Goldman recomenda venda de papéis da Ambev (ABEV3), com cenário desafiador no futuro
A Ambev (ABEV3) reportou volume maior de vendas em seu balanço do segundo trimestre. Em relatório, o Goldman Sachs diz que o dado representa uma surpresa positiva, mas alerta que “não dá para esperar mais ventos favoráveis no curto prazo” e por esse motivo recomenda a venda dos papéis da cervejaria.
Na análise do Goldman, a pandemia do novo coronavírus manteve a indústria brasileira de cerveja com volumes impressos perto de máximos históricos no segundo trimestre deste ano, apoiado por um maior consumo doméstico e forte demanda.
“Aproveitando os ventos favoráveis desta contribuição positiva do mix, até agora a Ambev foi capaz de compensar parcialmente as pressões de inflação de custos por meio de aumento dos preços, mas, com principais insumos de commodities sustentados em níveis historicamente altos e hedges operacionais, acreditamos que seria difícil para a empresa contrabalançar daqui para frente”, informou o relatório.
A dinâmica dos preços deve ser cada vez mais desafiadora em meio a um amplo cenário macro de desemprego relativamente alto e poder de compra limitado.
O Goldman reconhece as principais iniciativas da Ambev em termos de digitalização e canal diversificação, como ‘Zé Delivery‘ e ‘Bees‘, que podem remodelar a dinâmica e o cenário competitivo do mercado de cerveja, mas no longo prazo. “No curto prazo, acreditamos que esses projetos podem realmente adicionar pressões incrementais para as margens, limitando a capacidade geral da empresa de capturar eficiências operacionais e alavancagem operacional sobre os próximos trimestres”, completou o relatório.
As ações da Ambev acumulam alta de 7% desde o início do ano, contra valorização de 3% do Ibovespa, impulsionadas pela receita, gestão e força de volume geral durante a pandemia, com um forte desempenho dos portfólios de cerveja.
No futuro, no entanto, o Goldman observa que os papéis estão inclinados para o terreno negativo. Portanto, a recomendação é de venda e o preço-alvo é de R$ 13,50.
“No pós-pandemia, esperamos que a Ambev enfrente uma competição cada vez maior e um base de comparação desafiadora em termos de crescimento de volume e mix de produtos dentro do segmento de cerveja brasileira, enquanto a lucratividade da empresa deve sofrer uma pressão sequencialmente maior, pois os hedges operacionais são lançados a preços de commodities relativamente altos”, concluiu o relatório.
Cotação da Ambev
Após a notícia, por volta das 13h, a Ambev tinha queda de 1,44%, negociado a R$ 16,41. O Ibovespa caia a 1,80%, a 118.860 mil pontos.