Debandada no Ministério da Economia adiciona estresse ao mercado, dizem analistas

A debandada de secretários do Ministério da Economia na noite de ontem (21) adiciona ainda mais estresse no mercado financeiro e aumenta a sensação de fragilidade do cenário econômico do País, dizem especialistas.

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Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos, afirma que com uma debandada nesse nível, saindo quatro secretários do Ministério da Economia logo após a decisão de mudanças na PEC dos Precatórios, entende-se que a maneira como está sendo construída a proposta pelo governo não é a melhor possível.

“O fato é que estão sendo buscadas alternativas para driblar o limite imposto pelo teto dos gastos. Se não foi via crédito extraordinário, eles trouxeram, sob a justificativa da pandemia, a revisão da regra que aconteceria em 2026 para 2021. São subterfúgios para mudar a regra fiscal, que é muito importante para uma economia emergente como o Brasil”.

A economista ainda destaca que o teto de gastos foi o que deu garantia, nos últimos anos, para o investimento estrangeiro no Brasil. Com a revisão da regra que aumenta o limite de gastos, o cenário fiscal pode ser visto como mais frágil.

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Para os analistas da corretora XP Investimentos, o texto da PEC dos Precatórios foi uma vitória da ala política, em detrimento das contas públicas.

Junto a saída dos secretários, houve burburinhos de que o próprio líder do Ministério da Economia, Paulo Guedes, também sairia. Mas o próprio presidente Jair Bolsonaro garantiu que Guedes fica. Entretanto, a permanência pode não ser mais um fator tão reconfortante para o mercado financeiro, conforme explica Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos.

“O fato é que Guedes, ou por fraqueza ideológica ou por fraqueza política é bem menor do que já foi em outros momentos. Evidentemente que sua saída abriria um flanco sem precedentes na já fragilizada diretriz econômica do governo”, diz Sanchez.

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Em sua live semanal, o presidente Jair Bolsonaro ironizou a reação do mercado financeiro, dizendo que o mercado fica “nervosinho” com a criação de despesas que ameaçam o teto de gastos.

Para Thomas Giuberti, economista e sócio da Golden Investimentos, o receio do mercado é que essa não seja a última investida contra a manutenção do teto de gastos.

“O temos é que fique esse horror sem fim, de que o governo faça esse puxadinho agora e daqui alguns meses invente outro. Esse não é um ambiente benigno para a bolsa”, diz Giuberti, que aconselha aos investidores fazer movimentos suaves e ter muita paciência.

Na análise da Guide Investimentos, nesta sexta, o mercado deve manter o viés negativo, principalmente porque a debandada dos secretários contribui para minar a credibilidade fiscal do governo.

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Logo na abertura, às 10:10, o Ibovespa apresentava queda de 0,40%, operando aos 107.346 pontos.

Debandada no Ministério da Economia

Na noite de ontem (21), a comissão especial da Câmara aprovou o texto da PEC dos Precatórios que institui um limite ao pagamento das dívidas e altera a regra do teto de gastos, a fim de liberar recursos para viabilizar o Auxílio Brasil turbinado a R$ 400. As mudanças tiveram chancela do líder no Ministério da Economia, Paulo Guedes, porém, desagradou uma parte dos seus secretários.

Logo após a decisão, quatro membros do Ministério da Economia pediram exoneração dos seus cargos, em mais uma debandada da pasta. Saíram:

  • Bruno Funchal – secretário de Tesouro e Orçamento;
  • Jeferson Bittencourt – secretário do Tesouro Nacional;
  • Gildenora Dantas – secretária-especial-adjunta de Tesouro e Orçamento;
  • Rafael Araujo – secretário-adjunto do Tesouro Nacional.

Além dos membros do Ministério da Economia, o secretário de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, José Mauro Coelho, também pediu demissão do posto.

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Monique Lima

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