Vale (VALE3) paga R$ 40,2 bilhões em dividendos mas UBS recomenda venda; entenda

Após o fechamento do pregão na noite da última quinta-feira (16), a Vale (VALE3) anunciou a distribuição de R$ 40,2 bilhões em dividendos. O pagamento, um dos maiores da história do País, será de R$ 8,10 por ação. No mesmo dia, o banco UBS recomendou a venda das ações da mineradora.

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Segundo a instituição, as American Depositary Receipts (ADRs) da empresa valem US$ 15, sendo que hoje negociam acima de US$ 16. O pessimismo do UBS com as ações da Vale tem algumas razões.

A primeira delas diz respeito às restrições de produção de aço na China. O país tem mostrado preocupação frente a sua poluição, e isso faz com que as usinas recorram a um minério de ferro mais barato e de menor qualidade.

A commodity com prêmio mais alto, foco de produção Vale, tem ficado de lado.

Além disso, o UBS também chama atenção para o aumento da oferta de minério de ferro globalmente e dentro do território chinês.

“O risco de baixa está aumentando. Como em 2015, a produção de aço chinesa (ou seja, que puxa a demanda por minério) agora está diminuindo devido às restrições ao estímulo à produção e à construção”, comentaram os analistas Andreas Bokkenheuser, Cleve Rueckert e Cadu Schmidt.

“Acompanhado de aumento da oferta de minério de ferro, tanto nacional quanto globalmente, o mercado de minério de ferro agora está se movendo rapidamente para um excedente de 150 milhões de toneladas em 2022.”

Isso faz com que a previsão do UBS para o preço da commodity em 2022 fique em US$ 89 por tonelada — sendo que, na visão do banco, hoje o mercado precifica US$ 100 por tonelada na cotação da Vale.

Em maio deste ano, época de máximas histórias das empresas de mineração e siderurgia, a tonelada era negociada a mais de US$ 200.

Custos e dividendos da Vale, segundo o UBS

No relatório divulgado, o UBS também comentou sobre os custos da Vale, que aumentaram nos últimos anos — o que terá maior relevância durante o ciclo de baixa do minério.

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Após o rompimento da barragem em Brumadinho, os custos de produção da Vale aumentaram para US$ 35 por tonelada. Além disso, taxas de frete entre Brasil e China dobraram nos últimos 12 meses, para US$ 30.

Em função de todo o cenário com viés baixista, os analistas do UBS disseram que com o minério abaixo de US$ 100 por tonelada, os dividendos da Vale deverão ser menos atrativos.

Embora a recomendação seja de venda, a instituição disse que a Vale deve ter melhor desempenho em 2022 que a Rio Tinto e FMG, australianas e concorrentes da empresa brasileira no segmento de mineração.

Por volta das 10h40 desta sexta-feira, as ações da Vale recuavam 1,48%, para R$ 86,63, na B3. Em Nova York, os papéis caíam 2,81%, para US$ 16,26.

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Jader Lazarini

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