Azul (AZUL4) deve comprar a Latam em até 90 dias, aponta relatório
Uma proposta da Azul (AZUL4) para adquirir a operação brasileira da concorrente da Latam pode ser feita em até 90 dias, segundo avaliação feita pelo Bradesco BBI.
Após a divulgação da notícia, os papéis da Azul fecharam o pregão de segunda-feira (7) com alta de 5,52% no intradia. Segundo os analistas Victor Mizusaki e Pedro Fontanta, uma fusão entre as duas empresas é “muito provável”.
A Azul vem tentando negociar a aquisição da concorrente desde o começo da pandemia e, neste ano, adotou uma estratégia mais agressiva.
No fim de maio, a empresa publicou uma nota em que afirmou acreditar que “um movimento de consolidação é uma tendência do setor no pós-pandemia” e que “está em uma posição forte para conduzir um processo nesse sentido”, sinalizando estar interessada em comprar a Latam no Brasil.
Como a Latam está em recuperação judicial nos Estados Unidos, os credores da empresa podem solicitar que a proposta de venda da operação brasileira da companhia seja incorporada ao plano de reestruturação. O cronograma prevê que esse plano seja apresentado até o fim deste mês e votado até 23 de agosto.
A Latam vem se posicionando contra a venda de sua operação brasileira, com o presidente da empresa no País, Jerome Cadier, negando qualquer negociação. A Azul, porém, pode articular a compra diretamente com os credores da concorrente.
Oaktree, de Howard Marks, detém ações da Azul
No relatório, o Bradesco BBI destacou que dois grandes credores da Latam podem ter interesse na venda, dado que eles também detêm participação na Azul e teriam um bom retorno se o negócio saísse.
O Oaktree Capital Management (empresa americana especializada em investimento de risco), é acionista da Azul, e o Knighthead Capital (também americano) detém títulos convertíveis.
Apostando na fusão das companhias, o Bradesco BBI elevou a recomendação das ações da Azul e da Latam. Os papéis da Azul passaram a ser considerados com uma performance superior à da média do mercado e os da Latam com uma neutra (antes, estavam abaixo da média).
O banco afirmou ainda que as ações da Azul devem chegar a R$ 75 no ano que vem – uma alta de 59% na comparação com o preço atual – e os da Latam a US$ 3 (alta de 4,9%).
Operação internacional pode ficar de fora para driblar o Cade
Ainda segundo o documento do Bradesco BBI, para evitar que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) barre o negócio, a Azul pode não incluir a operação internacional da Latam no acordo e abrir mão de alguns horários de pouso e decolagem (slots, no jargão do setor) nos aeroportos de Congonhas (São Paulo) e Santos Dumont (Rio de Janeiro).
Além das negociações para ficar com a Latam Brasil, a Azul está trabalhando para levantar no mercado entre US$ 300 milhões e US$ 400 milhões na próxima quinta-feira (10).
A Azul pretende emitir títulos de dívida no exterior com prazo de cinco anos. O recurso deve ser usado para fortalecer o caixa da empresa, e não tem relação com o projeto de aquisição da concorrente, segundo fontes.
Com informações do Estadão Conteúdo