Paulo Guedes defende Renda Mínima, diz que não pediu demissão e admite furo no teto de gastos
Após especulação de saída do Ministro da Economia do governo, Paulo Guedes e o presidente Jair Bolsonaro concederam entrevista coletiva nesta tarde (22), amenizando burburinhos de demissão. No início da entrevista, o presidente se apressou em dizer que ninguém fará “nenhuma aventura” com o teto de gastos e que o benefício social é necessário para amparar os mais vulneráveis do País.
Paulo Guedes defendeu que, em vista do aumento da inflação, a população mais pobre do País precisa de suporte e o Auxílio Brasil tem como objetivo essa assistência. Segundo ministro, o impacto na parte fiscal com as mudanças na regra do teto de gastos são mínimos.
“É natural que a política queira furar teto. Quanto mais perto da eleição mais fura teto. Nossa função é fazer tudo dentro da responsabilidade. Quero assegurar que estamos de olho nesses limites. Isso não é uma falta de compromisso”, disse o ministro.
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Em relação a saída de seus secretários, Guedes minimizou o movimento ao dizer que são profissionais juntos, que pela função que exerciam tinham por compromisso defender o teto de gastos. Mas, segundo o ministro, cabe somente a ele a ao presidente analisar se a medida é necessária ou não.
“São jovens, boas pessoas, imbuídas dos trabalhos deles. Falaram ‘daqui não sai dinheiro nenhum’. ‘Mas nem para os mais frágeis?’ Precisamos atender os mais fracos”, narrou Guedes.
Vamos ter que gastar um pouco mais, disse Paulo Guedes
Paulo Guedes disse que a intenção inicial era aumentar o Auxílio Brasil com a reforma do Imposto de Renda, mas como o texto travou no Senado Federal, eles precisaram achar outra solução. “O governo não podia ficar parado. A situação técnica não funcionou e a inflação piorou, então vamos ter que gastar um pouco mais”, disse o ministro.
Em entrevista, o líder do Ministério da Economia também garantiu que o Bolsonaro tem senso de responsabilidade e sempre apoio as decisões da pasta nas horas decisivas. Mas nesse momento, quem pediu apoio e suporte nesse decisão foi ele.
“Não acho o presidente populista. Se fosse, teria pedido R$ 600, R$ 700. Ele não pede isso. Tem um monte de ministro querendo furar o teto, o presidente não. Eu continuo com ele porque acredito nas suas intenções, são boas intenções”, garantiu.
Guedes ainda afirmou que não existe uma antítese entre liberal e social. Para ele, o Auxílio Brasil é um protótipo de um programa de renda mínima. “Como posso estar contra a renda básica familiar? Quero fazer e quero o financiamento correto.”
Não é confortável flexibilizar o teto
O ministro garantiu que não se sente confortável em flexibilizar o teto de gastos, mas que, em se tratando de Brasil, há milhões de cidadãos desamparados e é necessário fazer uma escolha.
“Estou feliz que está furando o teto? Não. Detesto furar teto. Não gosto de furar teto. Mas não estamos aqui só para tirar 10 no fiscal. Temos que ter senso de responsabilidade social“, disse.
Paulo Guedes ainda afirmou que acredita no crescimento da economia brasileira em 2022. Segundo o ministro, há R$ 544 bilhões em investimentos até o final do ano. Ele ainda destacou a aprovação do projeto de capitalização da Eletrobras (ELET3). “Acho que vai ser um sucesso. Vai acontecer no primeiro trimestre do ano que vem”.
Ao confirmar que se mantém no cargo, o líder da pasta de economia afirmou que nunca pediu demissão e que seu compromisso com o presidente Bolsonaro é duplo: “Temos um olhar para saúde e social, mas também temos um olhar para responsabilidade fiscal. É o nosso compromisso um com o outro”, disse Paulo Guedes.