Vale (VALE3): produção de minério de ferro tem queda de 6% no 1T22
A produção de minério de ferro da Vale (VALE3) totalizou 63,9 milhões de toneladas no primeiro trimestre de 2022, o equivalente a uma queda de 6% na comparação anual e baixa de 22,5% ante o último trimestre de 2021, de acordo com relatório divulgado nesta terça-feira (19).
A Vale também informou que a comercialização do minério foi de 53,6 milhões de toneladas no 1T22, baixa de 9,6% ante o mesmo período de 2021 e -35,5% na comparação com o trimestre imediatamente anterior.
Em repercussão ao relatório, a ADR da Vale, que estava em estabilidade, com leve queda, fecha com alta de 1,33%, no after hour, negociada a US$ 19.
No relatório de produção da Vale, a companhia destaca que o fraco desempenho comparativo anual é resultado de uma combinação de fatores, como:
- as fortes chuvas que atingiram Minas Gerais em janeiro deste ano
- a interrupção de quatro dias da Estrada de Ferro de Carajás por causa das chuvas de março
- atrasos de licenciamento na Serra Norte
- a piora da relação entre estéril e minério no mina S11D, em Canaã dos Carajás, no Pará.
Segundo a empresa, esses pontos negativos foram parcialmente compensados pela melhoria da capacidade de produção dos Sistemas Sul e Sudeste, após o comissionamento e retomada de vários ativos ao longo de 2021.
“Essas questões foram parcialmente compensadas pela melhoria da capacidade de produção dos Sistemas Sul e Sudeste, após o comissionamento e retomada de vários ativos ao longo de 2021”, afirma o relatório da companhia.
As grandes manutenções do trimestre, porém, devem beneficiar a produção no ano. Desta forma, a Vale tende a continuar seguindo o guidance de produção anual de minério de ferro previsto para 320-335 Mt.
Produção e venda: mais resultados da Vale no trimestre
As vendas de finos de minério de ferro e pelotas diminuíram 7,6%, contra a base anual, indo de 65,5 milhões de toneladas no primeiro trimestre de 2021 para 60,6 milhões de toneladas no mesmo período.
Segundo a Vale, essa venda registrou um prêmio de US$ 9,0 a tonelada no primeiro trimestre deste ano, US$ 4,3 a tonelada acima do fim do ano passado. Esse ganho maior seria resultado, entre outro fatores, da melhor qualidade do mix de produtos da empresa, uma vez que alguns minérios de alta-sílica (menor qualidade) estão sendo concentrados em plantas de beneficiamento chinesas antes da venda final.
“Estes efeitos foram parcialmente compensados pela ausência dos dividendos sazonais de nossas joint ventures de pelotizadoras”, disse a empresa em relatório divulgado ao mercado.
A produção de pelotas da Vale foi de 6,9 milhões no 1T22, 10,1% superior à mesma época do ano passado. Já as vendas das pelotas somaram 7 milhões no período de janeiro a março de 2022, 32,3% a menos do que o 4T21 e 11,8% maior na comparação anual.
A de carvão somou 2 milhões de toneladas produzidas nos três primeiros meses de 2022, valor que subiu 87,5% em um ano. A venda ficou em 1,8 milhões de toneladas no mesmo período, aumentando 77,8% a/a.
Já a produção de níquel caiu 5,4% na comparação ano a ano, e somou 45,8 mil toneladas no 1T22. Ao mesmo tempo, a venda de níquel caiu 18,8%, para 39,0 mil toneladas.
Segundo a Vale, a produção proveniente de Sudbury, no Canadá, foi 28,3% inferior ao primeiro trimestre do ano passado devido, principalmente, ao impacto de reparo na mina de Totten e do ramp-up das minas de Ontário durante o trimestre. “A produção da mina de Totten foi retomada em fevereiro e atingiu níveis pré-incidente”, informou a companhia.
A Vale explicou ainda a que produção em Onça Puma, no Brasil, foi de 5,4 mil toneladas no primeiro trimestre deste ano, 14,3% inferior ao mesmo período do ano passado. “As operações foram afetadas por uma manutenção necessária de 7 dias no forno elétrico em fevereiro”, informou.
