Fiagro também é pop (e lucrativo): RZAG11 entrega diversificação e rendimento no portfólio de CRAs
Há quatro meses, o Fiagro Riza Agro (RZAG11) estreou na bolsa de valores como um Fundo de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais. A operação foi o lançamento público de um novo produto de investimento financeiro, focado na união do setor agrícola com o mercado de capitais. Até então, o Fiagro só tinha sido ofertado para investidores qualificados.
A estimativa para o IPO do RZAG11 era de captação de R$ 350 milhões, mas, devido às dificuldades do mercado (riscos fiscais, aumento dos juros, inflação alta, ruídos políticos, pandemia), o Fiagro Riza alcançou 86,7% do projetado, captando R$ 303,44 milhões.
Em sua estreia, o Riza Agro emitiu 330.344.090 cotas, por meio de uma oferta pública que contou com 6.656 investidores pessoas físicas aderindo ao investimento. Considerando as dificuldades de emissão de outros fundos de investimentos, como os imobiliários, a adesão ao Fiagro RZAG11 foi considerada um sucesso.
“Temos atualmente cinco Fiagros listados e o Riza Agro é o maior deles. Os outros fundos chegaram a captar em torno de R$ 100 milhões, para mais ou para menos. Então, em termos de oferta, o RZAG11 foi bem-sucedido, com certeza”, diz Ronaldo Candiev, Head de FIIs da XP Investimentos.
Alguns motivos favoreceram o sucesso do fundo, como o fato de ser do tipo híbrido, centrado em Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA), e investir no agro – afinal, como se sabe, “agro é pop”.
Em 2020, o agronegócio brasileiro contribuiu com cerca de 26,6% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. O setor teve uma expansão recorde de 24,31%, na comparação com 2019, segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Para 2021, a estimativa é de que o setor contribua com cerca de 30% de participação no PIB. “O agronegócio é um setor que o investidor brasileiro se identifica, porque está muito relacionado com a identidade do País, além de ser um motor de sustentação econômica nacional”, diz Candiev.
O trunfo da renda fixa
O Fiagro RZAG11 é um “fundo de papel”, ou seja, os ativos do fundo são títulos de renda fixa lastreados em créditos agrícolas. Atualmente, o portfólio do Riza Agro possui 16 Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA). Desde o IPO, a gestora do fundo alocou 98,75% do montante levantado na oferta inicial.
A Riza Asset, gestora do RZAG11, indicou no prospecto do IPO que 100% das alocações do fundo seriam feitas na forma de CDI+, ou seja, os títulos teriam que ser indexados ao Certificado de Depósito Interbancário (CDI), que acompanha a taxa de juros, e ainda ter um spread.
Segundo o documento, a taxa média do portfólio de CRAs do Fiagro seria de CDI+5,0% com um duration (prazo médio de recuperação do investimento feito ao adquirir o papel) de 4,07.
O objetivo foi concluído: os gestores conseguiram entregar o prometido e com margens melhores. A taxa média do portfólio com os 16 CRAs é de CDI+6,0% e duration de 2,59.
Para Candiev, esse é um indicativo muito positivo sobre a gestão do Fiagro. “Devido ao momento turbulento que vivemos, era um risco para o fundo a alocação do recurso dentro das propostas apresentadas. Mas a gestora conseguiu e já vemos os resultados”, diz ele.
Em novembro, o RZAG11 entregou um rendimento de R$ 0,07 aos cotistas. Um mês depois, em dezembro, o valor foi de R$ 0,08, somando um dividend yield de 0,84%.
Pelos cálculos da XP, o rendimento do Riza Agro pode chegar a R$ 0,12 nos próximos meses. “Por ser indexado ao CDI, que acompanha a taxa Selic, acreditamos que o rendimento pode aumentar seguindo a visão altista dos juros”, diz o Head de FIIs. Até março, os especialistas da XP estimam a Selic em 11,5% ao ano – logo, o CDI deve acompanhar e os ganhos do fundo. também.
