MXRF11: Aluguel de cotas cresce 5 vezes com dúvidas sobre dividendos futuros

O aluguel de cotas do fundo imobiliário Maxi Renda (MXRF11) aumentou cinco vezes desde o final de janeiro, quando saiu a notícia de que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) questionou a distribuição de dividendos do fundo.

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Segundo levantamento da Economatica para o Infomoney, a quantidade de cotas do MXRF11 emprestadas entre fevereiro e março subiu de 145 mil para 771 mil. O volume financeiro movimentado por essas negociações passou de R$ 1,43 milhão (em 24 de janeiro) para mais de R$ 7 milhões (em 24 de março).

O empréstimo de ativos financeiros é uma modalidade comum no mercado de capitais, realizada pelos investidores quando eles acreditam na queda de preço do papel.

Como o processo entre MXRF11 e a CVM ainda está em aberto, o mercado enxerga uma grande possibilidade de desvalorização das cotas do fundo, devido à incerteza da decisão da autarquia sobre a distribuição de rendimentos aos cotistas.

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Queda do Maxi Renda com a insegurança dos dividendos

Essa aposta já se materializa na bolsa de valores. Entre os dias 24 de janeiro e 30 de março, as cotas MXRF11 desvalorizaram 8,45%, saindo de um valor de R$ 10,06 para R$ 9,21. Em 2021, o fundo imobiliário teve uma valorização de 3,62%.

Em paralelo, a distribuição de dividendos do FII permaneceu a mesma. Em janeiro, fevereiro e março, o fundo pagou R$ 0,09 por cota aos seus investidores, mesmo valor de dezembro, quando a CVM questionou o fundo sobre sua distribuição.

Na avaliação de André Masetti, gestor da XP Asset, que é a gestora do fundo, a resposta do mercado tem sido desproporcional, tanto em relação à desvalorização das cotas quanto ao aluguel dos papéis.

“O fundo fechou 2021 com lucro contábil positivo. Mesmo os números anteriores, analisados pela CVM, justificariam uma desvalorização de R$ 0,20 a R$ 0,25 nas cotas”, não os atuais R$ 0,85, segundo o gestor em entrevista ao Infomoney.

Caso do MXRF11 na CVM 

Para relembrar o episódio: em 24 de janeiro, o Maxi Renda informou que a CVM determinou que o fundo só poderia pagar dividendos aos seus cotistas em caso de lucro contábil, e não apenas lucro caixa – como é o habitual na indústria de fundos imobiliários e como o FII fazia.

Na prática, o entendimento da autarquia compromete a previsibilidade do pagamento de proventos dos fundos imobiliários como um todo. Isso porque, em caso de pagamentos excedentes ao lucro contábil, esses valores devem ser considerados amortização, uma forma de distribuição sujeita à tributação, enquanto os dividendos dos FIIs são isentos de Imposto de Renda.

Além disso, fundos que contabilizarem prejuízo contábil não poderão distribuir rendimentos no mês, ainda que estejam com o valor em caixa e o fluxo de recebimentos regular. Foi o caso do MXRF11 em alguns momentos,  o que levou a CVM a questionar o pagamento de dividendos do FII considerando as demonstrações financeiras entre 2014 e 2020.

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Segundo o último relatório gerencial, o Maxi Renda já protocolou um pedido de reconsideração da decisão da autarquia. O protocolo foi aberto ao final de fevereiro e a CVM tem até 60 dias para se manifestar sobre o caso.

Os gestores também afirmaram no documento que os números de encerramento de 2021 serão verificados por uma auditoria independente, mas a indicação atual é de que o MXRF11 fechou o ano com lucros acumulados, de modo que os dividendos pagos não estariam irregulares.

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Monique Lima

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