Black Friday: Sem dinheiro, brasileiro aproveita ofertas para fazer mercado

A Black Friday de 2021 até mostrou aumento no faturamento, mas de forma geral a data decepcionou o varejo. Com pouco dinheiro para comprar, o consumidor brasileiro acabou aproveitando as ofertas para encher a geladeira.

A Black Friday teve faturamento total de R$ 5,4 bilhões, crescimento de 5,8% na comparação com o resultado do ano passado, de acordo com o levantamento realizado pela Neotrust. A pesquisa contabiliza desde o primeiro minuto de quinta-feira (25) até o último de sexta-feira (26).

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“Esse faturamento da Black Friday foi abaixo do que estávamos projetando. Teve performance abaixo do que foi a quinta-feira, que teve crescimento de 10%. Em número de pedidos, na sexta-feira, tivemos 5,2 milhões de pedidos. Isso representa 2,4% abaixo do que tivemos em 2020”, comentou Head de Inteligência da Neotrust, Paulina Gonçalves Dias.

Já em termos de volume de reclamações chegou a 9.690, ultrapassando a quantidade da edição anterior em 19%. Segundo o Reclame Aqui, a Black Friday 2021 foi resumida a consumidores com poucas reservas de dinheiro, afetados diretamente pela inflação, e varejistas sem espaço para promoções.

Com isso, a alta geral de preços minou a perspectiva de ter desconto, e o resultado foi uma maior oferta de produtos de mercearia e hipermercado, além de outros itens de baixo custo com a promessa de entrega expressa, o que se traduziu em maior volume de transações em tickets menores.

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Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, o Mercado Livre disse que o supermercado respondeu por 80% dos mais vendidos em sua plataforma. O gigante de e-commerce avaliou que além da inflação, teve o problemas de suprimento de peças e desvalorização do real, o que fez com que a indústria de tecnologia tivesse dificuldade para repassar descontos ao consumidor final.

“Não foi a Black Friday pela metade do dobro, mas a que nunca foi, nunca existiu. A gente viu a incapacidade do varejo em gerar promoção. Até houve algum desconto, parcelamentos sem juros, mas o que vimos foram os consumidores fazendo supermercado”, analisa o CEO do Reclame AQUI, Edu Neves.

Black Friday 2021 mostra um novo perfil de consumidor

De acordo com o Reclame Aqui, a entrega rápida mudou o perfil das reclamações: até 2020, esses problemas começavam a aparecer nas semanas seguintes ao dia das promoções, fase em que os consumidores comunicavam o não recebimento dos produtos no prazo estabelecido na compra. O que causou essa alteração de paradigma foi a oferta de prazos agressivos, para o mesmo dia ou para o dia seguinte às compras.

Dois fatores influenciaram essa mudança de perfil: os consumidores vieram de uma Black Friday em 2020 100% virtual e em casa, que envolveu a compra de itens mais pesados, como móveis, decoração e eletrodomésticos, muito devido ao tempo que as pessoas passavam em suas residências.

Este ano, a realidade é uma Black Friday pós-vacinação. Isso significou a volta da concorrência do online com as lojas físicas, somada ao alto índice de inflação, o que levou os consumidores a trocarem compras “pesadas” por itens de menor volume e custo, como produtos de higiene e limpeza, cama, mesa e banho, artigos para pets, livros e bebidas.

Itens que podem chegar de forma mais fácil e rápida à casa do consumidor, graças a uma logística simples.

Esse comportamento de varejistas e consumidores teve reflexo direto no ranking de reclamações para as empresas na Black Friday 2021 no Reclame AQUI. As 10 lojas mais reclamadas são grandes e-commerces, que este ano tiveram a companhia, pela primeira vez, da Etna Home Store e da Amazon.

“De certa forma, a Black Friday manteve-se a tendência dos últimos anos de termos entre as empresas mais reclamadas os varejistas online. No entanto, o que se alterou foram os motivos que levaram essas lojas ao topo. Se antes os principais problemas envolviam denúncias de propaganda enganosa e dificuldades para fechar a compra, essa promessa de prazos express é o que dominou. As varejistas, na verdade, acabaram investindo mais uma vez no marketing, em grandes atrações e lives para atrair público. Fica como reflexão para o próximo ano talvez aplicar mais esforços em negociar melhores promoções”, ressalta o CMO do Reclame AQUI, Felipe Paniago.

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Poliana Santos

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