Ibovespa recua mais de 2% com cautela nos EUA e baixa do minério; Banco Inter (BIDI4) tomba 10%
O Ibovespa opera em forte queda na tarde desta terça-feira (28), acompanhando o viés vendedor nos Estados Unidos e a crise energética global. No mercado de commodities, o minério de ferro também pesa sobre as empresas ligadas à matéria-prima.
Por volta das 13h44, o Ibovespa caía 2,26%, aos 111.044 pontos. O índice ainda cai mais de 6% no acumulado de 2021. O dólar, por outro lado, sobe 0,87%, para a casa de R$ 5,434.
A tendência cautelosa norte-americana tem como base a expectativa pelo corte de estímulos por parte do Federal Reserve (Fed). Uma política monetária mais contracionista deve diminuir a liquidez dos mercados, além de elevar o rendimento das Treasuries.
Os títulos públicos estadunidenses atingiram seu maior patamar dos últimos três meses, operando acima de 1,5%. Com isso, gera o temor de aumento da taxa de juros, o que pressiona as empresas ligadas a tecnologia e alto crescimento.
O que mais movimenta o Ibovespa hoje
- Em ata, Copom reforça ciclo de alta da Selic;
- Crise energética global acentua preocupações;
- Minério de ferro volta a tombar na China.
Copom antevê ajuste na mesma magnitude da Selic
O Comitê de Política Monetária (Copom) reafirmou nesta terça, por meio da ata de seu último encontro, a intenção de promover novo aumento da Selic (taxa básica de juros) em setembro.
Após a elevação de 1 ponto porcentual na semana passada, para 6,25% ao ano, o BC disse hoje na ata do Copom que, para a próxima reunião, “antevê outro ajuste da mesma magnitude”.
Em outro ponto, o colegiado considerou que, no atual estágio do ciclo de elevação de juros, “esse ritmo de ajuste é o mais adequado” para garantir a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante e, simultaneamente, permitir que o Comitê obtenha mais informações sobre o estado da economia.
“A autoridade reforçou a mensagem que o ciclo poderá ser longo o suficiente para que haja a convergência das expectativas de inflação para o horizonte relevante”, comentou Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos. A corretora prevê que a Selic chegará a 9,25% na primeira reunião de 2022.
Crise energética assola a Europa
A Europa tem passado por uma crise energética que levou o gás natural e os preços de energia a patamares recordes. Pequenas empresas do setor no Reuno Unido acabaram quebrando nos últimos dias.
Nos últimos 12 meses, o gás natural subiu mais de 500% no Velho Continente. Isso pressiona ainda mais o barril de petróleo do tipo Brent, que pode chegar a US$ 90, segundo o Goldman Sachs.
Esse processo reforça a ideia de desaceleração econômica global após a retomada do pós-pandemia e deixa o mercado com o pé atrás.
Aqui no Brasil, o impacto recai sobre o preço dos combustíveis. O presidente da Câmara, Arthur Lira, disse que buscará alternativa para evitar novas altas e que o “Brasil não pode tolerar gasolina a quase R$ 7”.
Lira também criticou o diretor da Petrobras (PETR4), Cláudio Mastella, que atribuiu o aumento dos preços em função da alta do dólar.
A divisa dos Estados Unidos sobe cerca de 1,5% no ano contra o real. Contudo, vale ressaltar que o petróleo, especificamente do barril Brent, utilizado pela Petrobras, já subiu mais de 40% no ano e está no maior patamar desde outubro de 2018.
Falta de energia na China pesa sobre o minério de ferro
A crise de energia na China, que levou a racionamento, também atinge outras commodities. Siderúrgicas do país reduziram a produção de aço, o que pressionou os preços do minério de ferro.
A cotação futura do minério, negociado em Singapura, chegou a cair 7,4%, com as restrições impostas pelo governo pela produção de aço. Além disso, neste mês, mais de 80 siderúrgicas suspenderam a produção para manutenção, segundo a consultoria Mysteel.
O minério, dessa forma, interrompeu o rali de cinco dias consecutivos de alta, saindo de US$ 90 até cerca de US$ 120.
O episódio da crise energética que assola a Europa e a China se juntam à expectativa de menor produção de aço no país asiático, com restrições do governo chinês podendo se estender ao menos até o fim deste ano.
Com isso, as ações da Vale (VALE3) recuam quase 4% no pregão de hoje. Usiminas (USIM5) tomba quase 6%, ao passo que a Gerdau (GGBR4) cai 2,5%.
Maiores altas do Ibovespa
Confira as altas do índice Ibovespa, por volta das 14h05:
- Minerva (BEEF3): +1,55%
- BRF (BRFS3): +0,91%
- Taesa (TAEE11): +0,44%
- BB Seguridade (BBSE3): +0,40%
- JBS (JBSS3): +0,03%
Maiores baixas do Ibovespa
No mesmo horário, as maiores baixas do Ibovespa eram:
- Intermédica (GNDI3): -7,10
- Méliuz (CASH3): -7,28%
- Petz (PETZ3): -7,71%
- Banco Inter PN (BIDI4): -10,22%
- Banco Inter (BIDI11): -11,09%
Bolsas mundiais
Além do índice Bovespa, confira a cotação dos principais índices mundiais nesta tarde:
- S&P 500: -2,05%
- DAX 30 (Alemanha): -2,09%
- FTSE 100 (Inglaterra): -0,50%
- Euro Stoxx 50: -2,56%
- SSE Composite (Xangai): +0,54% (fechada)
- Nikkei 225 (Japão): -0,19% (fechada)
Última cotação do Ibovespa
De forma distinta ao Ibovespa hoje, o índice acionário encerrou as negociações na última segunda com uma alta de 0,27%, aos 113.583,01 pontos.