Dividendos de exportadoras devem ser maiores em 2022, diz jornal
Depois de um 2020 cheio de incertezas com a chegada da pandemia do coronavírus, em 2021, as principais empresas brasileiras aumentaram o seu retorno aos acionistas por meio de dividendos e juros sobre capital próprio (JCP). A elevação no preço das commodities ajuda a explicar esse movimento que é protagonizado pelas exportadoras da Bolsa.
Segundo o Valor Econômico, as 50 empresas com maior valor de mercado na B3 (B3SA3) elevaram os seus dividendos e JCP relativos ao exercício de 2021 em 179%, para R$ 280,7 bilhões, na comparação com 2020. O levantamento feito pelo jornal considera documentos entregues à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Só Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4) representam quase 60% do valor destacado, com R$ 163 bilhões em proventos aos acionistas. A estatal de petróleo pagou R$ 101,4 bilhões referente ao período de 2021, e a mineradora distribuiu R$ 61,7 bilhões aos seus investidores.
Para os analistas consultados pelo jornal, existem alguns motivos que explicam um pagamento tão generoso pelas empresas. São eles:
- valorização das commodities,
- acúmulo de caixa durante o ano de 2020,
- melhor saúde financeira das empresas.
Para as duas gigantes da B3, o período da pandemia tem sido generoso. A cotação do petróleo aumentou 63% em 2021, em relação a 2020, com valores negociados em dólar. Já o minério de ferro ficou 46% mais caro em 2021, quando comparado com o ano anterior – também negociado em dólar.
Além disso, a Petrobras não realizou muitos investimentos no ano passado. A petroleira tem colocado em prática seu plano de desinvestimentos, e vendeu uma série de ativos que permitiram um maior acúmulo de caixa, explicam os especialistas na matéria.
Dividendos das empresas em Bolsa
Mas nem só de Vale e Petrobras são feitos os dividendos. Mesmo excluindo o pagamento das duas companhias do levantamento pelo Valor, as demais 48 empresas selecionadas entregaram R$ 117,3 bilhões aos acionistas, um aumento de 71%.
Lideram a lista de pagadoras o Itaú (ITUB4), a Ambev (ABEV3), o Bradesco (BBDC4), a Weg (WEGE3) e o Santander (SANB11).
Sobre os bancos, os analistas apontaram que eles foram cautelosos em suas provisões ao longo de 2020, e se depararam com uma situação melhor em 2021. Durante boa parte do primeiro ano da pandemia, as instituições financeiras não puderam distribuir dividendos aos seus acionistas e acumularam valores em caixa.
Além disso, os especialistas explicaram na matéria do Valor que as empresas brasileiras estão reduzindo os seus endividamentos nos últimos tempos, o que também justifica um maior pagamento de dividendos.
Mais um ano generoso para os acionistas
O tempo de fartura não acabou em 2021, segundo a matéria. A expectativa para 2022 é que o preço das commodities se mantenha nas alturas, de modo que o pagamento de dividendos e JCP continue generoso.
Para tanto, alguns fatores externos também precisam ajudar: o cenário macroeconômico e a demanda da China são complicadores apontados pelos analistas. As ações da Vale, por exemplo, já começam a refletir a queda nos indicadores chineses que apontam menor crescimento do país neste ano.
Por outro lado, para o setor dos bancos, a redução nas provisões continuam, o que deve beneficiar os próximos resultados. Os juros altos também melhoram os spreads, mas a inadimplência pode ser um ponto de atenção, um ponto que é comum com outras empresas, por estar relacionado à economia brasileira.
Redução da massa salarial, inflação, cenário eleitoral são todos fatores que podem enfraquecer os resultados do ano, de um modo geral. Mas os analistas apontam que muitas companhias estão capitalizadas e devem continuar pagando bons dividendos, como Vale e Petrobras, também telecomunicações e setor de energia.
