 de novembro passado (-3,39%) e, na semana, o recuo foi o mais acentuado desde outubro. Em sessão com vencimento de opções sobre ações, o giro de hoje foi a R$ 43,1 bilhões.

A perda da linha psicológica dos 100 mil pontos, um suporte que vinha sendo acompanhado de perto pelo mercado, colocou a retração acumulada pelo Ibovespa na semana a 5,36%, superando a queda de 5,06% vista na anterior – foi o terceiro desempenho semanal negativo seguido, em intervalo iniciado com leve ajuste de -0,75%.

Em junho, o recuo do índice chega agora a 10,35%, superando a correção de 10,10% em abril, que havia sido o pior desempenho mensal desde o mergulho de 29,90% em março de 2020, no auge da aversão a risco relacionada à pandemia. No ano, a referência da B3 cede 4,77%.

Cenário externo

A quinta-feira bem negativa nos mercados da Europa e dos Estados Unidos já seria o suficiente para o Ibovespa buscar alinhamento ao dia anterior neste retorno de feriado combinado à véspera de fim de semana.

Outro feriado vem no início da próxima semana: a segunda-feira nos EUA, em celebração ao encerramento definitivo da escravidão no país, em 19 de junho de 1865, após a Guerra Civil, não tem bolsa por lá. Sancionada como feriado pelo presidente Joe Biden, a data, conhecida como “Juneteenth”, marca o momento em que se soube no Texas que todos estavam livres, ocasião que é celebrada pelos afro-americanos no país desde o fim do século 19, de acordo com relato do The New York Times.

Situação com a Petrobras

Além do cenário externo de hoje, os investidores precisaram processar o aumento de combustíveis, encaminhado ao longo do feriado desta quinta e anunciado hoje pela Petrobras. A iniciativa foi recebida pelo governo como afronta do presidente da estatal, José Mauro Coelho, ainda à espera de efetivação da troca de comando na empresa.

O novo ajuste de preços vem no momento em que o Planalto pretendia capitalizar o teto do ICMS sobre combustíveis como linha auxiliar no controle da inflação, em tentativa, também, de reconquistar popularidade rumo à eleição.

“Os mercados globais seguem precificando o cenário de elevação nas taxas de juros e de aversão a risco. O Ibovespa trabalhou em forte queda desde a abertura, com poucas ações conseguindo operar em alta na sessão”, em dia também desfavorável para o petróleo e o minério de ferro, observa Leandro De Checchi, analista da Clear Corretora.

A Selic a 13,25% ao ano, após o aumento de 0,50 ponto porcentual confirmado na noite da última quarta-feira, combinada à efetivação de aumentos nas taxas de juros de referência nos Estados Unidos e no Reino Unido, por si, já favoreciam a cautela dos investidores e o apetite pela renda fixa. O mal-estar quanto à extensão, ainda incerta, da elevação dos custos de crédito ao redor do mundo – em cenário, por um lado, de inflação ainda pressionada e, por outro, de dúvida quanto ao fôlego da retomada econômica – acende o sinal de que, ao fim, o que se colherá é a recessão;

“O mercado viu o reajuste dos combustíveis como insuficiente porque a defasagem, para o preço internacional, já estava muito grande. O mercado viu como pouco reajuste, o que explica parte da queda – a outra é a aversão a risco, como um todo, que pegou hoje o petróleo também. O reajuste pesou, mas há um ambiente difícil para ações também lá fora”, diz Wagner Varejão, especialista da Valor Investimentos. Ele acrescenta que a percepção dos investidores sobre a tensão entre governo e Petrobras é ruim.

“O mercado vê com maus olhos tantas trocas de presidente (na Petrobras), em claras tentativas de mexer na política de preços da empresa. O que tem ajudado um pouco é que o governo enfrenta extrema dificuldade de fazer isso (interferir no comando para tentar influenciar os preços) – o que mostra que a governança da companhia melhorou muito”, conclui Varejão.

