Dólar deve fechar o ano em R$ 5,00, diz o BTG (BPAC11); entenda o que influencia o câmbio
A expectativa da equipe de macro research do BTG Pactual (BPAC11) digital para a cotação do dólar frente ao real, no final deste ano, está na base dos R$ 5,00, diz relatório divulgado nesta semana.
A equipe afirma em documento que. após uma aceleração significativa entre junho e agosto, a volatilidade do real caiu nas últimas semanas, período em que a cotação do dólar “andou de lado”, próxima a R$ 5,20.
“A relação entre a volatilidade do real de 1 mês e 12 meses está retornando à média histórica”, diz o relatório. Trata-se de um fator importante para a depreciação do dólar até o final do ano.
Os especialistas de macroeconomia do BTG Pactual digital destacaram que a precificação de risco da economia brasileira nos últimos dias seguiu trajetória semelhante à de seus pares emergentes: “O movimento foi motivado pela melhora nos fundamentos econômicos a partir da aceleração da vacinação e do alívio da aversão ao risco no mercado internacional.”
Entre os fatores que podem influenciar nessa previsão de dólar feita pelos analistas do banco, as questões políticas do País se destacam.
Segundo o documento, setembro é um mês decisivo para o risco doméstico do País. Isso porque, tendo em vista o calendário eleitoral de 2022, as reformas e outros projetos importantes que estão em análise pelos parlamentares precisam ser votadas até o dia 30.
Caso contrário, “poucas mudanças relevantes serão feitas até que a composição do novo governo seja definida”, diz o relatório.
Além da agenda política, outros dois eventos devem marcar o nono mês do ano: o encontro do FOMC nos Estados Unidos e a reunião do COPOM no Brasil.
Fed pode decidir quando iniciar o “tapering”
Previsto para o próximo dia 22, a reunião do FOMC dará mais informações sobre a visão do comitê de política monetária dos Estados Unidos sobre o ritmo de retomada da economia do país.
Uma das notícias mais aguardadas é sobre quando se dará início a retirada de estímulos monetários que colocou trilhões de dólares em circulação desde o ano passado.
“O panorama desenhado neste momento sugere que o tapering terá início em dezembro deste ano, com o anúncio ocorrendo na reunião de novembro”, diz o relatório.
O principal motivo do adiamento pelo Fed é o mercado de trabalho americano, que ainda entrega números baixos de criação de empregos formais.
“A reunião de setembro pode confirmar que ainda é cedo para reduzir o suporte à liquidez, elemento favorável para a composição do fluxo financeiro para os países emergentes”.
Ou seja, é um ponto positivo para o real e negativo para a valorização do dólar, aqui no Brasil e no cenário internacional.
Copom pode alavancar o real e rebaixar o dólar
O cenário hídrico adverso e a inflação persistente são realidades no Brasil nos últimos meses. Diante disso, a equipe de macroeconomia do BTG Pactual digital indica que “os economistas esperam que o comitê de política monetária do BC faça um comunicado mais firme no encontro deste mês, em busca de acomodar as expectativas para a inflação de 2022”.
Caso essa expectativa se confirme, o fluxo financeiro de dólar para o Brasil pode aumentar, favorecendo a taxa de câmbio – consequência comum para momentos em que a taxa de juros básica do País se apresenta mais alta.
Outros fatores são destacados como relevantes neste mês de setembro, porém com consequências mais duradouras.
- Reforma Tributária no Senado
- Reforma Administrativa na Câmara,
- Despesas com precatórios, e
- Reformulação do Bolsa Família.
“A restrição temporal imposta pela eleição do próximo ano nos indica que, caso esses temas não avancem em setembro, poucas mudanças relevantes serão feitas até que a composição do novo governo seja definida”, diz relatório.
Cabo de guerra do câmbio
Por um lado, a postura do Copom de elevar a Selic impulsiona a entrada de dólares no Brasil pelo canal financeiro e faz o valor da moeda cair frente ao real.
Entretanto, eventos domésticos pesam na depreciação da moeda brasileira e eles estão relacionados principalmente aos fatores políticos.
“Entendemos que os riscos políticos podem ser dissipados nos próximos meses, colaborando para a apreciação do real, com a cotação de R$ 5,00/US$”, observa o relatório do banco.
De onde vem o dólar
Mas existem pontos que ajudam a manter o dólar em patamares menores, como o fluxo cambial em alta e o grande número de IPOs (ofertas iniciais de ações) no ano.
O Brasil acumula fluxo cambial de US$ 20 bilhões entre janeiro e agosto deste ano, resultado muito superior ao observado no ano passado. “Isso é explicado pela recuperação da economia brasileira e pelo atrativo desconto dos ativos internos, tendo em vista os movimentos recentes no mercado de capitais doméstico”, destacam os analistas.
Além disso, o grande número de IPOs neste ano segue colaborando com a expectativa de entrada de dólares no segundo semestre.
Outra possibilidade de entrada da moeda norte-americana no Brasil é por meio dos exportadores. O superávit comercial totalizou US$ 7,7 bilhões em agosto, montante muito acima do mesmo mês de 2020 (de US$ 5,8 bilhões).
O superávit de agosto foi, aliás, o maior da série histórica para o mês. “O cenário positivo para o setor externo nos faz acreditar que, caso a volatilidade do dólar diminua, a apreciação do real pode ocorrer via internalização da receita dos exportadores.”