Pão de Açúcar (PCAR3): Venda de fatia do Casino é pouco provável no curto prazo, diz XP
Uma possível venda de participação no Grupo Pão de Açúcar (PCAR3) poderia “destravar valor” para os acionistas do Pão de Açúcar, mas esta operação tem baixa probabilidade de concretização no curto prazo, segundo avaliação da XP. Por isso, a corretora decidiu manter recomendação neutra para o papel.
Nos últimos dias, surgiram notícias de que o Grupo francês Casino, controlador do Grupo Pão de Açúcar (PCAR3), contratou o banco BR Partners para estruturar a venda da sua fatia de 41% no GPA. Um dos interessados seria Michael Klein, filho do fundador das Casas Bahia e atual acionista da Via (VVAR3).
Segundo a XP, a estrutura sendo desenhada pelo Casino aparentemente é:
- Primeiro se desfazer da Cnova, segunda maior marketplace da França.
- Depois vender o Grupo Éxito, operação do GPA na Colômbia, Uruguai e Argentina.
- Somente depois realizar a venda do GPA (com apenas a operação de hiper e supermercados).
Além disso, a XP acredita que o fato do grupo Casino estar aberto a vender todas suas operações do GPA sinaliza desafios na operação.
Os analistas da casa preferem exposição ao segmento do atacarejo (com Assaí como preferência) devido à combinação de uma melhor tendência de resultados de curto prazo e sólida perspectiva de crescimento.
Ações enfrentam volatilidade
Com as notícias recentes acerca do desinvestimento à vista, a volatilidade das ações da empresa devem crescer nas próximas semanas. Os papéis fecharam o pregão desta segunda (21) em alta de 10,02% após a divulgação da notícia, cotadas a R$ 40,38 e liderando as maiores valorizações do Ibovespa no intradia.
Vale ressaltar que o valor de mercado da companhia é de cerca de R$ 4 bilhões, representando um valor que mais do que dobrou no acumulado de doze meses.
Com a venda de uma fatia destes R$ 4 bilhões por parte do Casino e uma mudança de controle na companhia, todos os acionistas minoritários passam a ter direito de vender suas ações pelo mesmo preço atribuído às ações detidas pelo controlador. Isso, em decorrência de uma das exigências do Novo mercado, conhecida como tag along.
Ao mesmo tempo, o Casino deve manter sua posição em Assaí (ASAI3), que possui um valor de mercado de R$ 22,8 bilhões.
Os analistas da XP fizeram uma estimativa sobre o valor da marca Pão de Açúcar, e chegaram a um preço de R$ 2,5 bilhões, considerando margem Ebtida de 10% e desconto de 15% para os pares do setor.
XP vê desafios na venda de Cnova no curto prazo
A já citada venda da Cnova deve enfrentar obstáculos no curto prazo, considerando o aumento de capital feito pela companhia em abril. A operação se deu por meio das empresas GreenYellow e da Cdiscount, sendo a segunda a subsidiária direta da Cnova, na qual o GPA detém 34,17% do capital social.
“Nós vemos desafios para que sua venda [Cnova] seja concretizada no curto prazo dado que a companhia tem enfrentado um cenário competitivo mais duro, liderado pela Amazon, o que tem prejudicado seu perspectiva de crescimento (receita estável em 2020). Além disso, o fato relevante com mais informações sobre seu aumento de capital indica um foco em levantar €300 milhões (oferta primária) com uma venda secundária, que envolveria a participação de 34% do GPA, colocada como possível e dependente das condições de mercado”, ressalta a XP.
Na compra de Pão de Açúcar, Diniz e Klein são rivais
Michael Klein, com sua possível nova posição em GPA, deve enfrentar resistência do seu rival e ex-sócio, Abílio Diniz, que se retirou da companhia em 2013, ainda que a mesma tenha sido fundada por sua família.
A sua saída do Pão de Açúcar, em grande parte, foi motivada justamente pelo conflito público com o grupo francês Casino e o seu controlador, o empresário Jean-Charles Naouri. A informação de que seu rival, Klein, compraria parte do GPA foi dada pelo colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo.