Bolsonaro avalia demitir até 3 diretores da Petrobras (PETR4), mas Silva e Luna fica
O presidente Jair Bolsonaro (PL) avalia a demissão de 2 a 3 diretores da Petrobras (PETR4), segundo apurou o site Poder 360.
Nos últimos dias, Bolsonaro já havia demonstrado insatisfação com o atual presidente da Petrobras, o General Joaquim Silva e Luna.
O principal motivo para a indisposição tem sido a alta do preço da gasolina, já que a estatal fez um reajuste após mais de 57 dias – o que gerou insatisfação da população e pode custar capital político para Bolsonaro, que concorrerá à reeleição.
Ainda nesta semana, em entrevista à TV Ponta Negra, afiliada do SBT no Rio Grande do Norte, Bolsonaro disse que todo mundo pode ser substituído se não estiver fazendo seu trabalho da melhor forma.
“Existe a possibilidade, todo mundo pode ser substituído se não estiver fazendo trabalho a contento. (…) Todos podem ser trocados por falha ou omissão”, disse.
Vale frisar que a demissão de diretores executivos deve passar, ainda, pelo Conselho de Administração da companhia.
Atualmente, o corpo executivo da Petrobras é formado por:
- Joaquim Silva e Luna – presidente
- Claudio Mastella – diretor-executivo de Comercialização e Logística
- Fernando Borges – diretor-executivo de Exploração e Produção
- João Henrique Ritterhaussen– diretor-executivo de Desenvolvimento da Produção
- Juliano de Carvalho Dantaas – diretor de transformação digital e inovação
- Rafael Chaves– diretor-executivo de Relacionamento Institucional e Sustentabilidade
- Rodrigo Araújo Alves – diretor-executivo Financeiro e de Relacionamento com Investidores
- Rodrigo Costa Lima e Silva – diretor-executivo de refino e gás natural
- Salvador Dahan – diretor-executivo de Governança e Conformidade
Além da insatisfação com os valores, Bolsonaro disse, em entrevista, que pediu “não oficialmente” para que a Petrobras atrasasse em um dia o anúncio de reajustes.
“Foi feito contato com a Petrobras porque chegou para nós que eles iriam reajustar na 5ª feira da semana passada. Foi feito um pedido para que deixassem para o dia seguinte, atrasassem um dia. Eles não nos atenderam. Nós não podemos interferir no preço da Petrobras. Se pudesse interferir, as decisões seriam outras”, disse.
Na sua avaliação, o reajuste, que jogou o preço-médio da gasolina para R$ 7,47, foi um “crime contra a população”.
“Por um dia a Petrobras cometeu esse aumento absurdo nos preços dos combustíveis. Isso não é interferir na Petrobras [com] a ação governamental, é apenas bom-senso. Poderia esperar”, defendeu.
Em mais críticas, afirmou que a estatal só pensa nos lucros e na própria companhia.
“A Petrobras se transformou em Petrobras Futebol Clube, clubinho que só pensa neles, jamais no Brasil. Até mesmo repasse para o gás de cozinha, impensável, fizeram também”, disse em entrevista gravada na última semana no Palácio do Planalto.
“Para mim, é uma empresa que poderia ser privatizada hoje”, acrescentou Bolsonaro, reassumindo a tentativa de livrar o governo do ônus político do reajuste.
MP e TCU de olho na interferência na Petrobras
O Ministério Público (MP) solicitou ao Tribunal de Contas da União (TCU), na última segunda (14), que seja apurada a possível interferência do governo Federal na política de preços da Petrobras.
O subprocurador do Ministério, Lucas Rocha Furtado, relatou uma série de declarações públicas de Bolsonaro que teriam interferido na cotação das ações da Petrobras.
Segundo a autoridade, o “excesso de interferência” sobre as decisões corporativas, por parte do governo, levaria a possíveis prejuízos materiais à Petrobras, além do detrimento da sua imagem mercadológica e traria dificuldades aos acionistas minoritários.
“Isso pode gerar, por parte desses, questionamentos judiciais em face da União, inclusive com pedidos de indenização”, diz.
A representação entende que a alta do petróleo é causada pela guerra na Ucrânia e afirma que a Petrobras precisa equilibrar seus custos de produção e comercialização com os valores dos produtos que vende no mercado interno.