Dólar fecha em alta de 1,21%, com cautela no cenário externo e PIB da China no radar
O dólar encerrou as negociações desta segunda-feira (18) em alta de 1,21%, frente ao real, valendo R$ 5,521 na venda.
O dólar hoje acompanhou o Produto Interno Bruto (PIB) e a produção industrial na China, que vieram abaixo do esperado e reacendem temores sobre a recuperação da economia global após os choques da pandemia de coronavírus (Covid-19) e sob impacto da crise energética no país.
Fernanda Consorte, economista-chefe do Banco Ourivest explica que hoje o ambiente foi de cautela com o cenário externo por causa dos dados mais fracos na China, o que acaba pesando mais para as moedas emergentes, de modo geral.
Os investidores também ficaram de olho no Boletim Focus, divulgado hoje pelo Banco Central (BC). No documento, a autoridade monetária manteve sua projeção para o dólar em 2021 e 2022.
A mediana das expectativas para o dólar no fim de período deste ano continuou em R$ 5,25, ante R$ 5,20 de um mês atrás. Para 2022, a estimativa para o câmbio também foi mantida em R$ 5,25, de R$ 5,23 há quatro semanas.
Além disso, no relatório do Boletim Focus, o mercado elevou novamente a previsão para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 0,10 ponto percentual (p.p.) acima da última projeção, para 8,69%. Trata-se da 28ª elevação consecutiva do mercado para a estimativa de inflação no Brasil em 2021.
Movimentação do dólar hoje
O dólar americano já abriu a sessão de hoje em alta, repercutindo a cautela do mercado após a divulgação do PIB da China. O estado de greve dos caminhoneiros desde sábado (16) também estava sendo monitorado, e eles programam parar no dia 1º de novembro, caso o governo não atenda às reivindicações em 15 dias.
A categoria exige piso do frete, nova política para o diesel e aposentadoria especial. Segundo o jornal Estado de S.Paulo, apurou, porém, o governo federal vê a mobilização como ameaças feitas antes – e que mais uma vez não devem ser cumpridas.
No decorrer do dia, a divisa americana se manteve em alta, mesmo após o Banco Central (BC) injetar US$ 1,2 bilhão no mercado de câmbio com a venda líquida de contratos de swap cambial tradicional, divididos entre um leilão extraordinário e um já previsto em calendário.
Os esforços do BC em fazer um leilão a mais vieram depois do dólar à vista alcançar R$ 5,542 pela manhã, com o mercado apresentando maior demanda por moeda estrangeira num dia de aversão ao risco.
Notícias que movimentaram o dólar
Além disso, veja algumas notícias que movimentaram o dólar durante a sessão de hoje:
- Produção industrial dos EUA tem queda inesperada de 1,3% em setembro ante agosto
- BC não vê risco relevante para a estabilidade financeira
- PIB da China desacelera e cresce 4,9% no 3º trimestre, abaixo do esperado
Produção industrial dos EUA sofre queda
A produção industrial dos Estados Unidos sofreu queda de 1,3% em setembro ante agosto, segundo dados publicados nesta segunda-feira pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano).
O resultado frustrou a expectativa de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam alta mensal de 0,2%.
O Fed também revisou para baixo o resultado da produção industrial de agosto ante julho, de alta de 0,4% para redução de 0,1%. Já a taxa de utilização da capacidade instalada caiu um ponto porcentual em setembro, a 75,2%, contrariando previsão de avanço a 76,5%. A de agosto foi revisada para baixo, de 76,4% para 76,2%.
Não há risco relevante para a estabilidade financeira no Brasil, diz relatório do BC
O Relatório de Estabilidade Financeira (REF) do primeiro semestre de 2021, divulgado nesta segunda-feira pelo Banco Central (BC), traz a avaliação de que não há risco relevante para a estabilidade financeira no Brasil. De acordo com a autoridade monetária, os testes de estresse de capital demonstram que o sistema bancário está preparado para enfrentar todos os choques macroeconômicos simulados.
O documento relata que, na primeira metade do ano, o Sistema Financeiro Nacional (SFN) manteve suas provisões elevadas, enquanto as perdas esperadas com crédito se reduziram. O relatório mostra ainda que a capitalização do sistema bancário melhorou e a liquidez manteve-se confortável.
“Esse desempenho está em linha com a evolução positiva da economia doméstica, em um período de recuperação parcial da confiança dos agentes econômicos e de avanço da campanha de vacinação”, completou o BC.
O BC aponta dados da Pesquisa de Estabilidade Financeira que mostram que as instituições financeiras elevaram ainda mais sua confiança, com redução das preocupações com a inadimplência e a atividade econômica. Além disso, o avanço da vacinação reduziu as preocupações com os impactos da crise sanitária.
PIB da China desacelera
O PIB da China desacelerou para 4,9% no terceiro trimestre de 2021 em relação ao mesmo período do ano passado, apontam dados divulgados no domingo (17), pelo Escritório Nacional de Estatísticas chinês (NBS, na sigla em inglês).
O resultado ficou abaixo não só da expectativa do mercado, que projetava crescimento de 5,1% para o PIB da China, mas também da comparação trimestral, que havia marcado uma taxa de crescimento de 7,9% entre abril e junho.
Desde o início de 2021, o crescimento econômico da China acumula alta de 9,8% em relação ao mesmo período do último ano.
Entre os fatores que contribuíram para a desaceleração do crescimento chinês estão:
- repressão aos setores de tecnologia, educação privada e imobiliário;
- problemas de energia causados pelo aumento dos preços do carvão e pelas metas mais agressivas de Pequim; e
- interrupções na cadeia de suprimentos causadas por surtos de Covid-19,
- escassez de semicondutores e paralisações no setor industrial.
Última cotação do dólar
Na última sessão, sexta-feira (15), o dólar encerrou em queda de 1,11%, negociado a R$ 5,45.
(Com informações do Estadão Conteúdo)