Fed eleva juros em 0,5 ponto percentual; Powell descarta aumento maior no curto prazo

O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), do Federal Reserve (Fed), anunciou nesta quarta (4) o aumento da taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, para o intervalo entre 0,75% e 1,00% ao ano. Foi a segunda alta das taxas do país desde 2018 e o maior aumento desde 2000. A elevação era aguardada pelo mercado. O presidente do Fed Jerome Powell descartou aperto maior na próxima reunião do comitê — com aumento de até 75 pontos-base, como dirigentes do Fed e o mercado projetavam em função do aumento de preços no país.

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A decisão do Comitê do Fed foi unânime. A escalada da inflação nos EUA foi um dos motivos que levaram o Fed a aumentar os juros. São os maiores patamares de alta de preços em 40 anos. No comunicado que acompanha a decisão o Fed explica: “O Comitê busca alcançar o máximo de emprego e inflação à taxa de 2% no longo prazo. Com o adequado fortalecimento da política monetária, o Comitê espera que a inflação volte ao seu objetivo de 2% e o mercado de trabalho continue forte.”

O Fed também decidiu elevar a taxa de juros paga sobre balanços de reserva de 0,4% a 0,9%, decisão que entra em vigor a partir da quinta-feira, 5, e a taxa de desconto de 0,50% para 1,00%. Já a taxa sobre crédito primário foi elevada em 50 pontos-base, a 1,0%.

O Fed anunciou também o início da redução do balanço patrimonial a partir de 1º de junho, a US$ 47,5 bilhões, que valerá durante os primeiros três meses: “O Comitê decidiu começar a reduzir suas participações em títulos do Tesouro e dívida de agências e títulos lastreados em hipotecas de agências em 1º de junho, conforme descrito nos Planos para Redução do Tamanho do Balanço do Federal Reserve que foram emitidos em conjunto com esta declaração.”

Fed: inflação permanece elevada, refletindo desequilíbrios de oferta e demanda

O banco central norte-americano avalia que a inflação nos Estados Unidos continua elevada, refletindo os desequilíbrios de oferta e demanda relacionados à pandemia, preços de energia mais altos e pressões de preços mais amplas, de acordo com comunicado com a decisão de política monetária do banco central: “Os ganhos de emprego foram robustos nos últimos meses e a taxa de desemprego diminuiu substancialmente. A inflação permanece elevada, refletindo desequilíbrios de oferta e demanda relacionados à pandemia, preços mais altos de energia e pressões mais amplas sobre os preços.”

A guerra na Ucrânia e os lockdowns na China também foram mencionados pelo comitê como fatores de pressão sobre a economia. Na visão dos dirigentes, a invasão da Ucrânia e os eventos relacionados estão criando uma pressão ascendente adicional sobre a inflação e provavelmente pesarão sobre a atividade econômica: “A invasão da Ucrânia pela Rússia está causando enormes dificuldades humanas e econômicas. As implicações para a economia dos EUA são altamente incertas. A invasão e os eventos relacionados estão criando uma pressão ascendente adicional sobre a inflação e provavelmente pesarão sobre a atividade econômica. Além disso, os bloqueios relacionados ao COVID na China provavelmente exacerbarão as interrupções na cadeia de suprimentos. O Comitê está altamente atento aos riscos inflacionários.

O Fed alertou que “está pronto para ajustar a política monetária caso novos riscos surjam”.

Com “firmeza adequada na postura política”, o Fed espera que a inflação retorne ao seu objetivo, de 2%, e o mercado de trabalho se mantenha forte, indica o documento.

O Fomc afirmou que, embora a atividade econômica geral tenha diminuído no primeiro trimestre, os gastos das famílias e o investimento fixo das empresas permaneceram fortes. “Os ganhos de emprego foram robustos nos últimos meses e a taxa de desemprego diminuiu substancialmente”, destaca.

O Fed afirma que está pronto para ajustar a política monetária, caso surjam riscos que possam impedir que as metas sejam atingidas.

“As avaliações do Comitê levarão em conta uma ampla gama de informações, incluindo leituras sobre saúde pública, condições do mercado de trabalho e pressões inflacionárias”, diz o texto.

