Putin anuncia retirada de parte das tropas russas na Ucrânia; petróleo despenca

O presidente Vladimir Putin anunciou, nesta terça-feira (15), o início da retirada de parte das tropas russas perto da fronteira com a Ucrânia. A comunicação levou os preços do petróleo para baixo, recuando mais de 3%, e as bolsas internacionais, para cima. Foi o movimento contrário ao desta segunda, quando a commodity atingiu o maior nível desde 2014, acima dos US$ 95, em meio a declarações desencontradas entre autoridades ucranianas, russas e americanas sobre uma possível invasão marcada para esta quarta (16).

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Os EUA e aliados observam o movimento de retirada de parte das tropas russas com ceticismo. Em pronunciamento no final desta tarde, o presidente Joe Biden disse que a guerra “ainda é uma possibilidade” e reforçou ameaças com “sanções econômicas de longo prazo”. Reforçou: “Se houver ataque, a resposta será dura.”

O mercado Nova York, que ontem fechou em queda — apenas Nasdaq terminou o pregão perto da estabilidade –, opera no positivo: Dow Jones sobe 1,15%, S&P 500 avança 1,53% e Nasdaq ganha 2,33%. O Ibovespa acompanha o bom humor externo: às 17h20, subia 0,70%. O dólar fechou em baixa de 0,72%, a R$ 5,1807.

O anúncio da retirada das tropas foi feito pelo Ministério da Defesa russo em vídeo. O porta-voz afirmou que os exercícios militares que eram feitos próximos ao leste da Ucrânia continuam na Rússia, mas que determinadas unidades dos “distritos militares do Sul e do Oeste já concluíram as atividades e começaram a retornar à base”, sem dar mais detalhes sobre a retirada. Putin disse hoje que a Rússia não quer guerra na Europa.

O Ministério da Defesa não especifica quantos soldados estão envolvidos na volta. Desde novembro, Putin concentrou ao menos 130 mil soldados em torno do país vizinho.

Na semana anterior e desde domingo (13), aumentaram rumores sobre uma invasão, que teria até uma data para ocorrer: nesta quarta (16). O Kremlin negou a ação militar. Ontem o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, falou sobre o assunto: “Nos disseram que 16 de fevereiro seria o dia do ataque. Vamos transformá-lo em um dia de unidade”, disse o chefe de Estado em discurso à população.

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O porta-voz do Pentágono John Kirby declarou que Putin não iria emitir avisos sobre uma possível invasão da Ucrânia. “Seria pouco inteligente se o fizesse”, afirmou, citando falas do presidente da Ucrânia de que a invasão ocorreria na próxima quarta. Mas Kirby repetiu que a Rússia se prepara para o ataque, que “pode ocorrer a qualquer momento”.

Em pronunciamento às 17h40 (horário de Brasília), Biden respondeu ao movimento de retirada parcial das tropas da Rússia próximas à fronteira com a Ucrânia com ceticismo: “Ainda consideramos a invasão como uma possibilidade. A Rússia tem cerca de 150 mil soldados perto da Ucrânia. Por isso pedimos a saída de cidadãos americanos de Kiev e outras cidades ucranianas. Mas vamos continuar com esforços diplomáticos com aliados e parceiros para resolver o conflito. Queremos evitar o uso da força. Não temos planos de posicionar mísseis contra a Rússia. Se o país atacar a Ucrânia, será uma escolha e o custo humano e estratégico será imenso.”

Os preços do petróleo foram a US$ 95, e alguns economistas já esperavam que a cotação iria superar os US$ 120.

Com o anúncio da retirada russa, os investidores reverteram o viés de alta e a cotação das commodities passou a sessão inteira caindo. Às 16h54, o barril de petróleo WTI, negociado nos Estados Unidos, despencava 3,84%, a US$ 91,79. O Brent caía 3,48%, a US$ 93,12.

A Rússia é um importante produtor de petróleo. Uma guerra poderia interromper o fluxo da commodity, elevando ainda mais a cotação. Além disso, o país é o principal exportador de gás natural para países da União Europeia como França e Alemanha, que também possuem investimentos e acordos de infraestrutura energética com Moscou.

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Inversão da demanda pelo petróleo

No início da pandemia, há quase dois anos, sobrava petróleo. Com a maioria dos países com lockdown decretada, a commodity caiu intensamente e havia excesso de estoque. Na época, foi preciso pagar para o petróleo ser armazenado, o que fez principalmente o valor do barril WTI recuar. O Brent, no caso, apesar de ser mais leve e utilizado como referência global, bateu a marca de US$ 20 por barril, o que não acontecia desde 2001.

Ao longo de 2020 e 2021, a demanda pelo petróleo voltou rapidamente e ainda mais do que foi previsto anteriormente, já que estímulos econômicos foram disponibilizados por diversos governos. Esperava-se uma estabilidade em 2022, mas com as notícias do conflito geopolítico, não há mais previsibilidade.

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Presidente Jair Bolsonaro desembarca na Rússia

O presidente Jair Bolsonaro desembarcou hoje (15), em Moscou, para um encontro com Vladimir Putin. O desembarque ocorreu durante a tarde na Rússia, que tem fuso de 6 horas a mais que Brasília. Bolsonaro chegou pouco depois de a Rússia anunciar a retirada de parte das tropas militares da fronteira da Ucrânia.

Em Moscou, Bolsonaro se reunirá amanhã (16) com Putin, apenas com a presença de intérpretes. Os dois devem fazer uma declaração conjunta após a conversa, e seguir para um almoço. O encontro está marcado para acontecer entre 13h e 15h, horário local, e será no Kremlin, sede do governo russo, situado na Praça Vermelha, um dos principais pontos turísticos de Moscou.

O presidente brasileiro irá participar de encontro com empresários russos. Entre os principais assuntos a serem tratados na viagem, está a compra de fertilizantes russos por parte do Brasil.

Segundo Bolsonaro, a viagem deve tratar de temas como energia, defesa e agricultura. Também devem ser discutidas as relações político-econômicas e comerciais entre as duas nações, que são integrantes do Brics, grupo de países que reúne China, África do Sul e Índia. O presidente brasileiro permanecerá na Rússia até quinta-feira (17), quando embarcará para a Budapeste, capital da Hungria, onde se encontrará com o primeiro-ministro do país, Viktor Orbán.

 

Victória Anhesini

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