Via (VIIA3) revela estratégia para superar “tempestade perfeita” do cenário macro

O mercado projetava prejuízo na ordem de R$ 100 milhões para a Via (VIIA3) nos resultados do 4T21. A varejista surpreendeu e entregou um lucro contábil de R$ 29 milhões – pequeno, mas ainda lucro. Só não foi o suficiente para agradar os especialistas.

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De olho no cenário macro duro, que prejudica os negócios da empresa por diminuir o poder de compra dos consumidores, as ações da Via caem mais de 6% no pregão desta quinta-feira (10), avaliadas em quase R$ 3,00.

Em teleconferência com analistas, realizada hoje, o CEO da Via, Roberto Fulcherberguer, afugentou preocupações maiores com a perspectiva de deterioração econômica do País. Para ele, a Via está bem posicionada e tem diferenciais frente à concorrência para superar esse momento: os serviços financeiros do banQi, por exemplo, com destaque para as operações de crédito.

O banQi opera com empréstimo pessoal, cartão de crédito e carnê, além de outros serviços como benefícios no e-commerce e recargas. “Nenhum outro player tem tanta autoridade, vocação e experiência para oferecer crédito quanto a Via”, diz o balanço financeiro da empresa.

A carteira de crédito da empresa cresceu 10% na comparação anual do 4T21, para R$ 5 bilhões. Em empréstimo pessoal, que é uma modalidade nova, o banQi somou 93 mil contratos, com uma produção de R$ 159 milhões. Já os carnês – clássicos das Casas Bahia – registraram R$ 913 milhões em pagamentos.

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O próximo passo da Via é estender os serviços de crédito do banQi para terceiros, Fulcherberguer acredita no crescimento e rentabilidade da carteira por meio desse próximo passo.

“Nossa expertise em dar crédito via crediário segue como uma ferramenta para o aumento de rentabilidade no canal online próprio do 1P e agora também no 3P, para terceiros. É um serviço que oferece oportunidade de compras online, principalmente para a população que não tem acesso a crédito”.

Via (VVAR3)
CEO da Via, Roberto Fulcherberguer. Foto Divulgação

E as provisões trabalhistas?

Surpresa da Via no balanço financeiro do 3T21, as provisões com processos trabalhistas assustaram menos no 4T21. Um dos motivos são os números terem vindo dentro do estimado pela companhia, de modo que o mercado já estava preparado para seus valores.

No quarto trimestre de 2021, as despesas trabalhistas da Via totalizaram R$ 195 milhões, dentro do intervalo previsto pela companhia, que ia de R$ 100 milhões até R$ 200 milhões.

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Já o desembolso real de caixa ficou 7,5% acima do intervalo previsto, de R$ 300 a R$ 400 milhões, totalizando R$ 430 milhões no período de outubro a dezembro de 2021. De acordo com varejista, “o desvio é resultado de uma estratégia pró-ativa da companhia de acelerar acordos que julgou convenientes”, diz o balanço da Via.

Na teleconferência, a empresa ressaltou que o plano de monetização de créditos fiscais está em linha com “destravamento de liquidez mais do que suficiente para compensar os desembolsos das despesas trabalhistas”. No ano de 2021, a monetização rendeu R$ 1,572 bilhão, enquanto as despesas com os processos judiciais somaram R$ 1,505 bilhão.

Para minimizar riscos futuros, a Via traçou um plano de ação com as seguintes estratégias:

  • Eliminação dos riscos da operação (troca de folha, digitalização da documentação, novos sistemas de controle de remuneração, etc);
  • Melhoria na condução da defesa dos novos processos (foco e especialização dos advogados e troca dos escritórios de defesa);
  • Defesa em qualquer fase do processo;
  • Saneamento do estoque em andamento e liquidação, com deságio, de algumas ações mais antigas e de mais alto custo.

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Outras formas de redução de custos

Além do controle das provisões trabalhistas, a varejista dona das marcas Casas Bahia e Ponto também está trabalhando com outras estratégias, como a normalização do estoque e estratégias de logística.

Em 2021, a Via investiu fortemente em aumentar o seu estoque para não correr riscos de desabastecimento por problemas na cadeia produtiva. O movimento trouxe custos de investimentos e diminuiu o capital de giro da companhia. Porém, Fulcherberguer analisa que foi produtivo, visto que o volume de vendas da companhia aumentou em 15% no ano e não houve problemas de abastecimento.

Para 2022, o movimento é de normalização do estoque, com perspectiva de melhorias para o capital de giro no ano.

Além disso, Fulcherberguer afirmou na teleconferência que a Via está negociando aumento do prazo médio de pagamento aos fornecedores – o que também resulta em melhorias para o ciclo financeiro.

Já na parte de logística, a Via lançou agora em janeiro o seu serviço de fulfillment e começa a operar com “logística as a service”, colocando a malha da empresa à disposição para parceiros comerciais.

Aliado à estratégia das lojas físicas como ponto de “last mile“, o CEO da Via acredita na diminuição de custos e rentabilidade que o novo projeto deve agregar nos próximos meses.

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Monique Lima

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