Fed decide aumentar juros. Foto: Divulgação
Fed: Comitê pretende desacelerar e, em seguida, interromper o declínio no tamanho do balanço patrimonial quando os saldos das reservas estiverem um pouco acima do nível que considera consistente com reservas amplas. Foto: Divulgação

Redução do balanço patrimonial

O banco central norte-americano anunciou o início de seu aperto quantitativo (QT, na sigla em inglês) nas compras de bônus a partir do mês de junho, no dia 1º. O Fed informou que o limite para reduzir as compras líquidas de títulos atrelados a hipotecas (MBS, na sigla em inglês) será de US$ 17,5 bilhões ao mês e as de Treasuries em US$ 30 bilhões, em um total de US$ 47,5 bilhões, que valerá durante os primeiros três meses.

Após este período, o limite para a redução será de US$ 60 bilhões por mês para Treasuries e US$ 35 bilhões para MBS, em um total de US$ 95 bilhões.

Para garantir uma transição suave, o Comitê pretende desacelerar e, em seguida, interromper o declínio no tamanho do balanço patrimonial quando os saldos das reservas estiverem um pouco acima do nível que considera consistente com reservas amplas, diz o Fed.

“O Comitê está preparado para ajustar qualquer um dos detalhes de sua abordagem para reduzir o tamanho do balanço à luz dos desenvolvimentos econômicos e financeiros”, afirma o comunicado com a decisão.

“O Comitê está altamente atento aos riscos inflacionários”, afirma o comunicado.

Roberto Coutinho, gestor de fundos e fundador da Escola da Fortuna, observa: “Hoje o balanço de ativos do Banco Central americano ultrapassa os US$ 9 trilhões e a expectativa é de que haja uma dedução para o equivalente à 31% do PIB. Hoje esse saldo de ativos representa 36% do PIB. Essa venda de ativos em massa pode contribuir para pressionar ainda mais a desvalorização dos preços das ações.”

Coutinho ressalva:” No primeiro trimestre de 2022 o PIB americano recou 1,4%. Se no próximo trimestre o PIB recuar novamente, entra em recessão técnica. À medida que as empresas americanas estão liberando os resultados do primeiro trimestre, já é possível perceber que grande parte delas está apresentando forte desaceleração, bem como um descontrole nos custos operacionais causados pela alta inflação. Dessa forma, passa a ser muito perigoso se o Fed elevar a taxa de juros rápido demais no intuito de controlar a inflação, e ao mesmo tempo ter que sofrer as consequências de uma desaceleração econômica ainda mais intensa. É preciso bastante cautela com essa elevação. ”

Carlos Vaz, CEO e Fundador da Conti Capital, comenta: “Embora alguns analistas estejam prevendo que as taxas de juros se movam acima de 3% em 2023, atualmente vemos isso como improvável, dadas as múltiplas indicações de que a inflação está no seu pico ou perto de seu pico. A economia já está mostrando sinais de moderação, o que vai amenizar a demanda e os gastos dos consumidores.”

Vaz completa: “Os gargalos da cadeia de suprimentos estão começando a diminuir, o que ajudará a reduzir a pressão de preços sobre as mercadorias em escassez. A força de trabalho também continua a expandir-se, o que ajudará a diminuir o ritmo acelerado do crescimento dos salários, que alguns temem que possa se transformar em uma espiral de preços salariais.”

“Apesar de uma leitura negativa do relatório do PIB, a economia dos EUA está em uma posição muito forte, impulsionada por um consumidor exuberante e o mercado de trabalho mais apertado em uma geração”, diz ainda.

Reação dos mercados à decisão do Fed

O Fed não revelou precisamente quais seriam os próximos passos da política monetária. Isso aconteceu com a entrevista do presidente da instituição Jerome Powell – que começou às 15h30.

“Alta de 75 pb não é algo que o Comitê está considerando ativamente”, disse o presidente do Fed.

Jerome Powell começou sua coletiva de imprensa após a decisão monetária do BC com uma mensagem à população dos EUA, reconhecendo os desafios impostos pela alta inflação no país e reforçando que a entidade está se movendo para reverter a pressão sobre os preços.

