PIB 2022: Economia corta 0,6 p.p. da expectativa de alta, agora em 1,5%
Enquanto o ministro da Economia, Paulo Guedes, avalia que os economistas do mercado precisam rever para cima suas expectativas para o crescimento da economia brasileira neste ano, a própria pasta que comanda reduziu o otimismo para a alta do Produto Interno Bruto, o PIB, em 2022.
De acordo com a grade de parâmetros divulgada nesta quinta-feira, 17, pela Secretaria de Política Econômica (SPE), a estimativa para a expansão da atividade neste ano sofreu um corte de 0,6 ponto percentual e passou de 2,10% para 1,50% A projeção anterior havia sido divulgada em novembro do ano passado.
De acordo com o Boletim Macrofiscal, entre os fatores positivos que ajudam o crescimento em 2022 estão a taxa de poupança elevada, a recuperação do setor de serviços, a contínua melhora do mercado de trabalho e o robusto investimento, tanto privado como em parceria com o setor público.
“Ao mesmo tempo, existem riscos neste ano a serem monitorados, notadamente a guerra na Ucrânia e seus impactos nas cadeias globais de valor, que já apresentam gargalos devido à pandemia. Adicionalmente, o risco da pandemia sobre o crescimento econômico e a inflação continuam sendo avaliados”, informou o documento.
O Ministério da Economia manteve as projeções de crescimento do PIB de 2023, 2024 e 2025: todas em 2,50%. Para 2026, a previsão – divulgada nesta quinta (17) pela primeira vez – também é de 2,50%.
“Com a volta da taxa de participação e do nível de ocupação aos seus níveis históricos, estima-se crescimento do produto à taxa projetada de longo prazo (2,5%) no ano de 2023 e posteriores”, completou a SPE.
No último relatório Focus, os analistas de mercado consultados pelo Banco Central estimaram uma alta de apenas 0,49% para o PIB de 2022. Para 2023, a estimativa no Focus é de alta de 1,43%. As estimativas de mercado para os anos de 2024 e 2025 estão em 2,00%.
Guerra na Ucrânia reduzirá crescimento do PIB global em 1 p. p. em 2022, diz OCDE
O conflito decorrente da invasão da Ucrânia pela Rússia reduzirá o crescimento do PIB global em mais de um ponto porcentual em 2022, calcula a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em relatório sobre o impacto econômico da guerra.
A entidade com sede em Paris também estima que a inflação no mundo poderá ficar pelo menos dois pontos porcentuais mais alta este ano do que estaria em um cenário sem o confronto bélico no Leste Europeu.
“O aperto no fornecimento de commodities resultante desta guerra está exacerbando os gargalos na cadeia de suprimentos causados pela pandemia, que provavelmente pesarão sobre consumidores e negócios por algum tempo”, avalia o secretário-geral da OCDE, Mathias Cormann.
Para a organização, medidas temporárias e direcionadas de apoio fiscal serão necessárias para amortecer o impacto imediato da crise. Políticas no total de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) devem ser suficientes para mitigar substancialmente o impacto econômico sem aumentar consideravelmente a inflação, acrescenta a instituição.
A OCDE ressalta que a guerra expôs a importância de minimizar a dependência da importações da Rússia, diversificar fontes de energia e acelerar a transição de combustíveis fósseis para alternativas renováveis.
“Ainda não sabemos como a guerra vai se desenrolar totalmente, mas sabemos que isso prejudicará a recuperação global e elevará ainda mais a inflação”, analisa a vice-secretária-geral e economista-chefe da OCDE, Laurence Boone, sobre as perspectivas do PIB global.
(Com informações de Estadão Conteúdo.)