Bolsas de Nova York

As bolsas de Nova York fecharam mistas e acumularam fortes perdas semanais. O mercado acionário em Wall Street teve certo alívio hoje após o agressivo aperto monetário do Federal Reserve (Fed) e temores por recessão nos EUA levarem os índices aos níveis registrados no fim de 2020. A recuperação parcial foi concentrada no setor de tecnologia, mais descontado, enquanto petroleiras tiveram forte baixa e ajudaram a conter o ímpeto das bolsas. A situação das bolsas melhorou após o pico de estresse com as declarações do Fed boy Neel Kashkari, de Minneapolis, notório representante dovish, que admitiu apoiar um novo aumento de 75 pb para o juro na reunião do Fomc de julho. Os retornos dos Treasuries também avançaram.

  • Dow Jones caiu queda de 0,13%, aos 29.888,78 pontos;
  • S&P 500 subiu 0,22%, aos 3.674,84 pontos;
  • Nasdaq avançou 1,43%, aos 10.798,35 pontos.

O Dow Jones acumulou baixa semanal de 4,79%, já o S&P 500 caiu 5,79% na semana e Nasdaq, -4,78%.

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dólar à vista fechou em alta de 2,35%, a R$ 5,1443, negociado entre a máxima de R$ 5,1498 e a mínima de R$ 5,1063.

O petróleo fechou em queda robusta, em torno de 6%. Temores quanto à economia global em meio ao processo de aperto monetário em nações desenvolvidas impulsionaram as perdas do óleo. Comentários de dirigentes do Federal Reserve (Fed) ainda ajudaram o dólar no confronto com rivais, o que ajudou a reduzir mais a demanda pela commodity energética, que encareceu com o movimento no câmbio.

Além disso, operadores atentaram a sinais positivos sobre a produção da Rússia, apesar das sanções da UE contra o país, e da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), em meio à pressão dos EUA.

Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o barril do petróleo WTI para agosto recuou 6,30% hoje (US$ 7,26) e 8,54% na semana, a US$ 107,99, enquanto o do Brent para o mês tombou 5,58% (US$ 6,69) nesta sexta-feira e 7,29% no acumulado semanal, a US$ 113,12.

O ouro fechou em queda nesta sexta, e encerrou a semana com perda de quase 2%, diante de altas dos juros dos Treasuries e do dólar no exterior, após dirigentes do Federal Reserve (Fed) sinalizarem por mais aperto monetário forte nos EUA.

Na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), o ouro com entrega prevista para agosto recuou 0,50% hoje e acumulou perdas de 1,86% na semana, a US$ 1.840,60 por onça-troy.

No Ibovespa hoje, com a forte queda do petróleo e a reação do mercado sobre o anúncio de reajuste dos combustíveis, a Petrobras (PETR3, PETR4) perdeu 7,25% e 6,09%, respectivamente.

Mais papéis de empresas atreladas à commodity se destacaram entre as maiores quedas do dia. Na liderança da lista, 3R Petroleum (RRRP3) caiu 9,15%, seguida por PetroRio (PRIO3), que desvalorizou 8,79%. Ainda figurou no ranking negativo Braskem (BRKM5), que baixou 7,64%.

Também sob influência da queda de 5,76% do minério de ferro em Qingdao, Gerdau Metalúrgica (GOAU4) cedeu 8,51%, e Gerdau (GGBR4) perdeu 7,89%

A Vale (VALE3) recuou forte: 5,22%.

Entre os grandes bancos, apenas Banco do Brasil (BBAS3) ficou no azul, subindo 0,23%. Bradesco (BBDC3, BBDC4) caiu 1,60% e 1,55%, respectivamente. Santander (SANB11) teve queda de 1,35% e Itaú (ITUB4), -1,26%.