Segundo Powell, os EUA passou por muitas dificuldades e, ainda assim, sua economia se manteve firme. Para que essa tendência se mantenha, é fundamental controlar a inflação, de forma a prover estabilidade econômica.

Em adição ao cenário de forte inflação, o mercado de trabalho está “extremamente apertado” e as pressões nos preços, amplas, disse Powell.

A demanda interna dos EUA também está muito forte, e os gargalos na cadeia produtiva não permite que ela seja completamente atendida, ressaltou o banqueiro central.

Powell reforçou o tom do comunicado: “A inflação está muito elevada e vamos atuar com rapidez para baixá-la. É fundamental baixar a inflação para termos estabilidade na economia. Estamos fortemente comprometidos a restaurar estabilidade dos preços.”

As bolsas reagiram de imediato de forma mista à decisão do Fed. Mas, com a declaração de Poweel de que um aumento de 75 pontos-base, não está nos planos do Fed, passaram a reagir com otimismo. O Ibovespa, que tinha aumentado perdas para a 1,28%, virou para o positivo e, às 16h18, subia 0,87%, aos 107.458 pontos.

Nas bolsas de Nova York, o Dow Jones fechou em alta de 2,82%, S&P 500 avançou 2,99% e Nasdaq ganhou 3,19%.

O dólar reverteu a tendência de alta e encerrou o dia com baixa de 1,21%, a R$ 4,9036, após oscilar entre R$ 4,8935 e R$ 5,0355.

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Powell destaca ‘boa chance’ de controlar inflação sem provocar recessão nos EUA

Segundo o presidente do Fed, Jerome Powell, o BC americano tem “boa chance” de restaurar a estabilidade de preços sem provocar uma recessão econômica e aumento do desemprego nos Estados Unidos.

Powell afirmou que não há nada que sugere, neste momento, que a maior economia do mundo enfrentará uma recessão este ano. “Muitas previsões apontam que economia dos EUA pode crescer acima de 2% em 2022”, reforçou.

Por isso, a coisa mais fundamental para o Fed é impedir que a alta inflação atual, “muito insatisfatória”, se enraíze, segundo o banqueiro-central. Em busca deste objetivo, o Fed pode até elevar o juro básico a uma taxa acima de neutra, disse.

Powell ressaltou, por exemplo, o risco que o desequilíbrio entre demanda e oferta no mercado de trabalho impõe sobre a perspectiva de preços. Segundo, toda a população americana ficará melhor se a inflação for reduzida o mais cedo possível.

Powell prevê que o caminho para controlar a inflação nos Estados Unidos será “desafiador” com “inúmeros choques históricos” recentes, como as respostas monetária e fiscal à pandemia de covid-19, guerra na Ucrânia e os novos lockdowns na China.

Antecipando um cenário complicado, o Fed pode adotar uma política monetária restritiva, afirmou o banqueiro-central. A estratégia do Fed é usar a taxa de juros como principal instrumento para o aperto das condições financeiras, com a redução do balanço de ativos em um segundo plano de importância. De acordo com Powell, é “difícil” estimar qual o ritmo adequado da redução – na decisão monetária de hoje, o BC definiu apenas os limites mensais da redução.

Segundo ele, a guerra na Ucrânia, bem como a situação da pandemia na China, pode elevar as pressões inflacionárias. O impacto do conflito no Leste Europeu sobre a economia dos EUA segue incerto, de acordo com Powell.

Entre os desafios internos, Powell destacou o mercado de trabalho desequilibrado, com salários subindo mais que o desejado, e a demanda superior à oferta. Encontrar o equilíbrio nestes dois quesitos é o que trará a inflação à meta de 2% ao ano, segundo ele.

Alta de juros de 75 pontos-base não está sendo considerada, diz Powell

Não há um problema de credibilidade em relação à percepção pública do Federal Reserve (Fed) e os mercados acreditam que o forward guidance da entidade é crível, segundo avaliou Powell.

O Fed olha para uma série de indicadores para ajustar sua política monetária, incluindo ações, e o foco da entidade é a perspectiva para o médio e longo prazos, ressaltou Powell, em coletiva de imprensa após decisão monetária.

