Começa a temporada de resultados 3T21; veja o que esperar de cada setor
A temporada de resultados 3T21 começa em meio a um cenário macroeconômico turbulento, com aumento da percepção de risco Brasil. O Ibovespa opera descontado, segundo especialistas, e a safra de balanços será fundamental para o mercado ter maior entendimento sobre os reais impactos econômicos, globais e locais, sobre as empresas, analisa a Genial Investimentos.
Em relatório sobre as perspectivas para a temporada de resultados 3T21, a corretora destaca que, diante dos riscos atuais, o consumidor se torna mais seletivo nas suas escolhas e diminui o poder de preços das companhias.
“Assim, acreditamos que a capacidade na geração de lucro por parte das empresas vista sob a ótica das margens (receitas — custos) será primordial para identificarmos quem está fazendo a diferença”, diz texto.
Perspectivas para a temporada de resultados 3T21 por setor:
Mineração, siderurgia, papel e celulose
“Com a queda no preço do minério de ferro ao longo do trimestre devido à redução da demanda chinesa, nossas expectativas não são animadoras”, diz a Genial. Segundo a corretora, a tendência é que as mineradoras menores sofram mais com essa diminuição na cotação da commodity, devido a maior sensibilidade aos custos de frete.
Já as siderúrgicas podem apresentar volume mais resiliente e se beneficiar do aumento dos spreads entre metal e minério, segundo relatório. Ainda assim, o cenário é visto como desafiador, por causa da importância do mercado chinês para o setor e a situação de pressão sobre a oferta de commodities no país asiático.
Podem ser atingidas Vale (VALE3), Usiminas (USIM5), CSN (CSNA3) e Gerdau (GGBR4).
Petróleo e Alimentos
“Os custos de energia seguem pressionados pela alta nos preços do gás natural, carvão e de petróleo. Obviamente, essa alta dos preços de energia é positiva para exploração de petróleo”, diz a corretora. Além disso, as petroleiras também devem se beneficiar com o mercado já estimando o barril de petróleo cotado a US$ 100 em 2022.
De acordo com a Genial, nessa temporada de balanços é importante observar as consequências e reflexos em toda a cadeia produtiva. O mercado de fertilizantes, por exemplo, tem como principal insumo o gás natural e esse aumento de preços prejudica não só os custos de produção, como também diminui as margens das empresas produtoras de alimentos e commodities agrícolas.
“Temos um cenário mais desafiador à frente para produtores de alimentos e para os frigoríficos mais expostos a suínos, aves e gado de confinamento”. Nesse sentido, são atingidos por esse contexto empresas como JBS (JBSS3), BRF (BRFS3), Minerva (BEEF3), e as petroleiras: Petrobras (PETR4) e PetroRio (PRIO3).
Energia elétrica
O segmento de transmissão de energia, o mais resiliente do setor, deve seguir o mesmo ritmo dos trimestres anteriores: tranquilo e calmo. Casos de Taesa (TAEE11) e ISA Cteep (TRPL4).
Já as distribuidoras de energia devem se beneficiar do retorno das atividades presenciais, segundo a Genial, enquanto o setor de geração deve sofrer de maneira mais severa, especialmente as empresas expostas à energia hidrelétrica. Isso porque, a corretora aponta como provável a necessidade de comprar energia para cumprirem seus contratos.
Atenção para Engie Brasil (EGIE3); EDP (ENBR3) e Copel (CPLE6).
Varejo, shoppings, locadoras e supermercados
Para a Genial Investimentos, as empresas de varejo, shoppings e locadoras devem apresentar uma boa temporada de resultados 3T21. Por outro lado, o mercado deve ser impactado pelo cenário macroeconômico atual, segundo a corretora. Inflação alta, Selic subindo e problemas nas cadeias produtivas são os vilões.
“Diante deste cenário, empresas ligadas ao consumo básico (supermercados) devem atrair mais os investidores bem como empresas que atendem o público A e B, mais resilientes em épocas de cenário econômico mais negativo”, analisa em relatório.
Com isso, Carrefour (CRFB3), GPA (PCAR3) e Assai (ASAI3) entram no radar, assim como Iguatemi (IGTA3) e Multiplan (MULT3)
Mesmo com o aumento da mobilidade, a alta do dólar e dos preços dos combustíveis deve pressionar as passagens aéreas e locação de veículos, prejudicando Gol (GOLL4), Azul (AZUL4), Localiza (RENT3) e Unidas (LCAM3) nessa temporada de balanços.
Financeiro e construção civil
“Estamos otimistas com os resultados do setor financeiro, principalmente os grandes bancos com melhora das receitas provenientes do mix de produtos por conta da Selic mais alta”, diz relatório. Ponto positivo para Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC4), Santander (SANB11) e Banco do Brasil (BBAS3).
A corretora acrescenta que, nesse cenário de maior incerteza, o mercado deve buscar alocar em ações de grandes empresas e alta liquidez.
O aumento dos custos por conta de inflação e a Selic mais alta diminuíram a expectativa para o setor de construção civil nessa temporada de resultados 3T21. Nas prévias operacionais divulgadas, esse cenário mais negativo foi confirmado, sinalizando um enfraquecimento da demanda. Ponto negativo para MRV (MRVE3), Trisul (TRIS3), Tenda (TEND3) e Eztec (EZTC3).
Telecom e Tech
“O setor de telecomunicações deve apresentar bons resultados pela stiming de expansão, mas ainda pressionado, sobretudo na questão inflacionária”, alerta a Genial. Para a corretora, o aumento dos preços em geral tende a desempenhar um papel importante na redução do crescimento dos contratos pós-pagos.
Já para o setor de tecnologia, a análise da Genial para a temporada de resultados 3T21 indica que, assim como o varejo, as empresas devem sofrer mais com o cenário macro desfavorável.
