Eletrobras (ELET3): investidores estrangeiros querem R$ 13 bilhões em ações na privatização
Informações da Bloomberg indicam que a Eletrobras (ELET3) já tem garantia de investidores no seu processo de capitalização.
O processo de capitalização da companhia deve ocorrer ainda este ano, e um grupo de investidores estrangeiros sinalizou interesse em comprar cerca de R$ 13 bilhões em ações da Eletrobras.
A agência de notícias destaca que a transação deve ser lançada formalmente nos próximos dias, mas os bancos já começaram a entrar em contato com potenciais compradores.
As fontes pediram para não serem identificadas.
A estatal possui, atualmente, valuation de R$ 70,1 bilhões, segundo dados compilados pela plataforma Status Invest e com base na cotação das ações ELET6 e ELET3.
Com isso, o processo de capitalização tem potencial de ser uma das maiores oferta públicas de ações da história do Brasil.
É que, de acordo com o modelo já aprovado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), a privatização da Eletrobras será como um ‘follow-on’.
Isso fará com que o governo deixe de ser o controlador: passaria a ter menos do que 50% do capital votante da empresa. A expectativa é de que a União deva reduzir sua participação na estatal de mais de 60% para algo em torno de 45%.
As projeções dos analistas miram, de fato, cifras volumosas com a privatização. Na semana passada, um relatório do UBS-BB destacou a expectativa de R$ 30 bilhões a serem levantados, considerando a oferta primária e secundária de ações.
Em relatório, os analistas da Ativa Investimentos defendem que atualmente os ativos da elétrica são negociados a preços descontados – especialmente no comparativo com outras companhias privadas.
“Embora o papel já tenha evoluído desde que o seu processo de capitalização começou a ganhar forma, ainda enxergamos espaço para o investidor obter ganho de capital com a valorização das ações ordinárias da Eletrobras”, afirmam Ilan Arbetman e Tadeu Lourenço, que assinam o documento.
Além disso, o movimento destoa do contexto atual da bolsa de valores brasileira: nenhuma empresa estreou no mercado em 2022. Apesar da ‘seca de IPOs’, há uma série de ofertas de ações a fim de levantar caixa em meio ao ciclo altista de juros.
Os bancos coordenadores da oferta de ações da Eletrobras, vale lembrar, são:
- Bank of America
- BTG Pactual
- Goldman Sachs
- Itaú BBA
- XP Investimentos
- Bradesco BBI
- Caixa Econômica Federal
- Citi
- Credit Suisse
- J.P. Morgan
- Morgan Stanley
- Safra
Entenda o que mudou na privatização da Eletrobras com o aval do TCU
No dia 18 de maio, o TCU retomou o processo de julgamento da privatização da companhia e formou maioria para aprovar a continuidade do processo de privatização da companhia. O placar final do julgamento foi de 7 votos a 1 a favor da desestatização.
O Governo Federal já aguardava o desfecho do julgamento para dar prosseguimento à operação, que diluirá o controle acionário da União na Eletrobras.
A intenção da equipe econômica de Jair Bolsonaro é concluir a desestatização ainda no primeiro semestre deste ano, para evitar a proximidade com o calendário eleitoral e com as férias de verão no Hemisfério Norte, período de movimento menor de investidores na Bolsa.
Além disso, o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, fez uma ofensiva nos gabinetes de seis ministros do TCU para garantir apoio para autorização da privatização da empresa e sanar possíveis dúvidas existentes.
Conforme mostrou o Estadão, Sachsida afirmou a um ministro da Corte que, se o processo passasse, a oferta de ações deveria ocorrer em 25 de maio – um prazo mais curto do que vinha sendo indicado nas últimas semanas- e a liquidação em 9 de junho.
O TCU julgou a segunda etapa do processo de acompanhamento da privatização. A discussão se concentrou no modelo de venda, incluindo os valores das ações a serem ofertadas na bolsa de valores para que a União deixe o controle acionário da empresa.
Ainda no mês de fevereiro, os ministros já haviam aprovado uma primeira fase. A discussão envolveu os montantes a serem pagos como bônus de outorga para a União pela mudança no regime de operação das usinas da estatal. Atualmente, a empresa vende energia por preços mais baixos que os praticados no mercado. Com a mudança, a Eletrobras passa a poder vender a preço de mercado.