Por fim, a produção de cobre foi de 56,6 mil toneladas no primeiro trimestre, queda de 26% na comparação anual. Já a venda do cobre foi de 50,3 mil toneladas no mesmo período, 29,4% menor do que mesmo período do ano passado.
Vale: Mais afetado pelas chuvas, Sistema Sul produziu 10,8% a menos no 1º trimestre
A Vale informou que a produção do Sistema Sul apresentou queda de 10,8% no primeiro trimestre de 2022, na comparação com o mesmo período do ano passado, para 10,441 milhões de toneladas. Segundo a empresa, o Sistema Sul – que inclui os complexos de Paraopeba e Vargem Grande, em Minas Gerais – foram os mais afetados pelas fortes chuvas de janeiro.
“No lado positivo, o complexo de Vargem Grande melhorou seu desempenho em fevereiro e março, após o start-up de várias iniciativas ao longo de 2021, tais como a planta de filtragem de rejeitos, a barragem Maravilhas III e a retomada das operações de correias transportadoras. A produção também aumentou em Fábrica devido à retomada do processamento a úmido no segundo trimestre de 2021″, disse a empresa.
A Vale lembrou, no relatório, que anunciou acordo para venda do Sistema Centro-Oeste em 6 de abril, em linha com sua estratégia de simplificação de portfólio. A conclusão da transação está sujeita ao cumprimento das condições precedentes usuais, incluindo aprovações regulatórias.
Produção do Sistema Sudeste sobe 10,6% no 1º trimestre
A produção do Sistema Sudeste da Vale foi 10,6% maior no primeiro trimestre de 2022 do que um ano antes, atingindo 14,955 milhões de toneladas, informou a companhia em relatório de produção. O desempenho ocorreu apesar das fortes chuvas de janeiro em Minas Gerais.
Segundo a empresa, o desempenho ocorreu graças à produtividade acima do esperado no processo de filtragem de Itabira, especialmente nas plantas de Conceição. Outro fator positivo foi a produção mais forte em Timbopeba, após o comissionamento de três linhas de beneficiamento em março do ano passado.
“A planta de filtragem de rejeitos de Brucutu entrou em comissionamento em abril e a Vale espera o start-up da barragem Torto até o final de 2022. O atingimento da capacidade total de Brucutu também depende do contínuo licenciamento e da preparação de áreas para a disposição de rejeitos filtrados e estéril”, informou a Vale, no documento.
A Vale espera iniciar as obras de alteamento da barragem Itabiruçu em abril e as primeiras etapas do alteamento deverão ser concluídas no fim deste ano, informou a mineradora. Isso deverá permitir o aumento da capacidade do complexo Itabira.
O que dizem os analistas
“Apesar das expectativas para a produção de minério já estarem ancoradas para baixo neste 1T22, os números divulgados vieram abaixo de nossas estimativas e mercado deve reagir negativamente aos números apresentados”, afirmaram os analistas da Ativa Investimentos.
Em relatório, Ilan Arbetman e Tadeu Lourenço afirmam que o lado positivo dos resultados de produção da Vale são os maiores prêmios, que devem compensar o registro operacional mais fraco por parte dos finos de minério. “Em metais básicos, a expectativa de normalização das operações se mantém de forma mais firme para níquel, enquanto na operação de cobre, Vale dá sinais que seguirá enfrentando desafios durante os próximos trimestres”, diz o texto.
Ainda, a Ativa Investimentos vê a companhia aplicando a política de valor sobre volume em finos em meio à oferta “ainda bastante ajustada, com maiores preços de equilíbrio que o esperado por nós no início de ano, porém diante de maiores custos logísticos e uma demanda chinesa cuja perenidade segue assimétrica”.
Cotação da VALE3
A ação da Vale (VALE3) encerrou o pregão de hoje com queda de 3,19%, valendo R$ 87,68 antes da divulgação do relatório. Nos últimos 12 meses, o papel da mineradora acumula perda de 17,41%.