Expectativa de inflação para 2022 sobe pela 10ª semana consecutiva; em março, perspectiva é de +1%
O mercado financeiro elevou pela décima semana consecutiva a expectativa de inflação para 2022, agora de 6,59% no acumulado do ano, alta de 0,14 ponto percentual em relação à expectativa de uma semana atrás. O resultado segue acima do limite superior da meta para o ano, de 3,5% com margem de 1,5 p.p. para mais ou para menos.
O Boletim Focus, com as principais projeções do mercado financeiro reunidas pelo Banco Central, aponta que os investidores preveem para o mês de março um avanço médio de preços de 0,99%, conforme medida do IPCA que deve ser divulgada no dia 8 de abril.
Para o mês que vem, a inflação deve seguir em ritmo de alta, com ganho de 0,88% em abril.
De acordo com a mediana das expectativas de instituições do mercado financeiro, o recente aperto monetário promovido pelo Banco Central só deve dar sinais de segurar o ritmo positivo da inflação em maio, mês em que se espera uma contração de 0,20% no índice de preços ao consumidor.
Já em 2023, as instituições do mercado financeiro preveem uma inflação de 3,75%, alta de 0,05 p.p. em relação à expectativa da semana anterior, ainda que dentro da meta estabelecida pela autoridade monetária, entre 2% e 5% no ano.
A fim de conter essas revisões seguidas de alta da inflação, o mercado também aposta em uma taxa Selic mais elevada: em 2022, a taxa básica deve terminar a 13,00% a.a., enquanto a expectativa para 2023 é de 9,00%.
Para 2024 e 2025, a expectativa de inflação segue constante, de 3,15% e 3,00%, respectivamente, enquanto o mercado projeta a Selic a 7,50% e 7,00%, respectivamente.
Expectativa para PIB 2022 tem alta de 0,01 p.p.
Para este ano, o mercado financeiro espera que a economia brasileira cresça 0,50% em relação ao ano anterior, diferença de 0,01 p.p. em relação à expectativa de uma semana atrás, em 0,49%. Em comparação, o Ministério da Economia projeta uma alta de 1,5%.
Já a previsão para 2023 voltou a sofrer cortes. Instituições do mercado estimam um crescimento de 1,30% no próximo ano, redução de 0,20 p.p. em relação à expectativa de duas semanas atrás, de 1,50%. A previsão de 2024 e 2025 segue constante, a 2,00%.
Resumo do Boletim Focus, com dados do PIB, inflação e câmbio
Veja, em detalhes, as projeções mais importantes para 2022 e 2023:
2022
- PIB: previsão subiu 0,01 p.p., para 0,50%;
- IPCA: subiu 0,14 p.p., para 6,59%;
- Taxa Selic: alta de 0,25 p.p., para 13% a.a.;
- Dólar: estável em R$ 5,30;
- Balança Comercial: a expectativa de superávit subiu para US$ 64,50 bilhões;
- Investimento Estrangeiro Direto: subiu para US$ 59,07 bilhões;
- Déficit Primário: redução para -0,50% do PIB;
- Resultado Nominal: melhorou para -7,55% do PIB.
2023
- PIB: estimativa caiu 0,13 p.p. para 1,30%;
- IPCA: alta de 0,05 p.p., a 3,75%;
- Taxa Selic: alta de 0,25 p.p., a 9,00%;
- Dólar: subiu R$ 0,01, a R$ 5,22;
- Balança Comercial: a expectativa de superávit estável em US$ 51,00 bilhões;
- Investimento Estrangeiro Direto: aumentou para R$ 69,50;
- Déficit Primário: continuou em -0,50% do PIB;
- Resultado Nominal: piorou para -7,15% do PIB.
Protesto de servidores gera atraso na divulgação de dados da inflação
Nesta manhã, a publicação do relatório Focus, divulgado tradicionalmente às 8h25, sofreu atrasos por conta da manifestação de servidores públicos do Banco Central.
De acordo com a decisão em Assembleia Geral do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal) da última sexta-feira (18), os servidores da autarquia decidiram reduzir a velocidade de trabalho, prática chamada de “operação-padrão” ou “operação-tartaruga”.
Segundo comunicado, os funcionários pleiteiam reestruturação da carreira e reajuste de salários. Nesta segunda-feira (21), representantes da entidade devem se reunir com o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira para discutir reivindicações da categoria.
O Boletim Focus é elaborado semanalmente pelo Banco Central. São utilizadas as projeções dos especialistas das 100 principais instituições ligadas ao mercado financeiro do Brasil para dados sobre o crescimento, inflação e câmbio.