RLP para ações completa um mês; confira respostas da B3 (B3SA3) sobre vantagens do modelo
No próximo dia 1º de março, a nova modalidade de oferta RLP (retail liquidity provider) – ou “provedor de liquidez para o varejo” – completa um mês em operação para o mercado de ações, após ter sido estendida pela B3 (B3SA3) para além dos minicontratos de dólar (WDO) e índice (WIN).
A modalidade permite que as corretoras sejam contraparte dos negócios de seus clientes de varejo. Na prática, a opção permite que as corretoras fechem negócios entre os próprios clientes. Isso evita que as ofertas sejam inscritas inicialmente no livro central de ofertas da Bolsa. A adesão não é automática e precisa antes ser aceita pelo usuário.
A medida amplia a liquidez de ativos – questão que é mais frequente na negociação de lotes menores de minicontratos – a fim de oferecer as melhores condições de preço ao cliente pessoa física.
Este novo modelo de oferta vale apenas para as ordens agressoras, ou seja, para aquelas em que são negociados os melhores preços de compra e de venda do livro.
Ou seja, conforme destaca a Bolsa, ao fechar um negócio, o investidor que opta pelo RLP terá sempre um preço igual ou melhor do que o disponível no livro central de ofertas.
A B3 passou a disponibilizar pela primeira vez o modelo de RLP para os contratos de índice futuro e dólar futuro a partir de 2019. Desde então, tem crescido o volume de negociação desses produtos.
Segundo o superintendente de produtos da B3, Marcos Skistymas, ao Suno Notícias, houve tanto aumento no número de investidores, quanto melhoria nas condições de mercado, como spread e profundidade do livro.
“E, agora, partimos para uma nova fase em que testaremos a funcionalidade no mercado de ações, que possui características diferentes do mercado de minicontratos, a fim de analisar os benefícios deste tipo”, completou.
Até o momento, 12 corretoras aderiram ao modelo: XP Investimentos, BTG Pactual, CM Capital, Terra Investimentos, Itaú, Toro, Genial, Mirae Asset, Icap, Vitreo, Modalmais e Órama.
Confira destaques do modelo RLP para a negociação de ações
A B3 destaca que o RLP é uma “funcionalidade inovadora no mercado mundial”. Entre as vantagens, Skistymas relaciona:
- o matching acontece dentro do ambiente de bolsa, não em dark venue, ou seja, em ambiente sem supervisão do mercado;
- os preços respeitam os preços de mercado no momento de realização do negócios; e
- por ser realizado dentro do ambiente de bolsa, há controle para não haver preterição sobre outro cliente da corretora que seria atendido pela oferta agressora.
“Do ponto de vista do investidor, o grande benefício que o RLP traz é a garantia de que o preço da operação será sempre igual ou melhor do que o preço disponível no livro central de ofertas. Este funcionamento ocorre de forma igual para investidores de varejo, tanto pequenos como grandes investidores”, disse.
Entretanto, Skistymas alerta que há alguns riscos que não são inerentes à nova funcionalidade, mas que devem ser monitorados em alguns casos, em especial pela forma de negociação por parte de investidores daytraders. Entre eles, estão a alavancagem excessiva, vieses comportamentais e a ausência de ferramentas de gerenciamento de risco.
“Nesse sentido, um ponto importante que a nova regra do RLP para minicontratos trouxe é a obrigação de monitoramento dos clientes pelas corretoras e o trabalho educacional junto aos investidores”, afirmou.
“As corretoras precisam oferecer uma jornada educacional ao investidor com o intuito de fornecer subsídios para melhor tomada de decisão em seus investimentos e um melhor gerenciamento de risco de suas operações. Além disso, passou a ser exigida margem mínima para negociação daytrade dos minicontratos, com o intuito de conter a alavancagem nesses produtos”, esclarece.
Sobre as corretoras, o RLP permite que elas sejam contraparte de uma parcela das ordens de compra e venda de títulos e valores mobiliários dos clientes de varejo, o que permite ampliar o ganho do spread do mercado.
“É importante ressaltar que a oferta RLP possui limites a fim de garantir a centralidade do livro e a correta formação de preços. Essas ofertas devem respeitar uma proporção do fluxo máximo [de 30% do volume de varejo no caso de ações], sempre garantindo maior parte do volume para o livro central”, reforça Skistymas.