Dólar sobe 0,87% em dia de falas de dirigentes sobre mudanças de rumo do Fed
O dólar encerrou as negociações desta quinta-feira (26) em alta de 0,87%, frente ao real, valendo R$ 5,257 na venda.
O dólar hoje acompanhou a tendência de mercados no exterior, com investidores observando a política monetária dos EUA.
Estava no radar dos investidores a fala da presidente da distrital do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) em Kansas City, Esther George, que afirmou que a autoridade monetária poderá começar a reduzir suas compras de ativos financeiros – num processo conhecido como “tapering” – ainda este ano.
Movimentação do dólar
No decorrer da sessão, o dólar continuou subindo, após o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmar que a alta combustíveis é fruto de exterior, pressão política no dólar e crise hídrica, disse um operador.
O presidente Jair Bolsonaro reforçou que a economia brasileira “está se recuperando”, mas ponderou que a retomada “não vai ser tão rápida quanto muitos querem'”.
Bolsonaro também comentou sobre a alta da inflação no País e afirmou que há solução. Contudo, Bolsonaro destacou que “não consigo resolver sozinho, isso passa pelos governadores.”
Ontem o mercado conheceu a alta de 0,89% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) em agosto. A taxa é superior ao 0,72% de julho deste ano e ao 0,23% de agosto do ano passado. Esta é a maior variação para um mês de agosto desde 2002 (1%).
Além disso, Guedes disse que a economia brasileira está “vindo com toda a força” após a crise causada pela pandemia da covid-19, mas admitiu que “há, sim, nuvens no horizonte”. “Temos a crise hídrica forte pela frente, mas a economia brasileira está furando as ondas”, disse.
Notícias que movimentaram o dólar
Veja algumas notícias que movimentaram o dólar durante a sessão de hoje:
- BC autônomo ajuda inflação transitória a não se tornar permanente, diz Guedes
- Dirigente diz que Fed deve ter condições em setembro de anunciar tapering
- Bolsas da Europa caem, com dado na Alemanha, ata do BCE e cautela com Fed
Autonomia do Banco Central
O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta quinta-feira que um Banco Central autônomo é um fator que ajuda a evitar que uma alta de preços transitória se transforme em permanente.
O Congresso aprovou a autonomia da autoridade monetária, mas o caso foi parar no Supremo Tribunal Federal (STF), que iniciou o julgamento na quarta-feira e hoje confirmou a constitucionalidade da lei que aprovou a autonomia da autoridade monetária.
Além disso, o ministro apontou que um dos motivos da alta da inflação é que a oferta foi reprimida durante a pandemia de coronavírus e que, com as medidas de distanciamento, muitas pessoas foram para casa, mas continuaram a comer, a consumir.
Ao prever que a economia doméstica mostrará força, ponderou que existem desafios no meio do caminho, como a própria alta dos preços. Garantiu, porém, que o BC já está combatendo a inflação.
Tapering
O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Dallas, Robert Kaplan, afirmou nesta quinta-feira que sua perspectiva para a economia dos Estados Unidos não mudou até o momento.
Durante entrevista à CNBC, ele defendeu que até setembro o Fed estará em condições de anunciar o início da gradual redução nas compras de bônus (“tapering“). Segundo o dirigente, esse corte poderia começar a ser executado “em outubro ou pouco depois disso”.
Sem direito a voto nas decisões de política monetária neste ano, Kaplan argumentou que a atividade econômica tem resistido a novos surtos da covid-19 nos Estados Unidos, diante da disseminação da variante delta.
Ele disse que as pessoas estão aprendendo a lidar melhor com a situação, além disso notou que as vacinas e o uso de máscaras têm ajudado a controlar o quadro. “Prefiro começar logo o tapering e ser gradual” na redução das compras de bônus, afirmou.
Bolsas europeias
As bolsas europeias fecharam em baixa nesta quinta-feira, refletindo um cenário de cautela nos mercados estrangeiros, que esperam pelo Simpósio de Jackson Hole do Federal Reserve, que acontecerá na sexta-feira. A queda de um indicador que mede a confiança do consumidor na Alemanha e a ata da mais recente reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE) também foram acompanhadas por investidores.
Neste contexto, o índice pan-europeu Stoxx 600 recuou 0,32%, aos 470,34 pontos. Já o FTSE 100, da Bolsa de Londres, teve queda de 0,35%, aos 7.124,98 pontos, seguido pelo parisiense CAC 40, que recuou 0,16%, aos 6.666,03, no melhor desempenho dentre os principais índices acionários do Velho Continente.
No foco, está a cautela do mercado na véspera do Simpósio de Jackson Hole do Fed. Nesta quinta, três dirigentes do BC norte-americano defenderam o início da retirada dos estímulos monetários a partir desde ano.
Cotação do dólar na quarta (25)
Na última sessão, quarta-feira (25), o dólar apresentou queda de 0,97%, negociado a R$ 5,21.
(Com informações do Estadão Conteúdo)