Dólar fecha em queda de 1,17%, puxado por discurso de Powell

O dólar encerrou as negociações desta sexta-feira (27) em queda de 1,17%, frente ao real, valendo R$ 5,196 na venda.

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Seguiu no radar do dólar hoje o discurso de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos), durante o simpósio de Jackson Hole, uma reunião anual que reúne economistas, empresários e os presidentes dos principais bancos centrais do mundo.

No encontro Powell destacou a avaliação de que o Fed pode começar a reduzir o programa de compra de títulos do Tesouro no valor de US$ 120 bilhões mensais no fim do ano. Contudo, condicionou fortemente a redução dos estímulos aos dados econômicos.

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Os investidores também seguiram de olho na fala do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que reforçou o compromisso com a responsabilidade fiscal.

Movimentação do dólar

O dólar americano abriu a sessão de hoje próximo da estabilidade, enquanto aguardava o discurso de Powell no simpósio anual de Jackson Hole.

Além disso, o presidente Jair Bolsonaro admitiu hoje mais cedo que a economia brasileira “deu uma balançada”, mas garantiu que isso já está sendo “consertado”. Sobre inflação, disse: “Não quero inflação alta, mas tem coisa que não depende da gente”. Por fim, voltou a pedir à população que economize energia elétrica.

Já no decorrer da sessão, o dólar passou a cair com o mercado repercutindo o discurso de Powell, e a fala de Lira durante evento da Febraban.

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O presidente da Câmara tentou minimizar as divergências com o Senado em relação à reforma do imposto de renda e disse não acreditar que a Casa comandada por Rodrigo Pacheco (DEM-MG) ficará de fora do debate defendido por ele. “Eu e o presidente Pacheco temos uma excelente relação. Fomos companheiros deputados eu fui o presidente da CCJ quando ele chegou na Câmara. Tivemos o melhor relacionamento e ainda temos. Eu penso que as Casas têm que conversar e elas conversam. Essas versões não ajudam ao País. Essas especulações não promovem nenhum tipo de benefício”, disse, sobre a ideia de que o Senado não avançará com a reforma, caso o texto seja aprovado pela Câmara.

Lira, no entanto, admitiu as posições divergentes sobre o tema. “As Casas têm posições independentes. O presidente Pacheco defende, talvez como alguns deputados defendam, a tributação menor de dividendos. O problema são as contas.”

E completou: “A gente só pede e espera que essa articulação seja imbuída sempre do que é melhor para o País”, afirmou Lira. “Eu não acredito que o Senado fique sem participar da votação de um tema importante como esse processo.”

Notícias que movimentaram o dólar

Veja algumas notícias que movimentaram o dólar durante a sessão de hoje:

  • Ritmo de recuperação no mercado de trabalho supera expectativas, diz Powell
  • Campos Neto: ‘Cadê a grande deterioração fiscal? Números não mostram isso’
  • Requisitos para alta de juros são mais rigorosos do que para tapering, diz Powell

Recuperação no mercado de trabalho

Jerome Powell, avaliou nesta sexta-feira, durante discurso no Simpósio de Jackson Hole, que o ritmo da recuperação no mercado de trabalho dos Estados Unidos “superou as expectativas”. Segundo o presidente do Fed, a criação de empregos agora é mais acelerada do que antes da pandemia da covid-19.

Ao mesmo tempo, ele admitiu que “ainda temos um longo caminho a seguir até alcançar o pleno emprego“. Nesse contexto, Powell argumentou que as medidas de apoio adotadas alimentaram uma recuperação “vigorosa, mas desigual”.

Em outro momento de sua fala, ele considerou que a recuperação “tem sido difícil”. Em um quadro ainda de “fraqueza” no emprego, um aperto monetário prematuro poderia ser prejudicial, disse.

Campos Neto: ‘Cadê a grande deterioração fiscal? Números não mostram isso’

Em um discurso mais alinhado com o governo, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, argumentou que os números atuais não mostram a deterioração do cenário fiscal, repetindo que há diferença entre percepção com ruídos e realidade. “Cadê a grande deterioração fiscal? Números não mostram isso”, disse ele, em seminário da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e da Esfera, em que também está presente o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Campos Neto citou a evolução das projeções no Boletim Focus e disse que as estimativas para a dívida bruta estão melhorando desde novembro de 2020 e que, neste momento, as projeções são bastante parecidas com o cenário anterior à pandemia de covid-19.

Para 2021, a projeção é de 81,5%, contra 81% da estimativa do governo antes da pandemia. Para o resultado primário, a projeção antes da pandemia era de déficit de 1,0% em 2021 e zero em 2022, “agora é de 1,70% e 0,30%, 0,40%”, disse Campos Neto.

Requisitos para alta de juros são mais rigorosos do que para tapering, diz Powell

O presidente do Federal Reserve ressaltou que os requisitos para uma elevação de juros nos Estados Unidos “são mais rigorosos” do que aqueles para o início da gradual redução nas compras de bônus (“tapering“). Durante o aguardado discurso no Simpósio de Jackson Hole, ele também disse que o ritmo do “tapering” é algo dissociado da decisão sobre alta de juros.

“O momento e o ritmo da redução por vir nas compras de ativos não pretendem dar um sinal direto em relação ao momento da elevação da taxa de juros, para a qual temos um teste diferente e substancialmente mais rigoroso”, afirmou Powell. “Nós temos dito que manteremos o nível atual das juros até que a economia atinja condições consistentes com o máximo emprego, e a inflação tenha atingido 2% e estiver no caminho para superar moderadamente 2% por algum tempo”, detalhou.

E acrescentou: “Nós temos muito caminho pela frente até atingir o máximo emprego, e o tempo dirá se atingimos a inflação em 2% em uma base sustentável.”

Última cotação do dólar

No último pregão, quinta-feira (26), o dólar encerrou em alta de 0,87%, negociado a R$ 5,25.

Com informações do Estadão Conteúdo

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Laura Moutinho

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