Shoppings ficam atrás do e-commerce em 2021, diz Canuma; BofA vê ‘recuperação em K’

Com inflação em alta e novos impactos sanitários no radar, o setor de shoppings foi ultrapassado pelas vendas onlines no ano de 2021, segundo dados da Canuma Capital.

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Segundo o estudo, as vendas online atingiram R$ 260 bilhões em 2021. O valor representa uma alta de R$ 160 bilhões em relação ao registrado em 2019, período que antecede a pandemia da covid-19.

Em comparação, os shoppings faturaram uma cifra de R$ 190 bilhões em 2019 e a previsão é que tenham fechado 2021 em algo em torno de R$ 175 bilhões, segundo o levantamento da gestora.

Em dois anos, houve uma inversão da participação do volume de vendas: se em 2019, as vendas do e-commerce representavam 62% das vendas em shoppings, em 2021, shoppings passaram a representar 62% do volume das vendas online, destaca o relatório.

Nesse período, as vendas em shoppings retrocederam cerca de R$ 50 bilhões, dos quais R$ 15 bilhões são temporários e foram causados pela pandemia da covid-19 e os outros R$ 35 bilhões são perdas permanentes causadas pelo avanço do e-commerce, que cresceu em dois anos o que levaria quatro.

De acordo com o estudo, a penetração dos shopping centers deverá ficar perto de 9,5% em 2022, versus 11% há dois anos atrás. “Essa participação tinha caído para 6,6% em 2020 e subiu para 7,9% em 2021”, avalia.

Segundo Marcelo Vainstein, managing partner da Canuma Capital, o principal avanço do e-commerce aconteceu no setor de itens duráveis – como eletrônicos, computadores, celulares e artigos de casa – e semi-duráveis. Já nos segmentos de serviços e lazer houve pouco aumento.

Além dos impactos da pandemia, Vainstein avalia que os tickets de venda no e-commerce são maiores com muito volume de vendas de produtos duráveis – que são mais financiados -, e, portanto, tendem a sofrer mais em um cenário de juros altos como o que o Brasil enfrenta.

“Mas, por outro lado [os tickets de venda no e-commerce] são mais competitivos com preços mais baratos nos segmentos não duráveis”, explicou ao Suno Notícias.

Além disso, segundo pesquisa do Bank of America (BofA), obtida pelo Suno Notícias, os consumidores de alta renda estão consumindo e visitando mais os shoppings: 39% vão pelo menos uma vez por semana, contra 20% de classe média ou baixa.

“Pesquisa de Natal com 1.000 consumidores brasileiros reforça nossa visão de uma recuperação em forma de ‘K’ para os shoppings brasileiros. A maioria dos consumidores de alta renda gastou mais nesta temporada de festas, enquanto as dificuldades financeiras e os preços mais altos retiveram os consumidores de baixa renda”, diz o relatório.

Ainda conforme o levantamento do banco, os dados sugerem que os hábitos de compras on-line adquiridos durante a pandemia podem ser fixos, mas não impedem que as pessoas sigam fazendo compras em shoppings.

Enquanto 85% compraram pelo menos uma parte dos presentes online, lazer e restaurantes são os principais fatores que atraem consumidores de volta aos shoppings.

Apesar disso, a situação sanitária segue em foco, já que, apesar de 91% das pessoas estarem totalmente imunizadas, as preocupações voltam-se para a pandemia da Covid-19 por conta das variantes e da alta de casos.

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“Por conta disso, os consumidores podem ficar mais cautelosos se os casos continuarem acelerando, mas a vacinação ampla e as doses de reforço provavelmente devem atenuar o impacto. Nossos resultados corroboram nossas expectativas de uma recuperação contínua e sólida dos resultados do 4T21.”

“Com uma recuperação mais rápida nas vendas, os shoppings focados no consumidor de alto padrão têm maior probabilidade de cobrar aluguéis mais altos (acima do pré-COVID) este ano”, diz o relatório.

Segundo os números dos especialistas, 92% dos consumidores já estão de volta aos shoppings, ante 75% vistos no mês de dezembro de 2020 e 81% vistos em agosto de 2021.

Apesar disso, os dados mostram que 72% das pessoas que frequentam shoppings estão visitando com menos frequência, ainda preocupados com os casos de coronavírus.

Menor circulação, maiores gastos

Segundo o BofA, consumidores que gastam mais e estão visitando os shoppings com mais frequência estão gastando mais do que antes. Cerca de 40% dos consumidores de alta renda visitam pelo menos uma vez por semana ante 20% dos de renda baixa ou média.

Além disso, 53% dos consumidores de alta renda gastaram mais neste Natal em relação ao ano passado.

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Indivíduos de baixa renda reduziram os gastos com um orçamento apertado, considerando que 55% dos consumidores de baixa renda gastaram menos em presentes de Natal este ano, por conta de um orçamento mais apertado e inflação em alta.

Ações de shoppings sangraram na bolsa

Com o ano de 2021 sendo considerado, pelos especialistas, um período complicado para o setor, a maioria das empresas fechou o ano no vermelho em termos de desempenho das ações.

No acumulado dos últimos 12 meses, todas as companhias abertas administradoras de shoppings apresentam queda nos seus papéis:

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brMalls e Aliansce aqueceram mercado

Apesar do ano de 2021 ter penalizado os papéis, logo nas duas primeiras semanas de 2022 o setor foi movimentado com aquisições e propostas no mercado.

Na última semana o Aliansce propôs uma fusão com o brMalls – o que animou os investidores e puxou uma recuperação dos papéis nos últimos cinco pregões.

O brMalls, vale lembrar, recusou a proposta em unanimidade, conforme reportado pelo Suno Notícias.

A ‘fusão de iguais”, como denominou a Aliansce , propunha o pagamento dividido entre dinheiro e ações. Seriam R$ 1,35 bilhão em dinheiro – montante correspondente a 20% do atual valor de mercado da empresa.

Apesar das duas companhias serem as protagonistas da semana, a maior alta no acumulado dos últimos cinco pregões foi do Iguatemi com valorização de 18% nas suas units.

Na onda da impulsão de shoppings por conta das negociações entre as concorrentes, a companhia foi a maior alta do Ibovespa na semana.

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Eduardo Vargas

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