5G: Visita de conselheiro dos EUA ao Brasil gera reação da China

A disputa acerca do leilão do 5G ganha mais um capítulo com a visita ao Brasil do conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan.

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Após encontro de Sullivan com o presidente Jair Bolsonaro, a embaixada americana afirmou que os Estados Unidos “continuam a ter fortes preocupações sobre o papel potencial da Huawei na infraestrutura de telecomunicações do Brasil, bem como em outros países ao redor do mundo”. A Huawei é uma companhia chinesa que já atua no Brasil e deve participar do leilão do 5G.

Em resposta, a embaixada da China no Brasil divulgou comunicado dizendo que os ataques dos EUA “são mal-intencionados e infundados”.

“Seu verdadeiro objetivo é difamar a China e cercear as empresas chinesas de alta tecnologia com a finalidade de preservar seus interesses egoístas da supremacia americana e o monopólio na ciência e tecnologia. A esse tipo de comportamento que busca publicamente coagir os outros países na construção do 5G e sabotar a parceria sino-brasileira, manifestamos forte insatisfação e veemente objeção”, afirma a nota.

A tecnologia 5G promete velocidades até 20 vezes superiores ao 4G e permite um consumo maior de vídeos, jogos e ambientes em realidade virtual. O leilão do 5G está previsto para este ano, depois da autorização do Tribunal de Contas da União (TCU).

A Huawei tem sido o principal alvo da diplomacia norte-americana, que defende o banimento mundial da companhia sob a alegação de que ela atua como um braço de espionagem do partido comunista chinês.

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Essa visão encontra respaldo na ala ideológica do governo brasileiro. A Huawei, no entanto, nega as acusações, diz que atua há mais de vinte anos no Brasil e reafirma que nunca registrou qualquer problema de violação de dados nos países em que atua.

Comitiva liderada por ministro se reuniu com empresas do EUA para discutir 5G

Em junho, uma comitiva liderada pelo ministro das Comunicações, Fábio Faria, e composta também por ministros do TCU e pelos senadores Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) e Ciro Nogueira (PP-PI), agora ministro da Casa Civil, esteve em Washington.

Eles visitaram empresas, como Motorola, IBM e Nokia, e se reuniram com integrantes do governo americano, incluindo membros do Conselho de Segurança Nacional, Departamento de Estado e Departamento de Segurança Interna.

A posição dos Estados Unidos a respeito do 5G é um dos poucos pontos em que a política da Casa Branca não foi alterada na mudança de governo de Donald Trump para Joe Biden.

Os americanos continuam a pressionar o Brasil para que não permita mais a participação da chinesa Huawei no mercado nacional, embora ela esteja presente no País há 23 anos. A justificativa dos americanos é de que a participação da chinesa representa riscos à segurança nacional.

Diante da pressão da bancada ruralista, que tem na China seu principal parceiro comercial, o Brasil optou por não vetar a companhia – o que exigiria um decreto presidencial e teria um elevado custo político e uma provável disputa judicial.

Decidiu, no entanto, criar uma alternativa: impor às teles que participarem do leilão do 5G a construção de uma rede privativa de uso exclusivo do governo, com requisitos que não mencionam a Huawei, mas, na prática, dificultam a escolha de seus equipamentos. A adoção dessa saída, porém, não tem sido vista como uma medida suficiente pelos americanos.

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China sai em defesa da Huawei

Enquanto a embaixada dos EUA no Brasil foi sucinta ao tratar do tema 5G em seu comunicado, a representação chinesa no País fez uma longa defesa da Huawei, citando a criação de 16 mil postos de trabalho pela empresa no Brasil, e rebateu as acusações de espionagem afirmando que os americanos “são reconhecidamente o maior `império de hackers’ do mundo e constituem uma verdadeira ameaça à segurança cibernética global”.

“Durante muito tempo, agências de inteligência dos Estados Unidos conduziram, em grande escala e de forma organizada e indiscriminada, atividades de vigilância e espionagem cibernéticas contra governos, até mesmo dos seus aliados, empresas e indivíduos estrangeiros, com graves violações da privacidade e da segurança de terceiros”, disse a embaixada da China.

“Sem nenhuma base factual, os EUA abusam do seu poder de Estado para difamar, por qualquer meio, as empresas chinesas de alta tecnologia”, seguiu.

A representação chinesa afirmou ainda acreditar que o Brasil fornecerá “regras de mercado em sintonia com os parâmetros de transparência, imparcialidade e não discriminação” para as empresas no leilão do 5G.

Com informações do Estadão Conteúdo

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Eduardo Vargas

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