Powell afirmou que “há ampla avaliação” entre os dirigentes do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) de que novos aumentos de 50 pontos-base à taxa básica de juro “está na mesa” para as próximas reuniões do BC americano.

Ele ainda acrescentou que subir o juro em 75 pontos-base não é algo que o Fomc está “ativamente considerando” por enquanto. Segundo ele, com as ações planejadas pelo Fed, a inflação deve baixar e a economia ter um “pouso suave”.

“Faremos todo o possível para cumprir os nossos dois mandatos”, ressaltou Powell, que ainda prometeu reação rápida a dados econômicos e mudanças de cenários.

Além da taxa básica de juro, a redução do balanço de ativos, que começará em junho, também será um instrumento importante para a condução da política monetária, disse o banqueiro central.

Juros neutros

Powell disse que não uma “linha clara” sobre quando o BC americano atingirá uma taxa neutra de juros, embora atingi-la rapidamente seja necessário em um ambiente de alta e ampla inflação.

O Fed continuará a subir a taxa dos Fed funds e observará como as condições monetários se apresentam, afirmou o dirigente, em coletiva de imprensa após a reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês).

Segundo Powell, o Fed não está confortável com o cenário inflacionário atual e quer observar as pressões sob controle e diminuindo. Por enquanto, não há evidência de que as expectativas de preços estejam se movendo, e o BC não pode permitir uma espiral inflacionária, disse.

Há, porém, limites à atuação do Fed, cujos instrumentos não afetam os preços de commodities que impactam a inflação, ressaltou o presidente do BC dos EUA. O excesso de demanda no país – incluindo no emprego – por outro lado, pode ser controlado pela entidade monetária, completou.

Alta nos juros promovida pelo Fed nos EUA é a maior em mais de 20 anos

O aumento dos juros básicos dos Estados Unidos em 0,5 ponto porcentual nesta quarta-feira, para a faixa entre 0,75% e 1,0% ao ano, é uma magnitude de alta que não ocorre desde 2000. Esse movimento acontece devido à inflação excessivamente alta nos Estados Unidos, causada em boa parte pelo aumento de preços de commodities de energia, especialmente petróleo, com a guerra na Ucrânia, e a ruptura de cadeias internacionais de produção geradas pela pandemia.

Economistas nos EUA entrevistados pelo Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) apontaram que com a escalada do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês), que atingiu 8,5% em março, na base anual, bem maior do que a meta de 2% perseguida pelo Fed, não pode ser tolerada e é preciso agir com muito rigor e rapidez contra ela.

“A postura anterior da política monetária não era apropriada e precisava ser acelerada, a fim de viabilizar a ancoragem de expectativas, movendo-se com maior agilidade para levar os juros reais à taxa neutra ainda neste ano”, disse o economista-chefe para os EUA do Deutsche Bank Matthew Luzzetti.

Desde a reunião de março, com a ascensão notável dos preços de petróleo, gás e de alimentos deflagrada pela guerra no leste europeu, dirigentes do Federal Reserve apontavam de forma crescente que os juros precisavam de aumentos extraordinários.

Presidente do Fed de St. Louis, James Bullard começou este movimento no encontro mais recente do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) quando defendeu um aumento de 0,50 ponto porcentual e foi dissidente da elevação de 0,25 ponto porcentual. Esse ato, na prática, foi um viés de alta que nas semanas posteriores tornou-se praticamente um consenso no banco central norte-americano.

Coube a Powell na reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI) de abril sacramentar o novo ciclo de altas mais forte de juros, mesmo que curto. Ele apontou que os mercados financeiros, em geral, estavam com uma leitura correta de que aceleraria o ritmo da política monetária e destacou que o aumento de 0,50 ponto porcentual “estava na mesa” entre as opções no encontro de maio do FOMC.

Não há dúvida de que o Federal Reserve já estava atrás da curva para alterar a política monetária no final de 2021, quando Powell admitiu que não seria mais adequado classificar como “temporária” a expressiva alta dos preços que vigorava desde o início do ano passado.

