Retomada desigual e dívida de emergentes podem causar instabilidade global, diz FMI

Diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva chamou atenção para “perigosas distorções” provocadas pela recuperação desigual da pandemia de covid-19 entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos, que têm potencial para provocar instabilidade econômica e financeira global, durante evento do Fórum da Paz de Paris nesta segunda-feira (5).

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De acordo com ela, um cenário em que as nações mais ricas saem da crise sanitária com recuperação sem precedentes e amplo espaço fiscal e monetário, enquanto o mundo emergente segue pressionado pela pandemia e com alto níveis de dívida, ameaça a “coerência do crescimento” e a estabilidade e segurança global. Georgieva alertou para a eventual dificuldade para o serviço da dívida em dólar de países mais pobres, uma vez que o Federal Reserve (Fed) eleve as taxas de juros nos Estados Unidos.

A diretora do FMI credita a recuperação desigual à lenta vacinação contra a covid-19 em nações subdesenvolvidas. Diretora-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Ngozi Okonjo-Iweala, que também participou do evento, afirmou que apenas 0,2% das 1,1 bilhão de doses de imunizantes administradas em junho em todo o mundo foram em países de baixa renda.

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“Precisamos que o Grupo dos 20 (G-20) doe mais 2 ou 3 bilhões de doses à iniciativa Covax”, disse Ngozi, acrescentando que a ferramenta, da Organização Mundial da Saúde (OMS), é mais apropriada para garantir a distribuição equitativa dos produtos em comparação à acordos bilaterais.

Segundo ela, para atingir o objetivo de vacinar pelo menos 40% da população mundial até o fim de 2021, será necessário também aumentar a produção dos imunizantes. Para isso, Ngozi defendeu que as cadeias de suprimento das matérias-primas das vacinas sejam movidas para regiões com concentração de nações de baixa renda. Ela argumentou também pela retirada de medidas de restrição ao comércio internacional.

Países ricos fornecem 28% do PIB em apoio na covid, diz FMI

Ontem, Georgieva afirmou que países ricos proverão o equivalente a 28% do PIB em fiscal monetário para lidar com os efeitos da pandemia da covid-19, enquanto países pobres darão apoio equivalente a 2% de seus PIBs, já menores.

“Se você está em um país com forte capacidade de apoiar seus negócios e pessoas, você é mais suscetível a passar por ela (pela pandemia)”, disse.

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Destacou a importância de se saber “como cobrar impostos” e também usar esse dinheiro para garantir sociedades mais igualitárias.

Ela comentou que, mesmo antes da pandemia, a desigualdade já estava em aumento no mundo, processo exacerbado com a crise de saúde.

Georgieva lembrou do peso desigual dos impactos da pandemia em alguns grupos, como os mais pobres, inclusive as nações menos favorecidas, e também as mulheres.

A diretora-gerente do FMI ressaltou, nesse contexto, que a inclusão é “um imperativo moral”, mas também “um imperativo econômico”.

(Com Estadão Conteúdo)

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Rafaela La Regina

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