Duas cidades de Minas Gerais são evacuadas por risco em barragens

As cidades Barão de CocaisItatiaiuçu do estado de Minas Gerais foram parcialmente evacuadas nesta sexta-feira (8). A evacuação se deve ao risco de rompimento de barragens da mineradora Vale (VALE3). Ao todo, 700 pessoas foram desalojadas, segundo a “Folha de S. Paulo”.

A consultora Walm, negou a Declaração de Condição de Estabilidade às barragens.

Assim, a Agência Nacional de Mineração (ANM) impôs a implantação do Plano de Ação de Emergência de Barragens de Mineração (PAEBM). A evacuação é uma medida preventiva do plano.

De acordo com a Vale, as inspeções no local foram intensificadas. Consultores internacionais farão nova avaliação no domingo (10). ​​​

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Barão dos Cocais

A Vale iniciou uma evacuação de 500 pessoas das comunidades de Socorro, Tabuleiro e Piteiras. As comunidades ficam em Barão de Cocais (a 146 km de Brumadinho).

Em um vídeo postado em rede social, um homem de Santa Bárbara, município vizinho, capturou o momento do alerta de evacuação dos alto-falantes.

“Atenção, atenção: isso é uma emergência. Atenção, atenção: essa é uma situação real de emergência de rompimento de barragem. Abandonem imediatamente suas residências, sigam pela rota de fuga até o ponto de encontro, e permaneçam até que sejam passadas novas instruções”, diz o vídeo. A sirene é tocada em seguida.

A prefeitura do município informou, por meio de nota, que moradores foram evacuados por ônibus da Vale, além de outros veículos, para o ginásio poliesportivo da cidade.

Confira abaixo algumas informações importantes acerca da barragem em Barão dos Cocais. Ressalta-se que o risco para essa barragem é enquadrado como baixo e o dano potencial como alto, similarmente à barragem rompida em Brumadinho.

  • possui 85 metros de altura;
  • volume de 6 milhões m³ de rejeitos, principalmente de minério de ferro;
  • é uma das dez barragens a montante inativas remanescentes da Vale, fazendo parte do plano de aceleração de descomissionamento de barragens a montante.
  • a estrutura suportava a produção da mina de Gongo Soco. A produção de minério de ferro dessa mina foi paralisada pela Vale, em abril de 2016.

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Itatiaiuçu

Em Itatiaiuçu, os cerca de 200 moradores do bairro de Pinheiros foram evacuados durante a madrugada. Com a sirene das viaturas ligadas, os agentes passaram de casa em casa avisando sobre a evacuação, conforme a “Folha de S. Paulo”.

A mineradora ArcelorMittal informou às autoridades sobre a alteração na avaliação de risco da barragem de rejeitos de Serra Azul, a cerca de 5 km do bairro.

Conforme a ArcelorMittal, a avaliação havia sido alterada do nível 1 para o 2. Tal nível exige a retirada imediata da população. O sistema de sirenes da barragem não foi acionado.

Confira abaixo algumas informações importantes acerca da barragem em Itatiaiuçu, que também tem o risco para essa barragem enquadrado como baixo e o dano potencial como alto. De forma semelhante à barragem rompida em Brumadinho.

  • possui 89 metros de altura;
  • volume de 5 milhões m³ também de rejeitos de minérios de ferro;
  • também foi construída sob o método a montante;
  • está desativada desde 2012.

Os moradores se dirigiram para as ruas altas da região, e uma praça às margens da rodovia Fernão Dias.

Ao lado da praça, a população passa por um cadastramento para organizar:

  • quem mora em área de risco está sendo levado a um hotel reservado pela Vale em Itaúna, a cerca de 25 km de distância;
  • quem puder ficar em casa de parentes fora da área de risco.

Quem não mora em área de risco pôde retornar ao lar.

A avaliação de quais famílias residem na área de risco está sendo feita com base no PAEBM da mineradora. No plano de emergência estão indicados os locais que potencialmente seriam atingidos em caso de ruptura da barragem.

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Tragédia de Brumadinho

O rompimento da barragem 1 da mina Córrego do Feijão no município de Brumadinho concentrou as atenções da esfera pública brasileira.

De propriedade da mineradora Vale, a liberação de 13 milhões de metros cúbicos (m³) de lama, consequência do colapso da barragem, afetou a área administrativa e arredores da companhia.

Dentre as vítimas estão moradores e funcionários. Até o momento, foram confirmadas pela Defesa Civil de Minas Gerais:

  • 157 mortes;
  • 182 pessoas desaparecidas.

Há menos de quatro anos atrás, em 5 de novembro de 2015, o Brasil parava para assistir ao desastre de Mariana.

O rompimento da barragem do Fundão, da mineradora Samarco, no município de Mariana, deixou 19 mortos e centenas de desabrigados.  A Samarco é uma joint-venture (empresa conjunta) controlada pela BHP Billiton e pela Vale.

Amanda Gushiken

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