Em relatório gerencial, a gestora destaca que “apesar de negativo para ativos de renda variável em geral, o cenário de alta de juros favorece o Fiagro Riza, dado que 100% dos CRAs que compõem o portfólio do fundo estão indexados ao CDI”.
Gestão experiente do RZAG11
Segundo Candiev, um dos motivos para o RZAG11 entregar bons números em pouco tempo é a gestão experiente da Riza Asset. A gestora é uma das mais conceituadas no segmento do agronegócio.
Muito antes de a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) editar a regulamentação do Fiagro, a Riza já geria outro produto: o fundo imobiliário Riza Terrax (RZTR11), focado na aquisição, venda e arrendamento de imóveis rurais.
Com quase dois anos de operação, o FII tem R$ 1,09 bilhão de patrimônio líquido e 37.525 cotistas. “É importante destacar que 25% do time da Riza é voltado para o agronegócio. Isso mostra que a gestora está posicionada para investir no segmento e tem um time capaz de fazer boa gestão”, diz o especialista da XP.
O gestor de agro da Riza é Paulo Mesquita, executivo que fez carreira em crédito agrícola, trabalhando com o mercado sucroalcooleiro, revendas agrícolas e produtores rurais em todo o território nacional, como intermediário de bancos como Itaú (ITUB4) e Pan (BPAN4).
Mesquita já era responsável pelo FII Terrax e agora acrescenta à experiência o Fiagro Riza. A gestora tem no time engenheiros agrônomos e especialistas em direito ambiental.
Diversificação na medida
Outro ponto positivo para a gestão da Riza Asset está na carteira do RZAG11. O portfólio de crédito entregou diversificação de culturas e também de localização geográfica.
No momento, os lastros de crédito estão distribuídos da seguinte forma:
- Soja: 52,9%
- Algodão: 18,7%
- Semente de soja: 11,4%
- Milho: 9,1%
- Sorgo: 2,5%
- Outros: 5,9%.
Em outros estão cana de açúcar, suínos, pecuária, arroz e feijão.
Já em relação à diversificação geográfica, a exposição do Riza Agro está distribuída em 8 estados do Brasil, a fim de mitigar o risco de problemas climáticos. Os destaques estão nos estados da Bahia (33%), Maranhão (33%), Piauí (14%) e Minas Gerais (8%).
Para Candiev, nesse ponto, a gestora entrega novamente o que foi prometido: “Está em linha com o esperado. Tanto as alocações quanto a rentabilidade. Nos próximos meses a atenção estará voltada para o comportamento dessa carteira de crédito”.
O RZAG11 até aqui
Com quatro meses de operação, o Riza Agro conta com 8.111 investidores, em sua maioria pessoas físicas. Segundo Candiev é um número bom para o tamanho que o Fiagro tem neste momento: o patrimônio líquido do RZAG11 está avaliado em R$ 288,96 milhões.
O valor da cota do RZAG11 saiu por R$ 10,00 no IPO, o que representa um prêmio de 4,8% frente ao valor patrimonial por cota, avaliado em R$ 9,52. Após o pregão de terça-feira (11), a cota do Riza Agro estava valendo R$ 9,90 na Bolsa.
A avaliação do Head de FIIs da XP é positiva sobre o desempenho do Fiagro até aqui. “Os números são animadores e vemos uma grande possibilidade de crescimento, mas será uma longa jornada em termos de popularização do produto”, diz Candiev.
Para ele, o produto é novo e o próprio mercado financeiro ainda está aprendendo a lidar com ele. É positivo para o Fiagro o fato de o agronegócio ser um setor resiliente com uma dinâmica comercial favorável.
Em termos de investimento, o Fiagro também ganha com a característica defensiva que os fundos têm, visto que a alta do dólar favorece os exportadores de commodities e se reverte em lucro para o setor.
“Conhecemos a gestora do RZAG11 e vemos o fundo com bons olhos. Mas agora é um momento natural de amadurecimento e crescimento dos Fiagros. Nesse processo, o mercado vai aferir quais são os melhores gestores, os melhores fundos e acompanhar de perto os próximos passos”, diz Candiev.