A educação financeira faz parte do dia a dia da sua família?
A educação financeira é um tema que vem ganhando cada vez mais importância. Muitas escolas já se prepararam para tratar do assunto, mas é importante considerar também o papel das famílias. Por exemplo: você já parou para pensar que a educação financeira não é só uma questão teórica, mas que ela também é parte do dia a dia de sua família?
O principal desafio, então, é transformar conceitos em práticas. Neste artigo, vou apresentar algumas sugestões de como isso pode ser feito.
O conteúdo é só o começo
Os programas de educação financeira estão no radar de várias organizações no Brasil e no mundo. Um dos mais interessantes, desenvolvido pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), sugere que as competências essenciais da educação financeira para jovens sejam desenvolvidas em três etapas:
● conscientização, conhecimento e compreensão;
● confiança, motivação e atitudes;
● hábitos e habilidades.
Esses momentos de aprendizado não acontecem apenas na escola. As famílias precisam participar. Por isso, faço aqui uma provocação: você já pensou em quais instrumentos utiliza para desenvolver bons hábitos e construir comportamentos adequados nos adolescentes da sua família?
Colocando em prática
Segundo a OCDE, existem quatro tipos de conteúdos para serem desenvolvidos na educação financeira dos jovens. Minha recomendação é que a partir desses temas você comece a criar rotinas para ajudar a transformar conhecimentos em aprendizados.
Confira algumas dicas:
● Dinheiro e transações: trata de receber, pagar e comprar. Na prática, isso significa dar dinheiro em uma quantia suficiente para que os jovens tenham autonomia na
hora de consumir. Também é importante ensiná-los a consultar o extrato e controlar os gastos.
● Planejamento e gestão: esse conhecimento começa com a preparação de um orçamento. Dar uma mesada fixa ajuda o adolescente a entender que os recursos
financeiros são limitados e que devem ser usados de forma disciplinada, em um determinado período de tempo. Receber mesada ajuda, ainda, a se preparar para
poupar. Esse tema também tem a ver com o crédito — o uso dos meios de pagamento por adolescentes, inclusive o cartão de crédito, já foi tema de uma coluna anterior.
● Riscos e recompensas: os conteúdos mais avançados incluem temas como segurança financeira e o balanço entre risco e retorno dos investimentos. Na fase da
adolescência, essas situações não costumam fazer parte do cotidiano. Ainda assim, a família pode buscar formas de complementar o programa da escola com
conversas e reflexões conjuntas.
● Cenário financeiro: estes tópicos tratam de questões mais amplas: como funciona o sistema bancário, para que servem os impostos, e até a prevenção de fraudes.
Algumas delas também podem ser temas de conversas em família, como por exemplo direitos do consumidor, entre outras.
Criando hábitos
O economista Richard Thaler, ganhador do prêmio Nobel de Economia, afirma que o conhecimento adquirido em programas de educação financeira pode se perder depois de dois anos, se o conteúdo ficar apenas no plano teórico, sem se transformar em novos hábitos.
Em 2020, Thaler participou de um evento do mercado de capitais brasileiro e lançou uma provocação ao perguntar se os participantes ainda lembravam do que aprenderam nas aulas de Química da escola. Se você não trabalha na área, provavelmente irá responder o mesmo que eu: muito pouco.
É por isso que a educação financeira precisa entrar no dia a dia: ao se incorporar na rotina, o conhecimento se torna hábito. E você? Que aspectos da rotina podem ajudar a criar bons hábitos financeiros para as crianças e adolescentes da sua família? Compartilhe sua experiência nos
comentários!