Citado por ministros, Mansueto é cotado para substituir Paulo Guedes, diz site

Ex-secretário do Tesouro Nacional e hoje executivo no banco BTG Pactual (BPAC11), o economista Mansueto Almeida foi citado por integrantes do governo federal como um dos cotados para assumir o ministério da Economia no lugar de Paulo Guedes, segundo reportagem do site Poder 360 publicada neste domingo (10).

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Mansueto é hoje economista-chefe do BTG. De acordo com a matéria do site, o ex-secretário do Tesouro – que ficou no posto até julho de 2020 – é visto por membros do governo como uma resposta para atenuar a ansiedade do mercado em relação às incertezas sobre a condução de reformas e as contas públicas.

Pesam também contra Guedes a pressão inflacionária, a alta do dólar, indefinição sobre as privatizações e a divulgação, no último domingo (3), de contas do ministro em paraísos fiscais. O desgaste de Guedes seria irreversível, afirma a matéria do site, sem citar nomes de ministros.

Guedes e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, depositaram milhões de dólares em offshores das Ilhas Virgens Britânicas. A revelação foi feita por veículos de imprensa e jornalistas que integram o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês), no megavazamento de documentos batizado de Pandora Papers. O Poder 360 faz parte desse consórcio.

Segundo as reportagens, Paulo Guedes é dono da offshore – ainda ativa – Dreadnought em que aportou US$ 9,55 milhões de dólares desde 2014 — antes, portanto, de se tornar ministro da Economia, cargo que passou a ocupar em janeiro de 2019, no governo Jair Bolsonaro. Em nota, o Ministério da Economia informou que Guedes comunicou sua participação na empresa antes de se tornar ministro e desde então deixou de atuar no mercado.

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Roberto Campos Neto, por sua vez, chegou a ter US$ 1,09 milhão de dólares em duas offshores: a ROCN Limited e a Cor Assets S/A, encerradas em 2016 e em 2020, respectivamente. No caso da Cor Assets, Campos Neto atuou como banqueiro central do Brasil e presidente da offshore durante 15 meses, até o fechamento da empresa registrada no paraíso fiscal. As operações, sustenta Campos Neto, foram declaradas à Receita Federal e informadas ao Senado Federal quando de sua sabatina para chefiar o BC.

Mansueto, lembra o site, conhece o presidente Jair Bolsonaro. Ministros teriam reclamado da atuação de Guedes no comando da pasta e citaram o episódio das offshores como oportunidade para efetivar a mudança no número um da equipe econômica.

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O ministro terá que se explicar à Procuradoria-Geral da República (PGR) e ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o caso da sua empresa offshore.

Mansueto Almeida: ministros dizem que ele seria resposta ao mercado contra crise Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Mansueto, hoje do BTG: ex-secretário do Tesouro é visto por membros do governo como resposta para atenuar a ansiedade do mercado sobre a crise. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Guedes: presidente do BNDES também é opção para substituir ministro

Os advogados de Paulo Guedes devem apresentar um parecer sobre a questão às autoridades, explicando que o ministro teria se afastado da gestão da offshore (chamada Dreadnoughts) no fim de 2018 – em dezembro, um mês antes de assumir como ministro.

Em nota oficial, a defesa do ministro negou que Guedes tenha atuado de forma a misturar interesses públicos com privados.

Assinada pelos advogados Ticiano Figueiredo e Pedro Ivo Velloso e enviada pela assessoria de imprensa do Ministério da Economia, a nota informou que os documentos a serem enviados aos dois órgãos mostram não ter havido nenhuma remessa ou retirada de valores para a companhia, que funciona nas Ilhas Virgens Britânicas, desde que Guedes tomou posse como ministro da Economia.

A defesa negou que ele tenha se beneficiado de forma privada de qualquer decisão relativa à política econômica brasileira.

Segundo o comunicado, toda a documentação e informação pessoal do ministro foi enviada à Comissão de Ética Pública e aos demais órgãos competentes, no início do mandato. A nota classificou de “ilações e mentiras” as acusações de que o ministro tenha usado o cargo para aumentar a fortuna pessoal.

O texto acrescenta que Guedes juntará todos os documentos necessários para demonstrar que não violou o Código de Conduta da Alta Administração Federal nem a Lei de Conflitos de Interesses.

Na terça (5), a Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados aprovou convocação para que Guedes detalhe a participação na offshore.

A Comissão de Assuntos Econômicos do Senado aprovou o convite para que Guedes e o presidente do Banco Central, que manteve uma offshore no Panamá até outubro de 2020, apresentem explicações.

Na segunda (4), a PGR abriu uma investigação preliminar sobre o caso.

Gustavo Montezano, presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), também seria outro cotado para substituir Guedes. Bolsonaro não comentou o caso nem saiu em defesa de Guedes. Dois filhos do chefe do executivo, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o senador Flávio Bolsonaro (Patriotas-RJ), isentaram Guedes de culpa no caso das offfshores, lembra a reportagem do site.

Um vídeo de ministros postado em redes sociais pede a demissão de Guedes por “justa causa”.

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Marco Antônio Lopes

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