Na ponta positiva, a ação mais valorizada CVC (CVCB3), avançando 11,19%. Em seguida, Qualicorp (QUAL3) teve elevação de 4,56% e Alpargata (ALPA4) ganhou 4,10%. Elétricas também se destacaram no campo positivo, com Energisa (ENGI11) subindo 3,25%, Eneva (ENEV3) com alta de 2,54%, e Eletrobras (ELET6) com +2,37%, e CPFL Energia (CPFE3), com +1,28%.

Maiores altas do Ibovespa:

Maiores baixas do Ibovespa:

Outras notícias que movimentaram o Ibovespa

  • Petrobras (PETR4) anuncia alta de 5,2% na gasolina e 14,2% no diesel; ações despencam mais de 7%
  • Lira diz que CEO da Petrobras (PETR4) ‘massacra governo’ e sugere dobrar taxação de lucros

Petrobras (PETR4) anuncia alta de 5,2% na gasolina e 14,2% no diesel; ações despencam mais de 7%

Depois de 99 dias de congelamento dos preços, a Petrobras (PETR4) anunciou nesta sexta-feira (17) que o valor da gasolina terá reajuste de 5,2%. O diesel, que estava há 39 dias sem mudança no preço, vai ser elevado 14,2%. Os preços valem a partir deste sábado (18).

A gasolina passa a custar R$ 4,06 o litro nas refinarias da estatal, e o diesel, R$ 5,61 o litro.

O reajuste é decorrente da defasagem em relação ao preços no mercado internacional, seguindo a alta do petróleo e refletindo maior demanda e o fechamento de refinarias em meio à guerra no leste europeu.

Em reunião feita ontem, o conselho de administração da Petrobras autorizou os dirigentes da estatal a aplicarem reajustes.

De acordo com a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), para alinhar o preço interno com o praticado no Golfo do México, de onde sai a maioria das cargas, o aumento deveria ser de R$ 0,57 para a gasolina e R$ 1,37 para o diesel, diante de defasagens de 13% e 21%,respectivamente.

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Lira diz que CEO da Petrobras (PETR4) ‘massacra governo’ e sugere dobrar taxação de lucros

Após a Petrobras (PETR4) anunciar um novo reajuste de preço nos combustíveis, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), não economizou críticas à cúpula da estatal – especialmente ao CEO da companhia, José Mauro Coelho. Lira afirmou que a alta da gasolina e do diesel é uma retaliação do presidente da estatal ao governo, que o demitiu em 24 de maio, 40 dias após assumir o comando da petroleira.

Segundo Lira, o reajuste ocorreu porque o presidente da Petrobras, Mauro Coelho, continua à frente da companhia.

Caio Mario Paes de Andrade já foi indicado pelo governo para substituí-lo, mas ainda não tomou posse como presidente da estatal. A troca precisa seguir as regras de governança e compliance da empresaCoelho está desde abril no comando da empresa.

“Estamos perplexos. O presidente da Petrobras, como retaliação pelo seu desligamento – não tenho dúvida disso -, aprovou o reajuste dos combustíveis numa reunião convocada pela companhia às pressas em pleno feriado. Está demitido pelo acionista majoritário, que é o Brasil. Ele já poderia ter entregado seu cargo. Está postergando sua saída como forma de talvez massacrar pela sua demissão”, disse Lira em entrevista à GloboNews.

“Isso está fazendo mal não só a ele, mas ao Brasil e à economia brasileira“, acrescentou.

Lira voltou a dizer que reunirá com líderes no Congresso para discutir a política de preços da Petrobras e tentar reverter o lucro da estatal para a população.

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Desempenho dos principais índices

Além do Ibovespa, confira o fechamento dos principais índices da bolsa hoje:

  • Ibovespa hoje: -2,90%
  • IFIX hoje: -0,08%
  • IBRX hoje: -3,04%
  • SMLL hoje: -1,61%
  • IDIV hoje: -1,60%

Cotação do Ibovespa nesta quarta (15)

Ibovespa fechou o pregão da última quarta-feira (15) em alta de 0,73% aos 102.806,82 pontos.

(Com informações do Estadão Conteúdo)

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Victória Anhesini

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