Na hora do aperto, ETFs são instrumentos práticos de diversificação e combate ao risco

A tendência de proteção de patrimônio e de aversão ao risco foi catapultada pelo desenvolvimento do cenário de incertezas no Brasil. A degradação da cena fiscal, o crescimento da inflação e, como decorrência, o aumento mais agressivo das taxas de juros minaram os avanços da Bolsa de Valores de São Paulo (B3) e deixaram o investidor à deriva, sem saber para onde correr. Na avaliação de especialistas, em meio à neblina, fundos de índice (ETFs) aparecem como instrumentos práticos de diversificação e mitigação do risco não sistemático.

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Na quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou pela sexta vez consecutiva a taxa básica de juros (Selic), desta vez em 1,5 ponto percentual, a 7,75% ao ano. A postura mais hawkish sucedeu a divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15), que acelerou em outubro e registrou uma nova máxima para o mês dentro da série histórica, de 1,20%. É sob essa conjuntura que o ímpeto de fuga para a renda fixa dispara, mas há alternativas, e ETFs podem mostrar o caminho.

De acordo com Valter Police, head da academia e planejador fiduciário da Fiduc, a tendência natural é de migração para a renda fixa, em especial para os títulos atrelados à inflação, até porque a Bolsa vem de espiral de quedas. Nesta sexta, o Ibovespa recuou 2,09% no fechamento, aumentando a baixa na semana (-2,63%). Resultado: no mês, o índice derreteu 6,74%, depois de perder 6,57% em setembro e prolongando a série negativa iniciada em julho, a mais extensa desde os quatro recuos seguidos entre novembro de 2013 e fevereiro de 2014, como lembrou o Broadcast.

A queda acumulada então foi de 13,20%, chegando agora, no intervalo julho-outubro, a 18,37%, ressalvada a grande diferença de pontuação entre aquela época e a atual. Na sexta o Ibovespa chegou assim ao menor nível de fechamento desde 12 de novembro, então aos 102.507,01 pontos. Em 2021, a perda acumulada atinge agora 13,04%.

Muitos buscam acertar o timing de mercado: entrar e sair de juros, bolsa, inflação, mas a estratégia não funciona e tende a fazer os investidores perderem dinheiro, explicou o especialista. Melhor seria ficar investido, com uma carteira diversificada, conforme o perfil e estratégia de cada investidor.

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“Para essa diversificação, os ETFs são instrumentos práticos, de baixo custo e praticamente sem barreiras de entrada, que permitem uma ampla diversificação, inclusive para investimentos internacionais com os BDRs de ETFs que têm aumentado bastante as possibilidades para os investidores de todos os tamanhos,” ressaltou Police.

Em se tratando de ETFs, diversificação é a chave

Para Lucas Collazo, especialista em investimentos da Rico, em um cenário mais desafiador, a preferência é go back to basics — ficar alocado em papéis de qualidade e encontrar boas oportunidades em ativos descontados.

“A beleza do mercado financeiro é que os fatores não precisam ser excludentes, eles podem se somar. É a melhor resposta que tem de ser dada: não ‘ou’, mas ‘e’. Um pouco de bolsa local, porque encontramos oportunidades e acho que o retorno esperado da bolsa local é bom, mas ter também a bolsa global, que também tem um retorno esperado bom e existe a vantagem de proteção do dólar”, declarou.

“Talvez no cenário otimista, o dólar fará com que percamos um pouco de retorno, mas ganharemos no resto do portfólio, assim como perderíamos no resto do portfólio voltado para uma parte mais otimista, mas ganharíamos na bolsa global dolarizado, por exemplo. A diversificação é a grande chave,” concluiu.

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IMBB11, BOVA11, GOLD11, BACW39. Os lançamentos cada vez mais frequentes de fundos de índice (ETFs) enchem a prateleira de produtos da bolsa de valores brasileira e abrem o sorriso dos operadores da Faria Lima. Mas a cada cerimônia na sede da B3 (B3SA3) o investidor encontra mais quatro letrinhas e dois algarismos na sopa, que, se mal cozinhada, pode dar indigestão no futuro.

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A rigor, ETFs são fundos de investimentos negociados em Bolsa, com gestão passiva baseada em um índice de referência, segundo informações do portal ETF.com.vc.

No passado, havia pouco mais de 20 fundos de índice listados no Brasil. Se considerarmos BDRs de ETFs, o número de ativos passa de 115.

Dados de agosto disponibilizados pela B3 mostraram a significativa evolução de investimentos em ETFs efetuados por pessoas físicas, no que diz respeito a número de negócios e volume negociado de 2016 a 2021.

Ariane Benedito, economista da CM Capital, apontou que o ideal é utilizar a renda fixa para complementar o portfólio, sem deixar de lado a renda variável. “O mercado tende a precificar no curto prazo a mudança de comportamento e intenção dos investidores, mas ajusta os preços de equilíbrio dos ativos no longo prazo, o que pode levar a uma rentabilidade muito maior do que a renda fixa no período.”

Para Benedito, em um momento de baixa do mercado, influenciado por questões político-econômicas, investidores devem adotar posições defensivas, a partir de um portfólio descorrelacionado.

O investimento em ETFs torna-se atrativo nesse sentido, pois sua principal característica é a “diversificação, principal ferramenta de combate ao risco não sistemático, segundo a teoria das carteiras”, disse a especialista.

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Arthur Guimarães

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