Investimentos na Web3 explodem
A Alchemy, uma empresa de desenvolvimento Web3 com sede em São Francisco, anunciou semana passada que levantou US$ 200 milhões em uma extensão de sua rodada da Série C da Lightspeed Capital e Silver Lake, e todos os seus principais investidores anteriores, alcançando uma avaliação de US$ 10,2 bilhões. Também semana passada, a Polygon, uma blockchain de camada 2 (ou seja, um protocolo secundário construído em uma blockchain existente), disse que levantou US$ 450 milhões em uma venda de tesouraria liderada pela Sequoia Capital Índia, juntamente com investidores como SoftBank, Tiger Global e Galaxy Digital. A Polygon agora possui uma avaliação pública de US$ 2 bilhões e um valor de mercado de tokens de cerca de US$ 15,6 bilhões.
Casos como esse ilustram o que está acontecendo com os investimentos na Web3. Mas o que é Web3?
Web3 é a web que vai saltar das telas e entrar em nossas vidas por meio da Realidade Aumentada e de uma série de serviços imersivos, saindo do computador e do celular para estar em vários aparelhos conectados. E eles estarão por toda parte, formando um ecossistema novo, bastante embasado na tecnologia blockchain e de inteligência artificial, que construirá literalmente uma internet inteiramente nova.
Andreessen Horowitz, um dos mais ousados e inteligentes VCs do mundo, anunciou uma campanha de captação de recursos de US$ 4,5 bilhões em janeiro de 2022, por meio de seu fundo de investimento “a16z”, dedicado à Web3. A Alchemy, uma plataforma de desenvolvimento de blockchain, levantou US$ 200 milhões no mês seguinte, elevando sua avaliação para mais de US$ 10 bilhões.
Os críticos da Web3 duvidam desses números recordes, levantando o fantasma de uma bolha. O Atlantic denunciou uma visão financeirizada da Internet, fortemente apoiada por investidores e moedas especulativas – “há muito dinheiro a ser ganho” – baseada em “projetos confusos” e variadas “contraculturas”.
Um artigo no Les Echos relata que os reguladores estão preocupados com certos aspectos do projeto, em particular o DeFi (Finanças Descentralizadas), que visa tornar os usuários independentes dos bancos. “Isso poderia incentivar a lavagem de dinheiro”, declarou o jornal. Outras vozes consideram o conceito nebuloso, com Elon Musk descartando Web3 como um chavão de marketing.
O fato é que a Web3, queiram os detratores ou não, irá se tornar, se não exatamente naquilo que está desenhado agora, em algo bastante diferente da internet que conhecemos. E isso quer dizer oportunidade de investimentos.
Há risco? Óbvio. Há bolha? Pode ser. Mas não é porque existiu uma bolha das pontocom décadas atrás que os investimentos nas pontocom e em toda a revolução digital promovida pela internet deixaram de ser vantajosos. Pelo contrário. O melhor investimento de todos desde a queda da Bolsa de Nova York em 1929 é o universo digital.
Os analistas do mercado financeiro são muito nervosos e naturalmente imediatistas. E especulativos também. Mas olhe o big picture. Quem em sã consciência pode afirmar que essas transformações fundamentadas do 5G, das DAOs, do NTF, do blockchain, da Web3 enfim, não vão acontecer? Por que não aconteceriam, gente? Por que o Elon Musk não acredita? Faça-me o favor.
O mercado de M&A terá papel fundamental em toda essa transformação e os investimentos acontecerão, inevitavelmente. Pode me cobrar em, digamos, dois ou três anos.
Até lá, não coma bola: escolha seus ativos. O risco vai valer a pena.