iFood usou perfis falsos para sabotar greve de entregadores, diz agência

O iFood teria utilizado uma estratégia de publicidade (chamada de “lado B”, quando se produz conteúdo de modo aparentemente amador, sem revelar a autoria) como forma de desmobilizar o movimento trabalhista de entregadores de aplicativo, segundo apuração da Agência Pública.

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O veículo apurou que a empresa tentou sabotar reivindicações de entregadores do iFood, desde meados de julho de 2020, quando ocorreu o “Breque dos Apps” – greve geral de entregadores de aplicativo por condições melhores de trabalho.

A Agência de Publicidade teria atuado, inclusive, na produção de páginas “falsas”, que seriam geridas pelas agências Benjamim Comunicação e depois também a agência Social Qi (SQi), a pedido do iFood, porém sem que fosse revelada nem a autoria, nem a origem das postagens.

Tratavam-se de páginas que publicavam conteúdo a fim de suavizar a greve e as pautas dos entregadores de aplicativo, como a fanpage de conteúdo político “Não Breca Meu Trampo” e a página de memes “Garfo na Caveira”.

A Benjamim Comunicação não possui site nem redes sociais, e tem como sócio administrador o empresário Luiz Flávio Guimarães Marques,  conhecido como Lula Guimarães.

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Lula foi o responsável pela propaganda da campanha de Eduardo Campos e Marina Silva  em 2014, além da Alckmin à Presidência, em 2018, e da campanha de João Doria à prefeitura de São Paulo, em 2016.

A estratégia de “publicidade Lado B”, como é chamada, é utilizada com frequência em campanhas políticas.

Fontes ouvidas pela Agência publica relataram que o objetivo da publicidade não assinada era disseminar ideias e opiniões em um formato que imitasse a forma dos entregadores de se comunicarem, simulando que as postagens dos próprios trabalhadores.

“Toda vez que trabalhamos com o iFood criamos estratégias para o ‘LADO B’.  Essas estratégias têm como objetivo criar um leve rumor nas redes sociais sobre o assunto que queremos abordar no momento”, diz um dos documentos revelados pela reportagem.

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iFood teria visado derrubar credibilidade de líder da greve

Líderes da greve teriam tido contato e suspeitas acerca do conteúdo, porém não chegaram a nenhuma conclusão.

Em um dos vídeos, inclusos na reportagem, analistas e coordenadores da agência de comunicação avaliam que as páginas criadas “cumpriram sua missão”, mas deveriam ser suspensas porque foram “contaminadas”.

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Ao ser contatado pelo Suno Notícias, o iFood diz que ‘não compactua com informações falsas’. Veja a nota na íntegra:

A respeito da matéria da Agência Pública informamos que apenas tivemos acesso aos dados citados a partir da sua publicação nesta segunda-feira.  O iFood reafirma que suas comunicações institucionais são realizadas apenas por seus canais oficiais, e que não compactua com geração de informações falsas, automação de publicações por uso de robôs ou compra de seguidores.

Nosso maior compromisso é fazer com que o iFood seja a plataforma de escolha dos entregadores para gerar renda para si e suas famílias. Respeitamos o direito de realização de protestos e greves, mantemos diálogo aberto e constante com eles para buscar melhorias para todo o nosso ecossistema, e não bloqueamos ou de qualquer outra forma penalizamos entregadores que participam de manifestações. Como medidas, o iFood se compromete a apurar todas as informações mencionadas na reportagem e atuar de forma a garantir o respeito ao seu Código de Conduta e Ética.

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Eduardo Vargas

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