Houve um grande aumento da geração de empregos nos EUA com o apoio fiscal e monetário para assegurar a recuperação da economia americana após a pandemia, que levou a taxa de pessoas sem ocupação profissional a 3,6% em março.

“Hoje há quase duas vagas para quem procura trabalho no país, o que gera uma preocupação com um aumento maior da inflação causado por elevações de salários”, comentou o economista-sênior do UBS Global Wealth Management Brian Rose.

Embora poucos dados mostrem uma alta excessiva dos salários nos EUA é legítima a atenção de Powell para um mercado de trabalho que ele classificou como quente de forma não sustentável, apontou a economista-chefe para os EUA da Oxford Economics Kathy Bostjancic. “Sabemos que o Fed ficou atrás da curva na gestão da política monetária. Contudo, é correto atuar agora para conter a expansão do mercado de trabalho, que já é significativa, sob risco de elevar ainda mais as pressões de alta da inflação com elevações intensas das remunerações de trabalhadores que podem ocorrer no curto prazo.”

O aumento da velocidade de alta de juros nos EUA para 0,50 ponto porcentual intensificou os temores de que o país pode até ingressar em uma recessão em pouco mais de um ano, apesar de que nos mercados financeiros a avaliação majoritária é de que o Fed conseguirá um pouso suave da economia, mesmo com elevações mais firmes dos juros.

“Há alguns fatores que permitem uma desaceleração do nível de atividade sem levar os EUA à recessão, como uma poupança extra das famílias próxima de US$ 2 trilhões acima do que foi registrado antes da pandemia”, destacou Veronica Clark, economista do Citi em Nova York.

Mesmo com a avaliação de que o Fed subirá os juros em 0,50 ponto porcentual em quatro encontros seguidos, maio, junho, julho e setembro, com mais duas altas de 0,25 ponto porcentual em novembro e dezembro, ela destaca que a economia do país deverá crescer 3,2% neste ano, avançará 2,1% em 2023 e irá subir 1,8% em 2024.

Por outro lado, o Deutsche Bank destaca que a forte magnitude de altas de juros pelo Federal Reserve de agora até o final do ano tornou a recessão o seu cenário-base.

“Mesmo com a alta de juros em 0,50 ponto porcentual em maio, como o núcleo do índice de preços de gastos com consumo [PCE, na sigla em inglês] está ao redor de 5%, as taxas reais dos Fed Funds ainda estarão negativas em 4 pontos porcentuais”, comentou Luzzetti. “Para conter a inflação, o Fomc precisará de um aperto monetário robusto para desacelerar bem a demanda agregada.”

‘Pouso suave’ na economia é possível, mas há riscos à perspectiva, diz Yellen

Mais cedo, a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, havia afirmado que a economia do país está “muito forte”, no quadro atual. Ao mesmo tempo, disse haver “claramente riscos à perspectiva”, como a inflação elevada e a guerra da Rússia na Ucrânia e seus desdobramentos. Segundo ela, os EUA continuam a avaliar e a discutir com seus parceiros internacionais potenciais novas sanções contra a Rússia. Caso Moscou prossiga com a guerra no vizinho, “provavelmente adotaremos mais sanções”, adiantou.

Questionada sobre o recuo do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA no primeiro trimestre, Yellen argumentou que o dado principal do PIB não é o melhor indicador da economia americana neste momento. Ela destacou o fato de que os gastos dos consumidores e os investimentos das empresas “seguem muito fortes”. Além disso, ressaltou a força do mercado de trabalho atual.

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Na frente da inflação, Yellen admitiu que ela está “muito elevada” neste momento e que é necessário reduzi-la. Ressaltando a independência do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), ela notou que o BC caminha para tentar um “pouso suave” na economia enquanto contém a inflação. “É possível” que o Fed tenha sucesso, mas de fato há “riscos” à perspectiva, notou.

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A guerra russa na Ucrânia provoca uma “escalada” nos preços de commodities, o que pode ter efeitos para outras nações, sobretudo as da Europa e as em desenvolvimento, mas também nos EUA, apontou ela.

Yellen ainda comentou que, na avaliação dela, os bancos “estão muito fortes” nos EUA, neste momento.

Com informações do Estadão Conteúdo

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Marco Antônio Lopes

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