Calote da Evergrande assusta mercado e especialistas veem risco de colapso na China

Com a possibilidade iminente da Evergrande dar um calote de US$ 300 bilhões na China, os mercados tombam nesta segunda-feira (20), com quedas em praticamente todos os índices mundiais, com exceção do Nikkei e do SSE Composite, fechados em decorrência do feriado.

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A crise ganhou repercussão após a possibilidade concreta de calote da Evergrande, segunda maior incorporadora imobiliária da China, vir a público na terça-feira (14) afirmar que há uma possibilidade de a companhia não conseguir honrar suas dívidas.

Com o montante colossal a ser pago, analistas já alertam para a possibilidade de um colapso no sistema financeiro chinês, o que eventualmente também geraria problemas em cadeia nos mercados e nas economias internacionais, considerando que a companhia chinesa possui empréstimos e títulos com outras instituições.

Recentemente a Bloomberg revelou que algumas das maiores instituições financeiras do mundo, como UBS, BlackRock e Ashmore, têm “quantias significativas” em títulos da Evergrande, que agora corre risco de falência.

O estrategista-chefe do UBS, Bhanu Baweja, afirmou recentemente que o grupo “não deve ocasionar um evento Lehman”, em referência à falência do banco Lehman Brothers, um dos principais na crise financeira desencadeada pela bolha imobiliária, em 2008. Em nota oficial, a companhia deu um novo tom ao evento.

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“Há três semanas não víamos nenhum risco iminente de ocorrência de um evento de crédito para Evergrande. Desde então, houve uma série de contratempos que nos levaram a acreditar que um evento de crédito parece inevitável”, disse a UBS.

A Vista Capital escreveu em julho, em carta do seus fundos, sobre a questão.

“Um adendo, com implicações tanto para Brasil quanto para a economia global, sobre eventos recentes da China: o frenesi regulatório em curso, além dos impactos óbvios sobre as ações dos setores envolvidos, terá implicações potencialmente importantes sobre as perspectivas de longo prazo de crescimento da China, o que foge do escopo dessa carta”, consta no documento intitulado Carta do gestor – Vista Macro.

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“No entanto, a piora contínua nos bonds da Evergrande, a principal incorporadora chinesa, tem nos chamado atenção, em um contexto em que as expectativas de policy easing para o setor de real estate tem sido consistentemente desapontadas. A garantia implícita do governo central para bailout das empresas endividadas está em cheque. O governo chinês está claramente priorizando os desafios demográficos de um país que está envelhecendo antes de ficar rico. O peso das hipotecas e dos altos preços de imóveis são percebidos com obstáculos centrais para a formação de famílias. Além disso, o governo entende que o setor de properties absorve muito do crescimento do crédito e contribui para enfraquecer o consumo”, acrescenta.

Nas redes, alguns comentários destacam o efeito negativo e mensuram o tamanho do caos financeiro que pode ser gerado com a o efeito Evergrande.

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“Uma curiosidade, a Evergrande deve 180 milhões de yuans em juros por dia”, frisa o economista Igor Mundstock, fundador da Mundstock Educacional, em sua conta no Twitter.

Veja outros comentários e análises sobre a Evergrande nas redes sociais

Apesar dos credores e títulos de dívida em outros países, uma parte significativa dos principais bancos citados no site da Evergrande são estatais, de desenvolvimento, apólice, entre outros. Ou seja, tem pouco envolvimento internacional  – que fica com os bonds, detidos pela UBS e pela Ashmore, por exemplo.

Com a crise se alastrando internamente, bolsas e commodities caem:

Cotação da Evergrande

Desde o início do ano, as ações da Evergrande já caem 83%, com a derrocada iniciando em meados de junho de 2020. A cotação mais recente é de HK$ 2,28, ante HK$ 25,80 vistos na metade do ano passado. A máxima da companhia foi em 2017, com HK$ 31,55.

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Eduardo Vargas

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