FIIs ou renda fixa: qual a melhor opção com juros e inflação nas alturas?
A prévia da inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) desta semana, mostrou que o aumento de preços no Brasil já registra 12% de alta em 12 meses. Nos próximos dias 3 e 4 de maio, o Comitê de Política Monetária (Copom) irá se reunir e já indicou uma elevação da taxa Selic, taxa básica de juros do Brasil, para 12,75%. Com juros e inflação em dois dígitos, muitos investidores se questionam: é melhor investir em renda fixa ou fundos imobiliários (FIIs)?
Segundo Marcos Corrêa, especialista em FIIs da Suno Research, essa não é uma comparação justa, visto que se tratam de ativos financeiros de natureza diferentes: renda fixa é renda fixa, afinal, e fundos imobiliários são renda variável.
“Dá para ter tudo na carteira. Muitas carteiras podem ter ambos, inclusive. Fundos imobiliários e renda fixa cumprem papéis diferentes em uma carteira de investimentos. Para escolher entre um e outro, depende do objetivo e perfil de cada investidor”, diz o especialista.
Segundo Marcos Baroni, analista-chefe de FIIs da Suno Research, esse é um questionamento muito comum no Brasil, pelo País apresentar fortes movimentações nos juros de tempos em tempos. Para ele, em momentos de estabilidade, esse assunto perde um pouco do valor.
“O fundo imobiliário é um instrumento de renda variável que tem uma característica previdenciária, já a renda fixa tem um propósito que varia muito de acordo com o perfil do investidor”, diz Baroni.
FIIs e renda fixa devem obedecer o objetivo do investimento
O analista-chefe da Suno diz que o olhar para renda variável está mais atrelado à busca por rendimentos maiores do que os pagos na renda fixa. Sendo assim, o investimento em fundos imobiliários deve seguir a lógica de um pensamento voltado para o longo prazo.
Baroni defende que uma carteira equilibrada pode ter as duas opções. “A renda fixa é muito boa para usar na reserva de emergência ou naquele caixa que você guarda para saques rápidos, que precisa de liquidez e acesso mais imediato”.
Já os FIIs são uma ótima opção para o longo prazo, para manter aquela renda mensal isenta de imposto de renda por mais tempo.
Corrêa complementa dizendo que o investimento em renda fixa também serve para aquela reserva financeira que está carimbada com um objetivo curto, de um, dois anos. Pode ser a compra de um carro, um apartamento, liquidação de um dívida ou até mesmo uma viagem.
“A renda fixa é importante também para quem tem um prazo de resgate curto. Se você sabe que precisa do dinheiro para daqui a dois anos, precisa resgatá-lo completo e não pode perder o valor no meio do caminho – então precisa da garantia de ter esse dinheiro. Nesse caso, a renda fixa dá mais segurança”, diz o especialista.
Para Corrêa, quando se fala em investir em renda variável, caso dos fundos imobiliários, não se deve ter uma data específica. “Os FIIs são para investir, crescer o patrimônio e, lá na frente, poder desfrutar”, explica ele.
Diversificação é a melhor saída
Baroni acrescenta que, dentro dos fundos imobiliários, também existe a opção de estar alocado em juros e inflação, por meio dos FIIs de Recebíveis, que são fundos imobiliários que investem em Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) – um instrumento financeiro de renda fixa.
“Se você tiver uma carteira bem montada, equilibrada entre FIIs de papel e de tijolo, você consegue ainda ter um pouco daquilo que te remete à renda fixa, que é um pouco mais de previsibilidade e menor volatilidade”, diz o analista-chefe.
Por fim, Baroni e Corrêa concordam que uma carteira diversificada, com ativos financeiros de ambas as naturezas, é o mais indicado para estar protegido contra os juros e a inflação. O alinhamento de objetivos junto com o olhar certo para cada uma das modalidades de investimento é a indicação dos especialistas.
E reforçam: não dá para comparar fundos imobiliários com renda fixa e dizer ‘esse é melhor do que aquele’, seja num momento de juros e inflação em dois dígitos ou com a economia estável do país.