Forever 21 faz liquidação de 50% e fechará todas as lojas até domingo

A rede de loja de roupas fast-fashion americana Forever 21 irá encerrar as suas operações no Brasil já nesta semana. A empresa, que está no Brasil desde 2014, se prepara para fechar todas as suas unidades até o domingo (19).

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Perto de fechar, a Forever 21 anunciou nas redes sociais uma liquidação com tudo pela metade do preço.

A liquidação, segundo a marca, valerá para as unidades de:

  • Bourbon (SP)
  • Guarulhos (SP)
  • Outlet Catarina (SP)
  • Catuai (PR)
  • Recife (PE)


Na loja, camisetas eram vendidas por R$ 40, e vestidos tinham mudado de preço de R$ 59 para R$ 15. Algumas regatas saem por até R$ 5.

Vale lembrar que, atualmente, a empresa está em recuperação judicial nos Estados Unidos. A companhia sofreu ao se adaptar às mudanças digitais e às de consumo.

A companhia foi ‘do céu ao inferno’ em poucos anos: tinha lojas gigantes em espaços de destaque, como a Times Square, em Nova York, e chegou a beirar presença em 50 países.

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A empresa não lidou bem com a expansão desenfreada e com as mudanças no varejo e no consumo e, assim, entrou com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos ainda em 2019.

Mesmo com mais de 800 lojas, Forever 21 foi à derrocada com o e-commerce

À época, a marca sediada em Los Angeles informou o fechamento de cerca de 350 lojas, incluindo 178 nos EUA. Contudo, a operação na América Latina foi preservada.

Atualmente, as companhias que dominam o ramo vendem em grande parte (ou na totalidade) pela internet, em plataformas como Shopee e Shein – com peças de baixa durabilidade e preço mais baixo.

Esse contexto fez com que, mesmo que com mais de 800 lojas nos EUA, Ásia, Europa e América Latina, a varejista tivesse que recorrer ao Chapter 11 – termo que denomina o processo de recuperação judicial nos EUA e permite que a empresa mantenha seus bens enquanto, simultaneamente, reestrutura suas operações.

Contudo, ainda na semana passada, o Authentic Brands Group (ABG), empresa global de desenvolvimento de marcas, anunciou a compra da Forever 21, dividindo o capital social da empresa com o fundo Brookfield Property Partners.

Na loja, camisetas eram vendidas por R$ 40. Vestidos tinham sido remarcados de R$ 59 para R$ 15. Regatas estavam até por R$ 5. “Acho ruim fechar”, afirmou Victor Antonelli, analista de risco. “São poucas as lojas como essa, com variedade e preço baixo.”

Empresa foi acusada de trabalho escravo nos EUA

Em 2012, o Ministério do Trabalho dos EUA disse ter encontrado oficinas de fornecedores da Forever 21 em condições de trabalho análogo à escravidão em Los Angeles, na Califórnia, onde fica a sede da empresa. A rede disse, porém, que esses problemas teriam sido resolvidos naquele mesmo ano. Segundo a revista Forbes, a empresa também já foi processada mais de 50 vezes por violar direitos autorais. Procurada, a Forever 21, tanto no Brasil quanto nos EUA, não respondeu à reportagem.

A professora de inglês Bettina Oliveira, que foi à liquidação e comprou um vestido de R$ 129 por R$ 75, disse que não era cliente da loja por questões como essas. “Não vou sentir falta. Além de tudo isso, a modelagem é sempre feita para pessoas muito pequenas e magras.”

Processos por inadimplência no aluguel

Quando as primeiras unidades da rede de varejo de moda Forever 21 abriram no Brasil, filas imensas de consumidores ávidos por roupas a preços baixos se formaram na entrada das lojas. Agora, oito anos depois, a marca está de saída: as araras estão quase vazias, sem produtos, e uma liquidação com tudo pela metade do preço está em andamento para queimar o estoque até dia 19, data em que as 15 unidades da empresa no País devem fechar definitivamente.

No Bourbon Shopping, em São Paulo, os consumidores foram surpreendidos. “Não sabia que ia fechar. Aí entrei, vi a liquidação e um funcionário me falou (do encerramento). Comprei mais de dez peças na semana passada e paguei menos de R$ 300, com 50% de desconto. Voltei agora para comprar mais umas camisas”, disse a advogada Luíza Maria Mello, 25 anos.

Com boa parte dos consumidores hoje é mais seletiva e não gasta mais tanto com o chamado fast fashion. E quem gosta desse tipo de moda, lembra o especialista em varejo Sandro Magaldi, prefere a internet, com plataformas como Shopee e Shein, de preços mais baixos. Além disso, existe o movimento contrário, o slow fashion, pelo qual o consumidor prefere pagar um preço maior em roupas de melhor qualidade.

Aqui, o caldo começou a entornar no ano passado, quando a Forever 21 virou alvo de ações judiciais movidas por shoppings cobrando aluguéis em atraso. Sem acordos, a empresa de moda fechou no começo de 2021 todas as 11 lojas nos shoppings da rede Multiplan (MULT3), entre elas, as dos shoppings Morumbi, Vila Olímpia e Anália Franco (São Paulo), Brasília, Ribeirão Preto (SP) e Canoas (RS). Procurada, a Multiplan não quis comentar o assunto.

Meses depois, a Justiça do Rio de Janeiro acatou pedido do shopping RioSul (administrado pela Combrascan) e deu 30 dias de prazo para que a marca deixasse o local. O despejo foi realizado. Procurado, o RioSul disse que não divulga detalhes de negociações comerciais.

Havia, pelo menos, mais dois processos por inadimplência no aluguel, movidos pelos Shopping Tijuca e o Plaza Shopping Niterói, ambos da BRMalls, que também não quis comentar o assunto. A Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) disse não ter informações sobre se esses casos foram resolvidos ou não.

Forever 21: lojas eram consideradas “âncora” em centros de compras

As lojas da Forever 21 eram consideradas “âncora” nos centros de compra em que atuavam, com áreas de mais de 1.000 m² nos empreendimentos. “Fica difícil renegociar com uma empresa quando se sabe que a matriz dela está passando por um processo de recuperação judicial”, diz o presidente da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), Nabil Sahyoun.

Segundo Sahyoun, a Forever 21 tem hoje 15 lojas no Brasil e todas devem fechar até domingo. Os funcionários da loja no shopping Bourbon, em São Paulo, confirmam a informação. A equipe de dez pessoas será demitida ainda este mês. “Estou aqui há sete anos e nunca achei que isso pudesse acontecer. A liquidação está indo bem. As prateleiras e cabides vão ser vendidas a outras empresas. Eu mesmo não sei onde vou trabalhar agora”, disse um funcionário.

(Com informações do Estadão Conteúdo)

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Eduardo Vargas

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