Médicos de SP confirmam greve para esta quarta-feira (19); veja serviços afetados
Médicos que trabalham no atendimento básico da saúde municipal em São Paulo mantém a paralisação prevista para esta quarta-feira (19), conforme decidido em assembleia do Sindicato de Médicos de São Paulo (Simesp) na semana passada. O setor pede “melhores condições de trabalho”, como compra de equipamentos, contratação de profissionais e pagamento de horas extras.
Ontem (17), representantes do Simesp estiveram reunidos com o secretário municipal de Saúde de São Paulo, Edson Aparecido, para negociarem uma saída à paralisação, porém sem resultado satisfatório.
Ao Suno Notícias, o presidente do Simesp e médico anestesista, Victor Vilela Dourado, afirmou que a proposta da Prefeitura ficou “muito aquém” do esperado pela categoria.
“A gente estava buscando medidas efetivas para a contratação de profissionais e ampliação das equipes, da estrutura e da capacidade instalada para o atendimento da população”, disse.
Segundo o líder da categoria, a contraproposta da prefeitura, de contratar 140 médicos e 560 outros profissionais de saúde, é insuficiente e sequer cobre o desfalque de 3,1 mil profissionais que foram afastados nas primeiras semanas de janeiro por quadros respiratórios de doenças infecciosas – como gripe e covid-19.
O Simesp calcula que seriam necessários pelo menos dois novos médicos em cada uma das 469 UBSs no município de São Paulo para que serviços como o acompanhamento de grávidas e puérperas pudessem ser retomados na totalidade enquanto dura a pandemia da covid-19.
Para Vilela, a medida sugerida pelo Poder Público, ainda que seja bem-vinda, não atende às reinvindicações da categoria, que confirma a paralisação.
Conforme antecipou o Suno Notícias, a possibilidade de paralisação da categoria de médicos foi aprovada pelo sindicato em assembleia na semana passada (9).
Apenas UBSs devem ser afetadas
De acordo com o presidente do Simesp, apenas o atendimento nas Unidades Básicas de Saúdes (UBSs) do município de São Paulo deve ser afetado e suspenso com a paralisação.
“Nós não vamos parar pronto-socorros, pronto-atendimentos, [unidades de Atendimento Médico Ambulatorial] AMAs ou qualquer unidade que tenha urgência ou emergência”, destacou.
Paralisação dos médicos tem potencial de se estender para outras categorias
Segundo o médico anestesista, há “uma onda” de interesse, diálogo, apoio e adesão por outras categorias à manifestação dos médicos, entre elas, setores como o de enfermeiros e farmacêuticos, que convocaram assembleias para discutir o interesse da categoria em se mobilizar.
Em nota nesta tarde (18), a Secretaria Municipal de Saúde afirmou que o prefeito Ricardo Nunes (MDB) autorizou o pagamento integral neste mês, junto aos salários de janeiro, do banco de horas acumuladas até 31 de dezembro do ano passado.
“A partir de agora, todas as horas extras e plantões extras serão pagos dentro da folha de pagamento do respectivo mês, inclusive para os servidores”, informa. O texto também informa que as organizações parceiras estão autorizadas a realizarem contratações emergenciais.
“Os pontos debatidos durante a reunião serão formalizados pela SMS ao sindicato nesta terça-feira (18)”, informa a secretaria municipal.
Dados epidemiológicos da covid-19
Segundo dados da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), houve um aumento de novos casos por Covid-19 em 59,7% e de novos óbitos em 112,5% na variação semanal (comparativo entre os índices dos últimos sete dias em relação aos sete anteriores) no Estado de São Paulo.
Internações avançam 37,3% no Estado no mesmo comparativo.
Já na Grande São Paulo, novos casos cresceram 43,8%, novos óbitos avançaram 110,5% enquanto novas internações tiveram alta de 32,5%.
Os dados foram consultados nesta terça-feira (18). Médicos e especialistas, entretanto, alertam para a possibilidade de subnotificação, uma vez que há escassez de testes diagnósticos por causa da alta procura.