Evergrande: Unidade quer adiar pagamento de juros sobre bônus
A principal unidade da Evergrande, a gigante imobiliária da China que enfrenta uma crise financeira desde o ano passado, terá reunião com investidores entre os dias 7 e 10 para discutir o possível adiamento de pagamentos sobre mais de 4,5 bilhões de yuans (US$ 708,1 milhões) em bônus.
A dívida da Evergrande, no total, soma um montante acima de US$ 300 milhões.
Em comunicado à Bolsa de Shenzhen, o Hengda Real Estate Group, subsidiária não listada da Evergrande, disse querer postergar alguns pagamentos sobre bônus de três anos que foram emitidos em 2020.
A unidade disse que pedirá que o pagamento de juros sobre bônus que vence no sábado (8) seja remarcado para julho, assim como o adiamento de uma opção que permite a investidores venderem seus papéis de volta neste fim de semana.
Na reunião, também será proposto que os ajustes não sejam considerados um calote técnico.
Ainda em dezembro de 2021, a Fitch Ratings afirmou que a empresa não pagou seu calote e entrou em default, em atualização.
A agência de risco, por sua vez, irá abordar o tema da Evergrande justamente em evento na próxima quinta (6).
“O recente default no reembolso dos juros dos títulos de Evergrande revelou o ambiente operacional desafiador do setor. Com a desaceleração da economia chinesa e o ritmo de urbanização, as vendas de imóveis apresentaram tendência de queda desde julho de 2021″, diz o release sobre o evento.
A mudança recente no parecer acerca sobre os riscos associados à dívida da empresa foi em consonância com outras casas e agências, que também viram aumento da tensão nos últimos meses, apesar de alguns movimentos na direção da reestruturação.
“As ações da gigante imobiliária Evergrande chegaram a cair 9% em um dia depois de notícias de que não pagou cupons de títulos offshore. Por outro lado, a empresa está retomando suas operações e aumentou meta de entregas para dezembro”, disse a XP Investimentos, no fim de dezembro.
Evergrande quer a maior reestruturação de dívida já vista
Com o imbróglio financeiro, a companhia do segmento imobiliário almeja o que seria a maior reestruturação de uma dívida na China e que reuniria todas as suas obrigações ‘offshore‘, segundo informações da imprensa em Pequim.
Já no início de dezembro a empresa anunciou a criação de um “comitê de gestão de crise“, integrado por sete pessoas. A medida veio em meio a protestos de acionistas e proprietários de imóveis, em reação aos problemas de dívida da companhia.
Institucionalmente, a empresa destacou que o comitê foi criado “em vista dos desafios operacionais e financeiros” que enfrenta, em comunicado enviado à Bolsa de Hong Kong.
Segundo a gigante chinesa, o governo da província de Cantão deve enviar uma equipe de trabalho à empresa, o que analistas da consultoria Jefferies interpretaram como “uma possível tomada de controle”.
Ações já somam queda de quase 90%
No acumulado dos últimos meses, os papéis da companhia já caíram mais de 89% na Bolsa de Hong Kong, atualmente cotadas a 1,60 dólares de Hong Kong (HKD). As ações da Evergrande caíram 83% somente nos últimos seis meses.
Com a dívida bilionária sendo o principal pivô das quedas, a Evergrande ganha algum fôlego com os movimentos recentes na direção da reestruturação, após chegar a ponto de ter suas ações suspensas de negociação no ano passado.
Com informações do Estadão Conteúdo