Cristiane Quartaroli

Projeções em risco

Apesar do início da vacinação, as projeções econômicas continuam a ser revisadas. E para pior!

Toda semana, o Banco Central divulga o relatório Focus, que apresenta um compilado com as projeções de várias casas sobre as muitas variáveis econômicas, dentre as quais destaco os dados de crescimento, inflação, câmbio e juros.

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As projeções são importantes para que as empresas e cidadãos comuns possam planejar suas ações de curto, médio e longo prazo. Ou seja, servem como um tipo de planejamento. Considerando a situação atual e no que acreditam que poderá acontecer no futuro (projeções!!), é possível tomar decisões como gastar mais ou poupar, por exemplo.

Dito isto, sabemos que nossa economia sofreu muito no último ano em e meio com o avanço da pandemia. Passamos um bom período com restrição de circulação, dentro de casa, com lojas fechadas, empresas se adaptando ao home office e indústrias tendo que reduzir produção por falta de demanda. Então, as projeções que haviam sido feitas no final de 2019 foram sendo revisadas conforme a pandemia avançava.

As incertezas eram tantas, que até hoje as revisões têm sido constantes.

Apesar da sinalização ser de que o pior momento finalmente passou e, após o início da vacinação, a economia parece que começou a encontrar os trilhos novamente, as projeções econômicas continuam a ser revisadas. E para pior!

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Por exemplo, as projeções para a inflação deste e do próximo ano vêm aumentando com mais força desde o final do ano passado e hoje já se espera que o IPCA chegue à 8,0% no final deste ano. Uma alta e tanto.

Já as projeções para o crescimento econômico começaram a cair desde meados de agosto, mesmo considerando que 2021 terá uma ajudinha estatística, afinal, é mais fácil crescer comparado à uma base baixa… e muito baixa do ano passado. Mas a expectativa de crescimento para 2022 também caiu, ou seja, esperar uma recuperação mais sustentável de nossa economia parece que ainda vai demorar.

E os juros? Bom, com a inflação acima dos 9% no acumulado dos últimos 12 meses (vide resultado do IPCA que saiu na semana passada) está difícil imaginar que o Banco Central irá manter juros abaixo de 2 dígitos por muito tempo.

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A pesquisa Focus mostra que o mercado projeta juros de 8,0% para o final deste ano – acho que será mais que isso. Além disso, as projeções para a taxa de câmbio permanecem acima dos US$/R$5,2 para este e próximo ano.

Também acho que poderá ficar mais alta ano que vem, com a aproximação das eleições. Ou seja, aquela viagem para a terrinha do tio San está ficando cada vez mais distante.

Tudo isso sem falar sobre as perspectivas para as contas fiscais… deterioração na certa. Mas isso é assunto para outro dia.

Então, olhando para frente, ou fazendo projeção, como queiram; o Brasil está chegando ao fim dessa pandemia (está?) com a saúde em apuros, precisando urgente de uma injeção de ânimo e competência para voltar a respirar sem a ajuda de aparelhos. Quem arrisca projetar quando esse dia vai chegar?

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Nota

Os textos e opiniões publicados na área de colunistas são de responsabilidade do autor e não representam, necessariamente, a visão do Suno Notícias ou do Grupo Suno.

Cristiane Quartaroli

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