Mitre (MTRE3), Cyrela (CYRE3): Construtoras miram clientes de alta renda

Os lançamentos e as vendas de imóveis cresceram nos primeiros três meses deste ano em relação ao mesmo período do ano passado, mas os números de incorporadoras como Mitre (MTRE3), Cyrela (CYRE3) e outras devem ser lidos com cautela, de acordo com analistas.

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Dados compilados pelo Broadcast, com base nos relatórios divulgados por 15 incorporadoras listadas na Bolsa, mostram que os lançamentos no primeiro trimestre alcançaram R$ 6,3 bilhões, avanço de 14,8% em relação ao mesmo período de 2021.

As vendas líquidas (descontados os distratos) alcançaram R$ 6,4 bilhões, aumento de 6,7% na mesma base de comparação anual. Já a velocidade média trimestral de vendas (que mede as vendas em relação ao estoque total) caiu de 22,9% para 18,1%.

Um dos fatores que explicam a alta é a base de comparação mais fraca, já que o começo de 2021 foi marcado pela pandemia. Além disso, 2022 não será um ano fácil para o mercado imobiliário, com inflação e juros elevados,  preços dos imóveis em alta, poder de compra abalado e incertezas típicas de ano eleitoral.

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Alta renda é o novo foco das incorporadoras 

Assim, as incorporadoras passaram a priorizar projetos de alto padrão, destinados a pessoas com maior poder de compra e que sentem menos as crises como alternativa para tentar melhorar os números deste ano.

“Podemos dizer que a desaceleração esperada, de fato, se confirmou”, disse o analista do BTG Pactual Gustavo Cambauva. “As empresas têm mais estoques, estão trabalhando mais tempo nas pré-vendas e aumentaram a cautela em um cenário mais complicado.”

O analista afirmou, porém, que a queda na velocidade de vendas tem sido moderada, indicação de que o mercado permanece saudável e distante de uma crise, apesar do desaquecimento.

“O preço do imóvel subiu bastante, e as empresas continuam tentando repassar a inflação para o preço final. Então, a solução foi atuar de modo mais seletivo. Não dá para lançar qualquer coisa”, afirma Cambauva.

A mesma leitura é feita pelos analistas de construção do Citi, André Mazini e Hugo Grassi. “A desaceleração aconteceu. Agora a prioridade está nos projetos de melhor margem”, afirmou Mazini.

Segundo Grassi, o momento pede seletividade. “As incorporadoras estão tentando acomodar o portfólio de lançamentos com prioridade para os produtos voltados aos consumidores de maior renda.”

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Mitre e Cyrela são destaques no plano de diversificação 

Um exemplo da revisão no plano de negócios para se adaptar à nova situação é a Mitre, que apostou na diversificação.

A incorporadora criou uma linha de alto luxo, com apartamentos a mais de R$ 25 mil por m², que combinam arquitetura de grife e localização em áreas nobres. Ao mesmo tempo, criou uma linha mais econômica, na faixa de R$ 7 mil a R$ 9 mil por m² e com unidades menores.

Além da Mitre, outra construtora que é destaque positivo na adaptação dos negócios, segundo analistas, é a Cyrela. A incorporadora mais que dobrou os lançamentos. Ao todo foram seis empreendimentos, sendo 59% das unidades voltadas ao público de alta renda e 29% para o de média renda.

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Com informações de Estadão Conteúdo. 

Redação Suno Notícias

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