Comércio com China responde por 67% do superávit brasileiro em 2021, diz FGV
De janeiro a agosto deste ano, as movimentações comerciais entre Brasil e China responderam por 67% do superávit acumulado pela balança comercial do País em 2021. Os dados são do Indicador de Comércio Exterior (Icomex), do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
Em agosto, a balança comercial atingiu um novo valor recorde na série histórica, de US$ 7,6 bilhões, o que levou a um saldo de US$ 52,1 bilhões acumulados nos oito primeiros meses deste ano. O saldo do comércio com a China foi de US$ 35 bilhões.
Sem as trocas comerciais com os chineses, o superávit brasileiro teria sido de US$ 17,1 bilhões. “Em adição, com o segundo maior parceiro comercial do Brasil, os Estados Unidos, o país é deficitário”, alertou a FGV, em nota.
O Icomex destaca que a soja, o minério de ferro e o petróleo correspondem a 45% das exportações brasileiras de janeiro a agosto. Neste período, a China comprou 63% do minério de ferro, 69% da soja em grão e 49% do petróleo.
A China também teve elevada participação nas compras de carne bovina (57%) e celulose (42%) brasileiras.
O relatório esclarece que os ventos favoráveis à balança comercial brasileira estão estritamente associados ao desempenho no mercado chinês. “Supondo que este continue favorável, os possíveis riscos seriam: aumento das importações com a retomada de um crescimento sustentado do país, num ambiente de valorização cambial, e/ou uma queda acentuada nos preços das commodities”, diz texto.
Relações com a China em 2022
Para 2022, o aumento das importações com crescimento sustentado é um cenário distante, logo a questão se resume, em grande medida, ao desempenho da China para assegurar o crescimento das exportações do país.
Com o fim dos estímulos financeiros associados ao enfrentamento da pandemia de Covid-19, é esperada uma menor demanda para minério de ferro. “Questões climáticas podem continuar afetando o preço dos grãos e, ao mesmo tempo, a reorganização da criação de suínos na China pode diminuir a demanda por ração animal (soja)”, avaliou a FGV.
A demanda chinesa poderá se traduzir em taxas menores de crescimento, mas os pesquisadores da FGV não esperam um recuo nas importações do gigante asiático.
Segundo a nota do Icomex, o “superávit comercial para 2022 está assegurado, o que é um fator importante, num momento em que há incertezas quanto à entrada de capital via investimentos diretos ou em portfólio no País. Como o Brasil é historicamente deficitário em serviços e rendas, um menor déficit em transações correntes fica dependente da balança comercial”.
O relatório ressalta, porém, que, considerando uma perspectiva de médio e longo prazo, o Brasil deveria buscar garantias via acordos com a China para as vendas de commodities ao mesmo tempo em que deveria perseguir uma diversificação da pauta exportadora em termos de produtos e países de destino.
Com informações de Estadão Conteúdo.