Fundo Verde: mercado local virou ‘odisseia complexa’, sem indícios de melhora
O Fundo Verde, do gestor Luis Stuhlberger, está com um pé atrás com o Brasil. Em sua carta mensal, a asset disse que “navegar os mercados locais vem sendo uma odisseia extremamente complexa e nada indica que vai melhorar”.
O Fundo Verde fechou abril com uma valorização de 1,2% e agora registra uma alta de 3,14% no ano, contra 0,69% do CDI. No acumulado desde a sua criação, em 1997, a lendária gestora possui um retorno de 19.187,99%, contra 2.239,78% do CDI.
Para Stuhlberger, as pressões fiscais internas não são arrefecidas em função da “liderança presidencial dúbia” sobre o assunto. Além disso, o mercado interno também é pressionado pela ameaça inflacionária, intensificada pelo ciclo das commodities e câmbio fraco.
“O Brasil, em meio a esse pano de fundo, vive uma espécie trágica de dia da marmota”, afirma a gestora. “Isso tudo pouco mais de um ano antes de uma eleição que lembra o mito grego de Cila e Caríbdis”, fazendo alusão à Odisseia de Homero, quando o herói Odisseu tem de passar por um mar com dois aterrorizantes monstros, um de cada lado.
Neste complexo contexto, a casa avalia que o Banco Central (BC) tem sido empurrado pelo mercado para uma política monetária mais dura, ignorando o desafio de financiar a dívida pública nas taxas de juros que a curva futura indica.
Reabertura trouxe frutos ao Fundo Verde
Embora os gestores estejam cautelosos com o País, o multimercado da casa foi impulsionado no mês passado com o investimento em ações, tanto no Brasil como no exterior, além da posição de juros local e na Europa. As perdas foram limitadas e vieram de uma posição comprada em dólar contra o real, alem da exposição à taxa de juros norte-americana.
No Hemisfério Norte, a tônica dos últimos meses vem se repetindo, segundo a gestora. “O avanço da vacinação nos países desenvolvidos, especialmente Estados Unidos e Europa, combinado com políticas fiscais e monetárias estimulativas, tem levado os mercados acionários a se apreciarem”, diz a carta divulgada na última segunda-feira (10).
O Fundo Verde, entretanto, espera que após o pico das reaberturas nos maiores mercados, deve acontecer um certo arrefecimento, “mas em linhas gerais as taxas de juros longas dos mercados desenvolvidos devem continuar sob pressão por mais tempo”. O preço das ações já reflete um certo otimismo, o que fez com que a casa diminuísse a exposição a alguns papéis.