Risco de racionamento de energia aumenta de 5,5% para 17,2%, na análise da XP

O Brasil vive a pior crise hídrica dos últimos 91 anos. Desde abril, o nível de chuva está abaixo da média e os rios que abastecem os reservatórios das hidrelétricas estão cada vez mais secos. De acordo com a XP, em agosto, o cenário hidrológico brasileiro piorou significativamente, a ponto do risco de racionamento mais que dobrar.

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“A piora em relação às nossas expectativas anteriores pode ser explicada por uma ENA (quantidade de água que chega às hidrelétricas, em unidade de energia) significativamente menor. Como resultado, atualizamos nossas estimativas e vemos a probabilidade de racionamento nos próximos 12 meses aumentar para 17,2% de 5,5%.”

Em relatório, a XP destaca que o ENA ficou 27% abaixo das previsões dos analistas. Já a geração hídrica e térmica, 8% abaixo. Com isso, o nível de reservatório consolidado do País terminou agosto 2,2 p.p. menor do que o esperado pela corretora.

Parte da geração de energia foi compensada por fontes renováveis, como a geração solar e eólica, que foram 61% e 13% acima das expectativas da XP, respectivamente. Mas isso não sana a demanda a ponto de fazer o risco de racionamento diminuir.

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Os analistas avaliam que os apagões também são possíveis. A geração hídrica mais baixa no Sudeste exige trazer mais energia das regiões Norte e Nordeste, o que coloca mais pressão no sistema de transmissão. “Isso significa que o sistema ficará mais vulnerável a distúrbios como queimadas, tempestades e falhas humanas”, aponta o relatório.

Risco de racionamento aumenta
Fonte: XP Investimentos

“Em nosso cenário base, ainda não vemos necessidade de racionamento de energia nos próximos doze meses. Mas, a previsão do nível consolidado dos reservatórios ficou menor e a utilização de capacidade maior”, informa a XP.

E conclui que o risco agora é que o ENA diminua muito, abaixo de 63% da média de longo prazo, e o risco de que isso aconteça agora é de 17,2%, sendo que em 04 de agosto estava em 5,5%.

Medidas do governo para evitar o racionamento

Para evitar cenários mais adversos, o Ministério de Minas e Energia (MME) publicou algumas medidas preventivas no setor de energia:

  • os consumidores do mercado livre podem vender seus contratos de energia para o mercado cativo via redução do consumo;
  • contratação de usinas ociosas;
  • importação de energia de países vizinhos – Argentina e Uruguai;
  • postergação de paradas de manutenção em usinas; e
  • incentivos financeiros para redução da demanda no mercado regulado.

“Caso essas medidas sejam efetivas e se economize até 2,5 GWmed, nossa probabilidade de racionamento de energia cai para 11%”, indicam os analistas em relatório.

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Já no consumo doméstico, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) definiu uma nova bandeira tarifária para a cobrança do consumo de eletricidade, entitulada “bandeira escassez hídrica“. A nova bandeira custará R$ 14,20 a cada 100 kWh (quilowatt-hora) e começou a vigorar na quarta-feira (1°) até abril de 2022.

As bandeiras — verde, amarela e vermelha— que constam na conta de luz servem para indicar a necessidade de se reduzir o consumo de energia.

Além disso, o MME divulgou o programa de incentivo à redução de consumo. A bonificação ao consumidor é de R$ 50 na economia de 100kwh pelo período de setembro a dezembro de 2021 (passível de extensão). Com o adendo de que o desconto total é limitado a 20% da conta.

“O impacto dessas medidas é difícil de avaliar, pois é voluntário ou depende da disponibilidade de energia de outros países.” Para a XP, os apagões podem acontecer, mas racionamento ainda é improvável.

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Monique Lima

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