Vale (VALE3) pode antecipar dividendos com reforma tributária, diz BTG
Enquanto alguns lamentam os possíveis impactos negativos da reforma tributária, a Vale (VALE3) pode fazer a alegria dos investidores ao antecipar a distribuição de dividendos. Essa é a visão do BTG Pactual (BPAC11), em relatório divulgado na última segunda-feira (28).
O banco de investimento comenta que, obviamente, “impostos mais altos estão sempre sujeitos a algum grau de críticas”, mas o projeto de lei entregue à Câmara dos Deputados na última semana deve ter uma influência limitada no valor patrimonial e lucro por ação (LPA) da Vale.
“Há um incentivo claro para a administração intensificar e antecipar dividendos mais altos no segundo semestre deste ano do que previamente traçado”, diz o BTG, “o que seria um resultado natural para aumentar valor para o acionista”.
A instituição estima que a Vale pode pagar US$ 15 bilhões em dividendos em 2022. Mesmo em um cenário de tributos sobre os proventos entre 15% e 20%, ainda seria um dividend yield (DY) de dois dígitos, uma das melhores oportunidades do Ibovespa.
Mesmo com o cenário ainda positivo para a distribuição dos resultados, um movimento claro é de maior recompra de ações pela companhia, segundo o banco.
Recentemente, a Vale anunciou um programa de recompra de quase 5% do valor de mercado da companhia. “Os livros de finanças nos ensinam a priorizar as recompras, a fim de postergar o pagamento de impostos”, cita o BTG. De uma maneira ou outra, a mineradora procurará gerar valor aos investidores.
O BTG recomenda compra das ADRs da Vale, com o preço-alvo de US$ 30. Atualmente, os papéis são negociados a US$ 22,43 na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE). O upside é de 33%.
Minério de ferro pode compensar tributação na Vale
Nas estimativas do BTG, o impacto da reforma tributária na capitalização de mercado da Vale seria de aproximadamente US$ 8,5 bilhões. Essa perda pode ser facilmente compensada com um leve aumento de US$ 3 por tonelada nos preços do minério de ferro.
“Isso compensaria totalmente o impacto sobre a avaliação da reforma tributária. Portanto, qualquer pequena mudança na curva do minério de ferro poderia mais do que compensar esses efeitos”, afirma o banco.
Outra possível vantagem que a empresa pode tentar encontrar do cenário de maior tributação, segundo o BTG, é operar com maior meta de alavancagem, “o que se pode perceber como positivo considerada a estrutura de capital da Vale abaixo do ideal”.
O ponto principal é que a atual proposta tributária não deve inviabilizar a tese de investimento na Vale, que ainda pode ser considerada uma das melhores oportunidades no mercado brasileiro, segundo o BTG. O banco enxerga que as ações da mineradora negociam com um “desconto excessivo” com base nas projeções do ano que vem.