Ibovespa inicia em queda com governo gerando insegurança no mercado
O Ibovespa abre o mercado nesta sexta-feira (17) em queda, assim como fechou na última quinta-feira (16). Por volta das 10h10, o índice registrava uma queda de 0,27% registrando seu pior patamar no ano com 89.781 pontos.
O Ibovespa continua sofrendo impactos das movimentações internas do governo e a resposta da população. Investidores seguem cautelosos principalmente com as investigações sobre a família Bolsonaro.
Além disso, os dados divulgados referente ao número de desempregados e o ritmo lento de recuperação da economia também prejudicam o índice. No exterior, a guerra comercial entre Estados Unidos e China, segue como principal fator.
Incertezas sobre o governo
O mercado segue cauteloso em relação ao governo Bolsonaro. Esta semana foi movimentada desfavoravelmente ao presidente e seu governo, devido a investigação de pessoa próximas ao presidente e manifestações em todo o Brasil contra o corte de verbas para a educação.
Acusação contro o filho de Bolsonaro
No última quarta-feira (15), o Ministério Público do Rio de Janeiro informou que o senador e filho do presidente Jair Bolsonaro, Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) comprou 19 imóveis por R$ 9 milhões. De acordo com procuradores a frente da pasta, as operações indicam sérios indícios de lavagem de dinheiro.
Segundo eles, os apontamentos da prática ilegal se tornaram evidentes por conta da lucratividade dos bens, que foi muito maior que os rendimentos obtidos de quanto ele ainda era deputado estadual.
De acordo com a “Veja”, foi pedido a quebra de sigilo bancário e fiscal de 95 pessoas e empresas relacionadas ao senador. A quebra de sigilo foi pedida pelo Ministério Público do Rio à Justiça, no entanto, foi concedida pelo juiz da 27ª Vara Criminal do Rio, Flávio Itabaiana Nicolau.
Saiba mais: MP: Flávio Bolsonaro teria comprado 19 imóveis por R$ 9 milhões
Os documentos apontam que Flávio Bolsonaro teria lucrado R$ 3,089 milhões em transações imobiliárias, com suspeitas de “subfaturamento nas compras e superfaturamentos nas vendas” entre 2010 e 2017, segundo os promotores.
No entanto, a fraude poderia estar sendo realizada para “simular ganhos de capital fictícios” que encobririam “o enriquecimento ilícito decorrente dos desvios de recursos” da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).
Cortes na educação e manifestações
Os cortes, estipulados pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub, correspondem a 30% das despesas discricionárias das universidades, fez com que milhares de pessoas saíram às ruas em 172 cidades para manifestarem contra os cortes na educação, desde a última quarta-feira (15).
Segundo a pasta, as despesas estão relacionadas a: luz, água, gastos com empresas terceirizadas de segurança e limpeza.
Saiba mais: Câmara convoca ministro para explicar cortes na Educação nesta quarta
De acordo com o governo, a conta que inclui salários de funcionários e professores terão corte de apenas 3,4%.
Nos Estados Unidos, o presidente Jair Bolsonaro, afirmou que os estudantes eram “imbecis”.
Saiba mais: Câmara convoca ministro para explicar cortes na Educação nesta quarta
Questionado sobre os manifestantes, Bolsonaro afirmou que “são uns idiotas úteis, uns imbecis, que estão sendo usados como massa de manobra de uma maioria espertalhona que compõe o núcleo de muitas universidade federais no Brasil“.
No entanto, as manifestações seguidas das declarações do presidente, cria um cenário de preocupação aos investidores, devido a impopularidade do governo e a falta de articulação para aprovação de projetos considerados essenciais.
Inep troca novamente o comando
O Ministério da Educação (MEC) confirmou que Alexandre Ribeiro Pereira Lopes será o novo presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). O novo comandante foi escolhido na manhã desta sexta-feira (17).
Lopes assume como presidente do Inep no lugar de Elmer Vicenzi, que pediu demissão na última na quinta-feira (16). Ele será o quarto presidente do Instituto neste ano.
Saiba mais: Alexandre Ribeiro Pereira Lopes será o novo presidente do Inep
Já passaram pela liderança:
- Marcus Vinicius Rodrigues – ocupou o cargo de 22 de janeiro a 26 de março; foi demitido após suspender avaliação da alfabetização;
- Maria Inês Fini – nomeada por Temer em 2016, foi demitida em 14 de janeiro.
- Elmer Coelho Vicenzi – assumiu em 15 de abril, indicado por Weintraub.
Desemprego cresce no Brasil
De acordo com os dados divulgados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), na última quinta-feira (16), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de desemprego cresceu em 14 unidades da federação no Brasil, durante o 1º trimestre.
Saiba mais: Desemprego cresce em 14 estados do Brasil no 1º trimestre
A taxa de desemprego no Brasil no primeiro trimestre de 2019 foi de 12,7%. No quarto trimestre do ano passado, a porcentagem de pessoas que procuravam emprego era de 11,6%.
Redução do PIB
Estudo divulgado nesta sexta pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) aponta que no primeiro trimestre deste ano a economia brasileira teve um recuo de 0,1%.
Além disso, entre fevereiro e março deste ano a economia brasileira registrou uma queda de 0,4%. O indicador se junta a outros que apontam uma previsão de queda do Produto Interno Bruto (PIB) nos primeiros três meses deste ano.
Saiba mais: Economia brasileira registra recuo de 0,1% no primeiro trimestre, diz FGV
Nesta semana, o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), divulgado pelo Banco Central, estimou que o Produto Interno Bruto (PIB) vai ter uma retração de 0,68% no primeiro trimestre de 2019.
Já a Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado Federal estimou que o Produto Interno Bruto (PIB) deve crescer 1,8% neste ano e não mais 2,3% avaliados no último estudo.
Reforçando as incertezas o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou na última terça-feira (14) que a economia está no ‘fundo do poço’ e que o PIB deverá ficar em 1,5% neste ano.
Guerra comercial
Travando uma nova disputa, em meio a guerra comercial, a China reagiu à ação dos Estados Unidos sobre a Huawei prendendo dois canadenses que estavam em seu território.
Saiba mais: China reage à ação dos EUA sobre Huawei prendendo dois canadenses
Os dois foram detidos em dezembro sob acusações de espionagem. Os canadenses foram presos dias depois que o Canadá deteve a diretora financeira da Huawei, Meng Wanzhou, a pedido dos EUA.
O governo da China nega que a medida tenha sido uma represália à prisão de Wanzhou. Assim, as autoridades argumentaram ser o “estado de direito”.
Última cotação
Na última sessão, na quinta-feira (16) o Ibovespa registrou sua pior marca neste ano. O índice recuou de -1,75% ficando com 90.024,47 pontos.