Dólar é negociado a R$ 5,70 com ameaça à regra do teto de gastos
Em meio ao azedume com o aumento do risco fiscal, o dólar à vista já iniciou o dia em forte alta, rompendo o teto de R$ 5,65 logo nos primeiros minutos do pregão. Era evidente o mau humor com declaração do ministro da Economia, Paulo Guedes, na quarta à noite, de que o governo pode pedir um “waiver”, uma “licença para gastar” além do que o teto permite para bancar o Auxílio Brasil.
Por volta das 10h00, o dólar hoje era negociado a R$ 5,70, com alta de 0,70%. Na véspera o mercado reagiu negativamente à aversão ao risco inflada pela sinalização do ministro da Economia de implementar o Auxílio Brasil fora do teto de gastos, e pela movimentação para mudar as regras fiscais.
Segundo o Instituto Fiscal Independente do Senado (IFI), o rombo com as mudanças anunciadas pelo governo será de R$ 95,6 bilhões.
O Ministro da Economia confirmou que parte do pagamento do Auxílio Brasil, programa que pretende substituir o Bolsa Família e pagará um benefício de R$ 400, está fora da regra fiscal.
Durante um evento virtual de entidade da construção civil, Paulo Guedes apontou que no que depender da equipe econômica, o Auxílio Brasil poderá ser financiado com cerca de R$ 30 bilhões fora do teto. Segundo o economista, o movimento não seria necessário se o Senado tivesse aprovado a reforma do Imposto de Renda.
O caldo entornou de vez com declarações do presidente Jair Bolsonaro, durante evento em Pernambuco, de que atenderia a demanda de caminhoneiros autônomos de auxílio para compensar a alta do diesel. Com isso, o mercado está apreensivo com a possibilidade de quebra do teto de gastos. O principal índice da Bolsa de Valores, Ibovespa, encerrou o pregão de ontem em forte queda de 2,75%, a 107.735,01 pontos.
Com tensão fiscal, dólar atinge nova máxima em seis meses
O dólar, por sua vez, encerrou o último pregão com alta de 1,92% frente ao real, valendo R$ 5,66 na venda. A moeda alcançou ontem uma nova máxima em 6 meses.
A aversão ao risco com o implemento do Auxílio Brasil e benefício aos caminhoneiros foi o que bastou para que o dólar, que havia arrefecido um pouco nos dias anteriores, voltasse a acelerar.