Vale (VALE3): alta de custos e margens pressionadas devem marcar o 1T22

O Banco Inter (BIDI11) divulgou sua prévia e expectativa para os resultados da Vale (VALE3) no primeiro trimestre de 2022. Em geral, para o setor de mineração e siderurgia, os resultados trimestrais serão impactados pelo excesso de chuva e aumento de custos. A companhia de mineração divulga o resultado de seu desempenho operacional no primeiro trimestre na próxima quarta (27). Itaú BBA, Ativa e Safra também preveem problemas com custos e números abaixo das expectativas no 1T22, mas ponderam que a companhia deve se recuperar nos trimestres seguintes com aumento das vendas. Por isso estimam alta das ações da Vale em 2022.

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“Contrariamente à visão mais otimista que tínhamos para o início do ano, o 1T22 deve trazer desempenho similar ao observado no 4T21 no quesito receitas, bem como custos ainda elevados, como efeito da alta dos preços das commodities”, afirma a analista Gabriela Joubert, do Inter.

O texto também aponta que as margens devem vir mais pressionadas, no geral, tanto na mineração quanto na siderurgia.

Vale (VALE3): chuvas prejudicam volume no 1T22

A Vale foi uma das empresas mais afetadas pela chuva no período do início do ano, tanto no Sistema Norte como no Sudeste.

É esperado que o volume de produção e vendas da Vale no 1T22 no segmento de minerais ferrosos mostre contração.

“Com relação aos preços, devemos ver efeitos positivos por causa de maior spread nos prêmios de qualidade”, registra o banco, apontando também que os preços provisórios estarão elevados, mas parcialmente compensados por preços defasados mais baixos referentes ao 4T21.

Como a produção vai diminuir, haverá também menor diluição nos custos fixos e da operação na comparação trimestral, “mesmo com o efeito positivo de carrego de estoques do 4º trimestre”.

Já no segmento de metais básicos, o Inter analisa trimestralmente um volume maior de níquel e menos de cobre, em razão da parada de manutenção em Sossego. Além disso, os preços realizados de níquel devem ser beneficiados pela alta da commodity nos mercados internacionais, que também ajuda o cobre, mas em proporção bem menor.

Entretanto, os custos serão bem pressionados, o que acaba comprimindo as margens no trimestre.

Ativa Investimentos mantém cautela com o momento do cenário externo

Os analistas da Ativa Investimentos consideram que, apesar dos volumes apresentados previamente no relatório de produção da Vale tenham vindo abaixo às expectativas, “acreditamos que os prêmios compensarão, ao menos em parte, a fraqueza nas vendas e conduzirão a companhia a relatar resultados neutros neste trimestre”, de acordo com o texto.

Além disso, já estimam que, a partir do 2T22, a Vale tenha melhor dinâmica operacional para os preços de minérios e custos. “Seguimos acreditando que o momento chinês impede uma posição mais otimista de nossa parte”, afirmam.

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Com os fracos resultados de produção e vendas no 1T22, a Ativa reduziu a expectativa de produção para finos de 323,5 milhões de toneladas para 320 milhões de toneladas, bem na faixa de baixo do guidance de 320-335 Mt para este ano.

A Ativa mantém recomendação neutra para a compra de ações da Vale, com preço alvo de R$ 110, com potencial de alta de 28,8%.

Itaú BBA: prêmio de qualidade

O Itaú BBA ressalta os mesmos pontos de outros analistas mencionados: volumes de vendas fracos, prejudicados altamente por condições climáticas, porém com prêmios de qualidade que apontaram uma surpresa positiva. Os volumes de níquel e cobre também ficaram abaixo das expectativas.

Em função de todos os fatores mencionados, o banco de investimentos mantém a projeção de US$ 6,5 bilhões para o Ebitda do 1T22.

“Estamos confortáveis com nossas estimativas, já que a perda de 2 milhões de toneladas (-3%) contra a nossa previsão de vendas de minério de ferro provavelmente será compensada por um prêmio de qualidade mais forte do que o esperado e melhor mix de vendas (maior venda de pelotas)”, registra o texto.

Os analistas esperam que haja realização de preço de minério de ferro sequencialmente mais forte (alta para US$ 31 por tonelada), em preços spot mais altos, enquanto o custo caixa do minério de ferro por tonelada deve aumentar 2% no trimestre, com custos mais altos e apreciação do real.

Para os ADRs da Vale, o Itaú BBA também reitera a recomendação neutra, com preço alvo de US$ 19, com potencial de alta de 1,3%.

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Riscos e oportunidades

O Banco Safra relacionou uma série de riscos e oportunidades em relação à ação da Vale. O banco recomenda a compra, ao preço alvo de R$ 98.

Vale a pena investir?

  • Alta qualidade do minério de ferro, que não necessita de purificação, levando a um dos custos de produção mais baixos da setor;
  • Mix de estoques offshore são uma estratégia importante dada a distância dos principais clientes na China.

E os riscos?

  • Desaceleração do mercado chinês;
  • Aumento da volatilidade dos preços das commodities;
  • Flutuações cambiais;
  • Possível, mas improvável, intervenção do governo.

Previsões para o setor

Mineração

A previsão do Banco Inter é de que os volumes de produção e vendas do setor de mineração sejam afetados pelas paradas consequentes das fortes chuvas na região de Minas Gerais, vistas no começo do ano.

Isso também deve impactar negativamente os custos fixos das empresas, que já tiveram menor diluição no período, o que deve trazer mais pressão para os resultados.

As exportações brasileiras de minério de ferro somaram 72,3 milhões de toneladas no 1T22, de acordo com dados da Secex, 21% abaixo do 4T21 e 11% menor que o 1T21, período também impactado pelas chuvas.

Mesmo com preços mais altos do minério de ferro no trimestre (aproximadamente 30%), o valor não deve ser suficiente para compensar a queda esperada nos volumes vendidos, que minimiza receitas e a contribuição da mineração nas siderúrgicas.

“Os preços de frete, que vinham seguindo uma tendência de baixa desde o fim do ano, devem vir, na média, abaixo dos níveis do 4T21, mas já vimos uma reversão deste movimento de queda com a alta dos preços dos combustíveis”, afirma o relatório.

Além disso, as companhias ainda seguem lidando com gargalos logísticos e limitações no transporte marítimo, intensificadas pelo cenário de guerra na Ucrânia.

Siderurgia

Na siderurgia, o Banco Inter espera ver volumes em linha com o 4T21, também em razão da sazonalidade mais fraca do período. Porém, diferentemente do que foi visto durante o trimestre anterior, os preços médios no mercado interno devem arrefecer, seguindo o reflexo dos descontos aplicados, principalmente na distribuição.

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A analista vê que, pelo lado positivo, os aumentos de preços no setor automotivo já estão em vigor e devem aparecer nos resultados ao longo do semestre.

“Uma vez mais, os custos dos insumos devem impactar os resultados, especialmente carvão e minério de ferro, e combustíveis, direta e indiretamente. A inflação também segue impulsionando as despesas das empresas”, ressalta o relatório.

Cotação da Vale

Nesta terça-feira (26), a Vale caiu 1,26% no Ibovespa, cotada a R$ 78,08. No acumulado do ano, fica positiva em 1,38%.

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Victória Anhesini

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